"Açaí, guardiã. Zum de besouro um ímã. Branca é a tez da manhã..." Toca no rádio que minha avó sempre deixa na cozinha, enquanto bebo meu café com leite.
Estamos na semana antes das férias e um tempo atrás, essa informação seria o ponto alto da minha vida e me deixaria animado para começar o dia e termina-lo logo.
Mas vocês bem sabem que não é isso que está deixando meu espírito animado, ao ponto de acompanhar Djavan em voz alta.
- Estou dizendo Giovana, o bebê de Consuelo é de Roberto Matias, não de Joaquim José – Meu avô diz ao entrar na cozinha com minha avó, e minha cantoria acaba.
- Como pode ter certeza Enrico? Falou com o autor? – Ele bufa.
- Não, mas já conheço a mente perspicaz dele depois de tantos anos, aquela fatídica noite de tempestade foi só para nos confundir. Ele não deixaria Consuelo ter um filho com quem não é o amor de sua vida.
- Acidentes acontecem – Minha avó retruca.
- Não com Consuelo e Roberto Matias, eles têm um destino traçado mia vita.
- E se não tiverem um final feliz mio amore?
- Eu acabo com a reputação desse autor, nem que eu vá até o México. Não passei meses assistindo essa novela para o casal terminar separado. Já temos o suficiente disso na vida real.
Minha avó ri e eu continuo acompanhando o diálogo dos dois, os seguindo com os olhos como numa partida de ping pong.
- Você é um romântico incurável Enrico. E vou com você para o México caso o autor te decepcione. Quero experimentar burritos originais e apimentados.
- Você já é uma pimenta Giovana, para que mais?
Não consigo controlar o riso e isso chama a atenção dos dois, que me olham ao mesmo tempo, parecendo só agora notar minha presença.
- Ora. Ora, se não é o pequeno galanteador da família? – minha avó sorri e meu riso acaba. Lá vem.
- Parabéns filho – meu avô diz batendo em meu ombro, sentando-se à mesa em seguida e servindo-se de café.
Obviamente parece que minha mãe soltou a língua mesmo. Só não sei em que hora, já que ontem era muito tarte e hoje ainda é cedo de mais. Minha avó pega o adoçante de meu avô, senta-se também e começa a passar manteiga em torradas.
- O grupo da família bombou – ela diz.
Demoro alguns segundos para assimilar o que ela diz.
- Grupo da família? – Repito baixo.
- Uhum – diz mordiscando uma torrada – Team Sartori – ela acrescenta.
- Como a família tem um grupo e eu não estou no grupo?! – Estou indignado. Por falarem da minha vida no grupo, e por não estar no grupo.
- Desculpe querido, mas é para maiores de 18. Na verdade, maiores de 39. Só o clã. Os sábios. Sua mãe só entrou esse ano. – Ela come mais uma torrada.
Ual.
- E quem mais está nesse grupo?
- Sua tia avó Karen, seus primos e primas de segundo grau Júlio, Nanda, Wagner, Celsinho, Dagmar, tem o tio Amélio... – Ela falou mais alguns nomes de parentes, todos que, agora, sabem de meus sentimentos por Alice.
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(No) Directed By Cezar Sartori
General FictionCezar Sartori vivia uma vida tranquila com seus 17 anos, alimentando o sonho de se tornar um grande cineasta no futuro e ver seu nome num grande telão negro "Directed by Cezar Sartori". Com uma mente muito criativa ele cria roteiros a part...