Cap. 21 - Grandes amigos

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O rosto de Nil, depois de todos aqueles meses, era apenas uma sombra do que fora. Ele não precisava mais forçar para ser respeitado como marginal. Ele havia se tornado, de fato, um cara medonho. Os cabelos ruivos estavam raspados e várias cicatrizes se desenhavam em seu rosto. Um rápido sorriso revelou dentes quebrados numa boca de lábios rachados. Não imaginava que fosse possível, mas estava ainda mais magro.

Diante de mim naquela madrugada, só restava saber o que o levara até aquela rua me encontrar. Não cabia nenhuma frase emocionante do tipo "Nil, você está vivo! Graças a Deus". Porque, naquele momento, eu preferi que ele estivesse morto de fato. Seria melhor para todo mundo.

- Tá cuidando da Moira, meu?

- Na medida do possível. Tem uma pessoa que o Alberto contratou.

- Que homem bom, né? - ele disse às gargalhadas.

- Achei que tava morto.

- E eu tô. Você não me viu. Sou só um fantasma. Não quero que ninguém saiba que eu tô vivo, Caio. O Colomba mandou um desgraçado estourar minha cabeça. Como pode ver, alguém não fez o serviço direito. Me jogaram num buraco e tive que me arrastar até à bocada dos moleques que me forneciam droga. Eles me acolheram, tá ligado?

- Tô... Tô ligado sim... E tá fazendo o quê aqui se não quer que saibam que tá vivo?

- O que mais um cara quase morto faria rodeando seu inimigo, Caio? Vingança, caralho! Eu tô há um tempão pensando em como foder com o Colomba. E aí eu te vi saindo de lá dia desses... Me perguntei "Será que o Caio tá alugando a bunda dele pros clientes do Colomba?" E aí reparei suas roupas novas, as noites seguidas... Você havia se tornado uma vadiazinha! Então eu pensei "Tá aí! É o Caio que vai me ajudar a conseguir o que eu quero, mano!"

- Tá doido? Me deixa fora dessa, Nil.

- Bem que eu queria, meu. Mas você é meu amiguinho. Amiguinhos se ajudam. Certo?

- Você quer que eu faça o quê?

- Nada demais por enquanto... Só manter os olhos abertos. E manter as coisas abertas deve ser uma especialidade sua né, mano? Preciso saber a hora certa de fazer o Colomba prestar as contas comigo. Você sabia que foi um filho da puta pau mandado dele que fez aquela merda na igreja do Alberto, não? Eu ouvi tudo dos capangas quando foram atrás de mim. Foi ordem do Colomba. Só não sei por que esse filho da puta fez isso. Minha irmã quase morreu, mano.

- Nil, por favor, deixa isso no passado. Toca sua vida, cara! - meu tom de suplica deve ter sido deprimente. Eu estava muito assustado com a fixação do Nil em se vingar.

- Até queria, Caio. Mas enquanto eu não me livrar do Colomba, eu não vou poder fazer meu trampo numa boa por aí.

- Não me envolve nisso, Nil.

- Já tá envolvido, putinha. Você vai me ajudar, mano. Você deve tá ganhando uma boa grana fazendo programa, né? Imagina se algum chegado meu te deixa incapaz de rebolar essa bunda. Ou pior! Imagina se, assim numa dessas viradas do destino, um acidente destrua esse rosto bonitinho. Como vai conseguir fazer sua grana?

- Tá me ameaçando, Nil?

- Não queria que desse esse nome pra essa proposta de parceria. Mas é... Tô sim!

- Ok, Nil...

- Ótimo. Então voltamos a nos ver em breve. Vou querer um prato de comida descente e informações sobre o Colomba. Espero que traga algo que valha a pena.

Com amor é mais caro (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora