Narrado por Alice:
Alô, Terra?! Alô, alô?! Alguém?! Tento me comunicar com minha raça telepaticamente. Porque eu só posso estar em outro planeta, ou outra dimensão, ou seria um sonho?
Queria ter um objeto que me confirmasse isso. Como o lindo do Leo DiCaprio tinha no filme A Origem. Ele invadia o mundo dos sonhos inconscientes tantas vezes que não sabia o que era real ou não. Só o tal objeto diferenciava. Confuso? Um pouco. Só vendo para você entender. Não vou dar spoiler, mas preciso dizer que o final desse filme me deixou meio... Ahn?
Enfim, o caso é que eu não tenho uma imaginação tão boa, para arquitetar tantos detalhes oníricos. E essa massagem nos meus pés está tão real que... Ah... Meu Deus... Que alívio nos calcanhares...
Depois de uma aula pesada no balé, pela proximidade das audições para o grupo Royal, que a maioria dos alunos vai tentar, tomei um banho rápido, catei o pote de wasabi que deixei na geladeira, e parti para a casa do Cezar.
E agora estou aqui. No sofá do meu ex-crush, com meus pés em seu colo, recebendo uma massagem torturantemente boa. Acho que isso nem faz sentido. Vocês viram que eu tentei me afastar, ou minimamente não viajar na maionese e fantasiar coisas. Ser uma boa amiga, como ele tanto quis. Amiga. Que palavra doída de dizer.
No dia que Cezar me resgatou e limpou a maquiagem borrada do meu rosto, achei que meu coração tinha parado de tanto que acelerou, meus lábios ressecaram, minhas mãos suaram, ele estava tão perto.
Mas depois de toda a confusão com sua família, achei que ele ficou muito irritado por pensarem que tínhamos algo. Ele nem insistiu mais em me levar, pediu para o avô... Ok. Ok. Eu fiz toda uma algazarra com o maldito copo e insisti para ele não me levar, mas sei lá. Arrrrgh.
E então, quando eu estava ficando mais conformada com a situação, me forçando a conviver com ele sem platonizar (é como eu chamo o ato de alimentar um amor platônico), o desgraçado me aplaude com a expressão mais fofa que eu já vi na vida, na frente de todo mundo, depois do meu solo.
Acreditam que algumas meninas, todas trabalhadas na periguetice, vieram me pedir o número dele? (Imaginem uma risada maléfica) Não mesmo!
E o que dizer daquela volta para casa confusamente inesquecível? Pensei em nunca mais lavar meu pescoço... Mas daí pensei: Vai que ele faz isso de novo? O jeito que ele falou me fez levantar tantas suposições. Antes do boliche caprichei no perfume com essência de melancia. Queria que ele dissesse que gostava de algo mais além do meu perfume, tipo eu.
Droga. Nunca mais vou olhar para minha bicicleta da mesma maneira. Pensei, pensei e pensei. E percebi como pequenos gestos de Cezar me descontrolavam, me deixavam nervosa, sonhadora... E isso há anos!
Não queria ser assim. Me senti uma mendiga do afeto dele. Ele não podia ficar fazendo essas coisas que alimentavam minha platonice... Por isso, na volta para casa, não dei chances para que voltássemos sozinhos, seria tortura. Mas estava com fome, e não pude deixar de me torturar imaginando filhinhos com Cezar, no meio daquele papo pós empadão. Imagina ele proibindo os filhos de se fingirem de vesgos. E lá estou eu viajando outra vez.
Pedi a ajuda de Josy com essas minhas questões, mas ela está na fase: o mundo é um arco-íris, e não foi muito útil.
Estou feliz por ela, apesar de Igor ainda não ter feito o pedido de namoro oficialmente, todos sabem que é questão de tempo. Ele realmente a conquistou. Foi atrás, investiu, pediu minha ajuda, porque Josy pode ser muito fechada às vezes. E acho que é isso que faz a união deles ser tão interessante e equilibrada.
Mas voltando ao mundo dos sonhos, ou talvez a Terra 2 como em The Flash, quando resmunguei de dor ao sentar no sofá da casa dos Sartori, Cezar me olhou preocupado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
(No) Directed By Cezar Sartori
Ficción GeneralCezar Sartori vivia uma vida tranquila com seus 17 anos, alimentando o sonho de se tornar um grande cineasta no futuro e ver seu nome num grande telão negro "Directed by Cezar Sartori". Com uma mente muito criativa ele cria roteiros a part...