Capítulo 31 - Pânico

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- Não. Não – jogo mais uma camisa para longe – essa também não.

Acho que o nervosismo está me fazendo ficar mais indeciso do que já sou. Já são 20 horas e alguns minutos. Nunca tomei um banho tão rápido na vida. Escuto a campainha tocar e coloco uma blusa preta mesmo. Sei que posso estar soando ridículo, como se estivesse indo a um encontro, mas hoje, hoje demonstrei a Alice meus sentimentos. Não é possível que ela não tenha percebido pelo meu olhar e meu toque.

Pausa para um suspiro.

- Cezar – meu avô bate na porta e a abre – Alice está aí.

- Valeu vô.

- Sua mãe disse que jantaremos daqui a pouco.

- Certo – digo passando os dedos pelo cabelo úmido.

- Cezar – meu avô chama minha atenção.

- Sim?

- Você está bem assim – ele sorri – não deixe sua convidada esperando.

Ele dá uma piscadinha, e percebo que já sacou tudo.

Alice está sentada sozinha na sala. Ela veste um vestido azul leve, um pouco acima do joelho, com flores desenhadas em preto. Seu cabelo solto está um pouco úmido. Pelo visto não fui o único a tomar banho correndo.

Uhn... Ela passou perfume de melancia. Tenho certeza.

- Vou lá ajudar sua avó e sua mãe – meu avô diz batendo em meu ombro – não faremos você passar fome Alice – ele brinca e sai.

Pigarreio e me sento ao lado dela. Há uma almofada entre nós

- Você está linda – precisei dizer, estava entalado.

- Obrigada – Alice diz, e acho que se ela tivesse um pouco mais de força, quebraria o celular que aperta em suas mãos.

- Quanto tempo a gente se conhece? – Pergunto tentando aliviar o clima e ao mesmo tempo nos aproximar.

- Acho que uns 12 anos.

- Caramba... Muito tempo né?

- Sim... E nossas mães há mais de vinte – ela lembra.

- Verdade. Será que era o destino elas se reencontrarem e seus filhos se tornarem amigos?

Ela sorri e dá de ombros.

- Bem – continuo, reunindo toda a coragem possível – se foi o destino, sou grato a ele.

- Eu também – ela concorda.

Sorrimos um para o outro.

A campainha toca.

AAAAAARRRRRGGGHHH CAMPAINHA, MORRA, MORRA!

Respiro fundo.

- Só um minuto – digo a Alice e parto para o portão.

Por causa dessa frase, acabo me lembrando de um livro que tem me deixado na bad literária esses dias. Maldita hora em que baixei aquele aplicativo...

O portão de alumínio range quando o abro.

- Boa noite Cezar.

FERROU! O maluco aliciador descobriu meu endereço. Fujam para as colinas!

- Professor Miguel?!

Ele faz uma expressão um pouco constrangida, e percebo que carrega um buque de flores em uma das mãos.

- Sou eu mesmo. Fui convidado para um jantar.

Do jeito que meu queixo está caído, poderia fazer cosplay de Ghostface.

(No) Directed By Cezar SartoriOnde histórias criam vida. Descubra agora