Respirei fundo antes de apertar a campainha. E olhem só. Sobrevivi à conversa com meu sogro. Agora é oficial. Me controlei muito para não parecer que sofria de mal de Parkinson segurando aquele buquê (ideia do meu avô - curti), ou quando apertei a mão do Paulo. Seu Paulo. Tio Paulo. Senhor Paulo. Não sei como chamar. Enfim. Como foi bom rever Alice, tê-la ao meu lado...
Tive que soltar a mão da minha namorada antes de entrar na festa, ela ainda quer manter segredo, eu quero gritar aos quatro ventos. Mas tudo bem, hoje é dia de missão. Uma missão que começou meses atrás.
Não notei nada de incomum na festa de Natasha até agora. A família é simpática, a comida está boa. Fiquei feliz de Natasha ter gostado do presente, deu trabalho pra escolher. A aniversariante está bonita e radiante. É bom vê-la assim tão bem, mas acalmem-se, não a olho com olhos cobiçosos.
O motivo da minha "cobiça" está sentada a minha frente enfiando doces na boca. Está com um vestido azul escuro e salto alto. E essas panturrilhas? Cara... Estou fascinado com panturrilhas...
- Cezar, vamos dar uma volta pela festa - Alice diz.
- Ahan. Vamos - circulamos pelo espaço, beliscando comidas e bebidas pelo caminho.
Reparo no padrasto de Natasha dando altas goladas numa cerveja. Espero que não dê vexame. Alice vai ao banheiro se rebolando toda, apertada, orientada pela prima de Natasha. Segurei o riso porque não quero morrer.
Minutos depois recebo uma mensagem.
Alice: S.O.S Venha ao banheiro AGORA!
Meu Deus o que aconteceu?
#medoseumdiaeuouvirEleresponder
Corro para dentro da casa pelo caminho que vi Alice seguir. Vejo um corredor a meia luz e Alice com a cabeça para fora de uma porta entreaberta. Pergunto um pouco desesperado o que aconteceu, ela faz sinal de silêncio e me puxa para dentro do banheiro com força.
Bailarinas deveriam ser mais delicadas não é mesmo?
- Nós vamos fazer uma coisa... E pode ser divertido - ela diz.
Seu olhar está preocupado, mas cheio de adrenalina e certa determinação. Eu entendi direito? Ela que se divertir comigo no banheiro?! Não sabia que isso era possível, mas vi meu reflexo no espelho atrás dela, e eu estava vermelho.
- Co... Co... Como assim? - Gaguejo e sinto minha pressão subir. Droga! Minha família é hipertensa.
- Vou te contar o que ouvi...
Alice começa a relatar tudo o que aconteceu após ter se aliviado dos refrigerantes. E eu fico completamente chocado. Parece roteiro de filme de suspense dramático. Se esse cara quer vender terrenos que pertencem as enteadas e fala da família dessa maneira, ele é um grande mal caráter.
- Entendeu?
- Entendi - passo a mão no cabelo pensativo.
- Entendeu mesmo? - Ela insiste.
- Claro, por que?
- Porque você estava com uma cara estranha, rosto vermelho... Poxa bagunçou o cabelo - Ela faz menção de tocar nele, mas desiste.
- Ah... Eu, sei lá... Não imaginei que fosse isso né!
- Imaginou que fosse o que?
É possível ouvir o som de uma gota caindo da torneira e o som de música abafado da festa.
- Nada! - bagunço mais os cabelos - Você disse que a gente ia fazer uma coisa, o que?
- Vamos investigar. As tais coisas estão no escritório. Podemos dar uma olhada, ver o que é. Provas!
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(No) Directed By Cezar Sartori
General FictionCezar Sartori vivia uma vida tranquila com seus 17 anos, alimentando o sonho de se tornar um grande cineasta no futuro e ver seu nome num grande telão negro "Directed by Cezar Sartori". Com uma mente muito criativa ele cria roteiros a part...