Me levanto tão rápido quanto possível, passando a mão ralada de pedrinhas na bermuda.
- Fala brother – rio nervoso – caramba em! Que queda... Baita susto!
Bento cruza os braços.
- Você pode me explicar... Brother – enfatiza a palavra que eu usei – por que vocês caíram da porta?
Minha boca dá uma leve tremida ao abrir e fechá-la, procurando o que falar. Ouço um grilo.
- A chave estava presa na porta.
Eu e Bento olhamos em direção ao chão, de onde vem a voz que quebra o silêncio. Meu Deus! Larguei Alice assim. Estendo as mãos e a ajudo a levantar. A ajudo também a limpar o ralado dos cotovelos.
- Bateu a cabeça? – Pergunto mexendo em seu cabelo, procurando algo. Sinto um dejavu.
- Não. Estou bem. Consegui evitar – ela diz tirando minhas mãos gentilmente.
- A chave Alice? – Bento questiona observando cada gesto nosso.
- É. A chave. Ou a gente abre a fechadura com os dedos?
Oi educação, cadê você? Correu com o tombo? Penso enquanto Bento semicerra os olhos para Alice. Senhor, ela está brava... E como fica linda brava!
- Sei... Vai para dentro – Ele aponta a porta da sala com a cabeça.
Alice faz uma expressão indignada.
- Como é? – Ela até desafina a voz.
- O que foi? Está tarde. Tem mais alguma coisa para fazer aqui? – Ele estende as mãos em volta.
Alice revira os olhos, se aproxima de mim e me abraça. Retribuo, lógico! Mas senti que ela estava tensa.
- Boa noite – digo e ela apenas sorri.
No caminho até a porta ela para e vira-se para nós.
- Bento?
- Uhn?
- Vamos. Você não disse que está tarde?
- Foi o que eu disse... Até mais Cezar – Ele diz tirando a chave, nada presa e esquecida no portão, dando a minha deixa.
- Até! – Dou um sorriso fraco e aceno.
Quando a porta se fecha, comigo do lado de fora, olho para ela novamente e não há como não sorrir. Nunca mais olharei para essa porta da mesma maneira. Meu sorriso se torna uma gargalhada. Olho para o céu escuro. Não acredito no que acabou de acontecer...
Ponho as mãos nos bolsos e caminho pela calçada barulhenta de folhas secas das amendoeiras. Ao me aproximar de casa, vejo o professor Miguel entrando em seu carro e minha mãe acenando do portão.
Graças a Deus não cheguei antes, não estou a fim de ver minha mãe beijando ninguém. Isso me faz pensar em Bento rapidamente. Professor Miguel buzina e acena de seu carro quando passa por mim, com um grande sorriso. Paro em frente a minha mãe. Ambos estamos felizes.
Passo o braço por seus ombros.
- Noite cheia em dona Lídia. - Ela me abraça de lado enquanto entramos.
- Me perdoa não falar com você antes?
- Não sei se falar comigo antes era uma regra, mas perdoo sim.
- Ele é uma boa pessoa, jamais me aproximaria se não fosse.
- Eu sei mãe – entramos na sala – e que se mantenha assim, se não... – Passo o indicador no pescoço e ela ri.
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(No) Directed By Cezar Sartori
General FictionCezar Sartori vivia uma vida tranquila com seus 17 anos, alimentando o sonho de se tornar um grande cineasta no futuro e ver seu nome num grande telão negro "Directed by Cezar Sartori". Com uma mente muito criativa ele cria roteiros a part...