Cap. 12 - Interrupções

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- Gabriel, pra onde você tá me levando?

Ele não queria me dizer. Seu carro tinha o cheiro maravilhoso de uma fragrância da linha Hugo Boss - o preferido de Gabriel. Calça jeans e blazer, ele dirigia pela noite cheio de confiança e tentando fazer mistério. Ao parar o veículo em frente a um enorme prédio da Alameda Santos, pediu que eu descesse para que um garoto do StarPark pudesse levar o carro ao estacionamento.

Nós dois entramos no prédio e atravessamos o luxuoso saguão, indo direto para o elevador que nos levou à cobertura, acima do vigésimo quarto andar. Quando a porta do elevador abriu, logo pude ouvir o som de piano e o tilintar discreto de copos. Entramos num num restaurante de muito bom gosto - lugar em que nunca me imaginei entrando.

- Putz! - exclamei.

- Curtiu?

- Esse lugar é maneiro!

- Precisa provar o filé de cordeiro.

Gabriel trocou algumas palavras com uma garota elegante que nos recepcionou para conferir a reserva. Ela nos conduziu à mesa e fiquei impressionado com a vista ampla para a cidade.

- Gosta de algum vinho em especial, Caio? - ele me perguntou

- Vinho especial? Eu tomava vodka barata com coca-cola com o meu...

- Seu...?

- Ah, com meus amigos no interior.

- Achei que diria namorado.

Também pensei e quase disse namorado mesmo. É que Pedro não era exatamente um namorado. Nunca foi preciso definir isso, pelo simples fato de acharmos que tínhamos tempo.

- Não. Nunca namorei. - respondi.

-E aquele menino, o Pedro? Era esse o nome, não?

- Sim. Não era exatamente meu namorado. Às vezes, é tão bom estar com alguém que não precisa de definição.

- Engraçado... Diferente de mim, você nunca namorou, mas conhece o amor melhor que eu. E olha que já perdi as contas de todas as vezes que alguém disse que me amava. É melhor viver que ouvir.

Gabriel sugeriu e pediu um prato do cardápio, também escolheu um vinho que não era um dos mais baratos entre as opções. Durante o jantar, me contou do seu último relacionamento e da difícil superação do término. Contou da recente viagem para Londres e do plano de conhecer a África do Sul. Ele, mesmo para seus apenas trinta e poucos anos, era um professor renomado de vida confortável. Carro, apartamento, viagens, roupas caras... Nunca imaginei esse tipo de vida para professor. Eu ria lembrando da minha última professora que chegava de bicicleta na escola, trajando casaco remendado.

- Animado com a faculdade, Caio?

- Muito. Começo mês que vem.

- Agora falta trabalho.

- É, mas nada que pintou me chamou a atenção. Meu amigo Bruce acha que devo tentar um dinheiro como modelo.

- É um dinheiro fácil, mas incerto.

Naquele momento, meu celular vibrou mostrando a chamada de um número desconhecido.

- Alô. - falei, atendendo.

- Caio?

- Sim. Quem é?

- Você não me conhece... Um amigo me passou seu contato. Você foi muito recomendado. - disse o homem.

- Recomendado?

- Você tá livre agora? Tem local?

- Não tô entendendo, cara... - falei confuso.

Com amor é mais caro (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora