Capitulo 14

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Luccyhan

3 anos se passaram depois de deixar o Rapahel para trás.
Agora estou trabalhando como faxineira em uma empresa, preciso sustentar o meu filho.
Isso mesmo que ouviram de jornalista para faxineira. O William não me tirou só o Rapahel, também se certificou que não teria chances de arranjar um emprego.
Passei por muito durante esses anos, passei fome, sem ter onde dormir, mais não desisti, pois o meu filho ia precisar de mim, de ter no mínimo um lar e eu faria de tudo para que tivesse.

Quando cheguei aqui na Espanha, fui procurar uma antiga amiga minha, fiquei por uns 4 meses em sua casa, ela morava com a mãe e sua mãe estava muito doente, me sentia mal, por não poder ajudar financeiramente, então sempre que ela saísse para trabalhar eu ficava cuidando da mãe dela, nos tornamos grandes amigas e a senhora me dava bastante conselho, ficávamos as tardes vendo filmes e conversando. Às vezes na tv passava coisas sobre o Rapahel, dos problemas que passava, das coisas que enfrentava, dos boatos, das mil cirurgias que fazia, do mal aspecto que aparentava quando era filmado, e da tristeza em seus olhos. Dona Matilde inclusive antes de morrer, ela me fez promete-lá que se chegasse a um ponto em que não tivesse nada, que estivesse precisando e meu filho também, eu iria procurar pelo pai do meu filho, mais não sei se cumprirei. Eu acho que agora já não é medo, mais sim vergonha.

Penso nele todos os dias e mesmo que não quisesse eu tinha uma pessoa que me fazia recorda-lo todos os dias. O meu Rapahel, a coisa mais bela que a vida me deu e que o Rapahel também me deixou.  Ele é loirinho, de olhos azuis e pele bem clarinha feito o pai, tem o mesmo sorriso e é muito calmimho. Na verdade Rapahel é o segundo no e dele, ele se chama David Rapahel, mais eu gosto de chamá-lo pelo nome do pai.

Depois que a mãe da minha amiga morreu, ela foi embora com o namorado para Itália, não queria ter recordações, pois não iria conseguir superar, até o último dia, ela foi uma grande filha para a sua mãe.  Ela me deixou com a casa e me deixou com algum dinheiro para ter ao menos o que comer.
Pois... não foi assim tão fácil, porque elas cuidaram de mim até meu 5 mês de gravidez, depois a senhora Matilde morreu e a Janaina foi embora. Eu não tinha dinheiro e nem mais como pagar contas, não queria ser despejada e preferi alugar a casa, passei tempo em que dormi em um caminhão abandonado, e guardava o dinheiro do aluguel até comprar uma casinha menor, de dois quartinhos, uma sala, um banheiro e uma cozinha, que daria para mim e para o meu filho.

Meus pais estavam aqui na Espanha e as minhas irmãs, mais aí eles perderam tudo e não teriam como me ajudar, até quiseram, mais não dava. Meu pai adoeceu e estava tudo pior, eu disse que daria um jeito e que ficaria tudo bem, o dinheiro que recebia do aluguel foi tudo para o seu tratamento e medicamentos, aos poucos ele está melhorando, sempre que falamos eu minto dizendo que estou bem e que se precisarem para me avisarem.

Já não estou péssima como antes, mais ainda passo dificuldades, às vezes  fico sem dinheiro e contas para  pagar.
Tenho um amigo, que na verdade é o médico que as vezes atende o meu filho, a 3 anos que tenta algo comigo, mais eu não sinto nada por ele, sempre deixei claro que eu amava o Rapahel e que só queria a sua amizade, não tenho vergonha de onde moro, mais não quero ter meio mundo sentindo pena de mim, então nunca a convidei para vir cá em casa e nem nada. Esses meses fui juntando um pouco de dinheiro para colocar o meu filho em uma creche, com o trabalho mal dava para deixar ele sempre com alguém. Não me sentia segura.

Bo dia mamãe- fala me dando um beijo na testa,esse seu jeito me lembra seu pai- mimiu bem?- fala e o ajudo a se sentar na mesa.

Bom dia meu amor- retribui o seu beijo- dormi e você?

Tabem mo amori- dou uma risada, com o jeito que ele fala, o dou de comer e assim que terminamos, o ajudo a escovar os dentes, pego sua mochila e as chaves de casa.

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