Narrado por Bento
Está tudo um caos... Como eu ODEIO a internet!
Mentira sua linda, eu te amo – digo para o símbolo da rede em meu celular.
Depois de momentos gloriosos conquistando o perdão de Sabrina, glicose alta, hipertensão e uma suspensão, me deparo com a mensagem do técnico dizendo não poder resolver meus problemas agora. Esses caras de T.I. acham que tem todo o poder nas mãos... Malditos... Espera... Ele está digitando.
Uhn...
Me recomendou um amigo para eu não ficar na mão.
É. Talvez não sejam malditos.
- Onde vai? – Alice pergunta quando saio junto com ela para a rua.
- Resolver o problema do site se Deus quiser. Bom balé para você.
- Obrigada. Boa sorte! – Ela fala ao partir para o outro lado da calçada.
"Tomo guaraná, suco de caju, goiabada para sobremesa. Tomo..." Cantarolo mentalmente enquanto me aproximo do endereço indicado. Tenho que procurar por um tal de Sérgio. Chego à uma lojinha de coisas eletrônicas e paro em frente ao balcão.
- Boa tarde. Em que posso ajudar? – Me pergunta uma mulher com uma bandana na cabeça e uma blusa psicodélica que fez meus olhos arderem.
- Estou procurando pelo Sérgio. Sobre um problema no site do bufê...
- Aaaaah sim! Carlinhos falou sobre isso! Um minutinho. – Ela abre uma porta atrás dela e berra – SÉÉÉÉÉRGIOOO O MENINO DO BUFÊ!
- Se eu ficar surdo antes dos 50 a culpa será toda sua – um homem fala ao passar pela porta. Ele parecia estar bem perto.
Dou um sorriso sem dentes para Sérgio que, simpático, me atende. Ele me chama para uma salinha onde ele mostra as configurações e tudo mais do site, tentando achar o problema. Percebo que está cansado. Por vezes pressiona as têmporas quando ajeita seus óculos. Reparo num porta-retratos sobre a mesa, onde a mulher de blusa psicodélica, mais jovem, está beijando a bochecha de Sérgio, que com um pouco mais de cabelo, sorri de leve.
- Bela foto – comento.
- Ah – Sérgio olha o porta-retratos com um sorriso – é sim. Obrigado.
Enquanto ele consertava os bugs do site, contava sobre sua juventude e a história da foto. Ele disse que foi um dia terrível, haviam roubado sua moto, perdido o emprego, mas a mulher de blusa psicodélica, que descobri se chamar Marina, prometeu que o faria sorrir no fim do dia.
Poético não?
- Ela me levou para assistir Steamboat Bill Jr, você não deve conhecer, é do Buster Keaton...
- Ah, eu conheço sim – digo me achando – ele era o grande rival de Charles Chaplin não é?
Sérgio parece se surpreender com meu conhecimento. Na verdade, não há conhecimento nenhum, mas eu me lembrava exatamente do nome desse sujeito, porque Cezar encheu meus ouvidos uma vez, enquanto falava sobre seu cineasta favorito e seus contemporâneos.
- Pai a encomenda chegou e o cara só aceita sua assinatura... – Uma voz fala da porta.
Eu e Sérgio viramos para trás em nossas cadeiras de rodinhas.
- Bento?
- Sabrina?
- Se conhecem?
- Estudamos na mesma escola – digo sem olhar para Sérgio – Tudo bem Sabrina?
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(No) Directed By Cezar Sartori
General FictionCezar Sartori vivia uma vida tranquila com seus 17 anos, alimentando o sonho de se tornar um grande cineasta no futuro e ver seu nome num grande telão negro "Directed by Cezar Sartori". Com uma mente muito criativa ele cria roteiros a part...