Capítulo 2 - Harry Potter e a Pedra Filosofal

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Se eu não amasse meu celular eu o jogaria longe neste exato momento. Mesmo que eu coloque músicas incríveis como despertador, nunca acordo bem e só começo a nutrir ódio por músicas que antes eu amava. Vou libertá-las dessa maldição e voltar ao bom e velho dingle simple bel. Está decidido.

As pessoas costumam odiar as segundas feiras, mas eu as amo. É dia da minha aula favorita na escola, Filosofia e dia de pegar ônibus para o curso. Escola para mim é um lugar de passagem, que, aliás, acaba este ano. Não a levo a sério como um tipo de condutor social como alguns fazem. Talvez por isso não me encaixe em grupos específicos. Não sou nerd, apesar de tirar notas boas em sua maioria, também não sou atleta, apesar de fazer exercícios uma vez por semana (fui uma criança asmática, natação fortaleceu meus pulmões).

Eu sou o cara comum. Normal. Que na foto da formatura você não vai lembrar o nome, mas vai dizer "ah, quem era esse mesmo? Ele era bacana... Me emprestou uma caneta uma vez". Algo assim. Não estou reclamando, como bom futuro cineasta, gosto de estar por trás das câmeras.

Encontro Igor no corredor com sua expressão simpática. Ele é do tipo sociável mesmo sem querer. Não sei o que ele está fazendo aqui, poderia ser um jogador da NBA com toda sua altura e habilidade. Além do dinheiro. Ele mora na melhor região da cidade e na maior casa de sua rua. O conheci no primeiro ano enquanto ele arrumava uma desculpa para não participar do time de Basquete da escola. Ele é do tipo que quebra paradigmas e faz o oposto do que você acha que ele vai fazer.

Por exemplo, apesar de parecer o Will Smith, detesta rap. Mas o bom humor é sua marca. Acho que por ser uma pessoa simples, nossa amizade floresceu e logo se aliou a Bento também.

Bento, esse cara que é um irmão pra mim, esse gosta de esportes. É um dos melhores jogadores do nosso time de futebol, o que faz com que as meninas o rodeiem de quinze em quinze minutos. Mas ele só tem olhos para uma. É muito responsável e pé no chão, o admiro muito.

- E aí estranho, qual é dessa cara de stronzo? – Igor me diz com seu aperto personalizado de mão. Maldita hora em que minha avó ensinou a ele como se fala estúpido em italiano.

- É a única que eu tenho Smith – sei que ele detesta esse apelido. Ele ri.

- Vou fazer uma vaquinha pra você fazer uma plástica.

A amizade e os insultos que só ela proporciona...

- Cadê o Capitão América? – pergunto por Bento.

- Não vi, pensei que vinha com você, ele nunca se atrasa né...

- É... Estranho... – o sinal toca e partimos para sala.

Como sempre a aula de Filosofia foi instigante, me senti vivo refletindo sobre um bocado de coisas. O professor da Silva, como costuma ser chamado, passou um trabalho em que temos que fazer três perguntas para três pessoas de diferentes gerações.

1 - Qual a diferença entre ética e moral?

2 - Qual é a moral da sua época?

3 – Em que você é imoral?

Interessante não? Esse cara é de mais...

As outras aulas correram e logo já estava chegando em casa. Depois do almoço mandei mensagem para Bento pelo whatsapp, mas nada dele responder. Estava off-line também em todas as outras redes sociais. Fiquei levemente preocupado, porque meu amigo é do tipo que tira foto do café da manhã.

Já está na hora de ir para o curso, se Bento não me responder até mais tarde, passo na casa dele que é perto da minha na volta.

Já no ponto, debaixo de um sol escaldante, subo para o ônibus e em seguida vejo minha musa subir. Ela está com seus cabelos loiros em um coque e de óculos escuros. Nunca a vi de óculos escuros... Ela se senta na janela como sempre, na segunda poltrona à direita e eu na terceira à esquerda do lado do corredor.

(No) Directed By Cezar SartoriOnde histórias criam vida. Descubra agora