Capítulo 8 - Os Batutinhas

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- Podemos nos cumprimentar dessa vez? – Pergunto cauteloso. Ela me olha arrancando uma pelezinha do lábio inferior.

- Tá – ela diz um pouco receosa e estende a mão para mim. Balanço sua mão para cima e para baixo como se tivesse acabado de civilizar um selvagem.

Depois de soltarmos as mãos dou uma olhada melhor ao redor. O quarto é bem básico, não tem posters, ou fotos, nem nada que digamos assim... Tenha uma marca da pessoa que dorme ali. Além do cartaz na porta.

- Sempre teremos Paris? – pergunto apontando a porta com a cabeça. Ela sorri de lado.

- Pois é, gosto dos clássicos – diz dando de ombros.

É tão bom conhecer alguém que gosta dos clássicos. Vocês não tem ideia.

- Sério? Não sabia...

- Você não sabe de muita coisa – ela suspira e pega o livro novamente, colocando de volta um marcador que havia caído.

- É, tem razão – não quero voltar aquele clima tenso de novo – mas gostaria de saber.

Estou sendo sincero. Há uma curiosidade crescente rolando aqui.

- O que quer saber? – ela pergunta cruzando os braços.

- Qual sua cor favorita? – pergunta idiota, possivelmente.

- Azul - ela estende a mão mostrando as unhas pintadas da cor do céu.

- Banda favorita?

- U2

Arqueio um pouco as sobrancelhas, porque esperava algo mais pesado.

- Comida preferida?

- Massas, qualquer tipo, do fettuccine com copa e mascarpone até o biscoito de cream craque...

Eu dou risada. Será que ela lembra que minha família é de origem italiana? Ela parece se soltar mais a cada pergunta. E começo a pensar que Alice não é tão irritante assim.

- Fruta preferida?

- Uva, verdes, roxas, uva passas... Comeria um balde...

Dessa vez ela também ri.

- Melhor herói de todos?

Ela abre a boca e depois fecha. Olha para o teto e põe a mão no queixo.

- Nossa! Essa é difícil... – ela me olha novamente – não dá para responder assim.

- Então faz um top 5 aí – sugiro.

Não sei quanto tempo ficamos debatendo sobre os prós e contras entre Batman, Superman, Flash, Huck, Wolverine e Ravena, até que seu celular tocou e interrompeu a conversa. Não foi um debate totalmente tranquilo, devo dizer, porque Alice ainda é Alice e suas respostas ácidas ainda podem me irritar, mas nada que me fizesse jogá-la pela janela.

Enquanto ela falava no celular, peguei o livro jogado na cama e acabei deitando um pouco de lado com as pernas para fora, me apoiando com o cotovelo. Minhas costas um pouco doloridas de ficar na mesma posição agradeceram.

- "Saco de Ossos" de Stephen King! – digo quando ela termina a ligação.

- Já leu?

- Não, é bom? – começo a ler a contra capa.

- Muito! Não consigo parar de ler, já estou quase acabando. Se quiser te empresto depois.

Olho para ela e depois para o livro de novo. Parece que o personagem principal é um romancista com dificuldades de escrever... Uhn...

(No) Directed By Cezar SartoriOnde histórias criam vida. Descubra agora