A espera por esse capítulo foi de propósito, galera. Ele é maior. Hora de descobrir o motivo! Espero que curtam! hehe
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A mesa estava farta, mas não era como as famílias ricas nas novelas onde uma empregada fica do lado esperando você pedir o suco. Tirando a fartura, o resto era bem parecido como comer na minha casa no interior.
- Então, Caio, o que você faz? - indagou a mulher magricela enquanto me servia a salada.
Eu queria ter respondido "Bem... Estou no ramo da prostituição há alguns meses e tem sido muito promissor. Sou garoto de programa de luxo e meus clientes circulam entre os meios mais influentes de São Paulo. Recentemente, criei um site para facilitar a divulgação e a tratativa dos negócios. Por lá, o cliente combina tudo e compra a minha promessa de tornar o encontro único e especial. Há uma ficha onde peço que ele diga o que ele acredita ser essencial num encontro e é através dessas necessidades que vou buscando um diferencial de mercado. E ao contrário do que a senhora possa pensar, me sinto realizado no que faço. Aos poucos, posso juntar dinheiro o suficiente para criar minha rede de academia." É o que diria... Mas não achei que ela entenderia.
- Sou estudante, dona Dalva. Faço Educação Física.
- E não trabalha? - ela devia ter ainda uma lista extensa de interrogatório.
- Não trabalho... Estou focado nos estudos. Meus pais preferem investir na minha carreira. Depois de formado, pretendo recompensá-los.
Jantar com a família do Gabriel era algo que há muito tempo ele insistia para que acontecesse. Com nós dois à mesa também estavam seus pais Walter e Dalva e o irmão Miguel. A impressão era a mesma que tive desde a primeira vez que esbarrei com eles por acaso num restaurante que Gabriel havia me levado: um bando de esnobes. Estar na casa deles - território deles - eu não tinha muita escapatória a não ser jogar o jogo.
- E Educação Física dá dinheiro, menino? - perguntou o pai.
- Vou investir numa rede de academias, senhor Walter. É um mercado promissor. - falei, deixando os cotovelos apoiados na mesa e fechando os pulsos para apoiar meu queixo. Imaginei que aquela postura pudesse dar um ar de respeito.
- Isso se não morrer antes injetando porcaria para ficar um brutamontes. - soltou o homem.
- Não uso drogas. Venho de família religiosa e meu melhor amigo é pastor. - respondi quase rindo de mim mesmo.
- Engraçado você dizer isso... - disse o irmão de Gabriel que escondia o sorrisinho com o guardanapo.
- Por quê, Miguel? - perguntei.
- Tendo em vista que relações homoafetivas são um pecado, é curioso que diga ser uma pessoa religiosa. - respondeu.
- Ah é pecado? Ainda não cheguei nessa parte. Tô no capítulo que conta que Deus nos ama como somos e que ninguém tem direito de julgar o outro. - mandei educadamente.
O clima na mesa fico estranho e parecia justamente essa a ideia de diversão do meu novo "cunhado". A sexualidade do Gabriel - a mesma do irmão, inclusive. - não costumava ser uma pauta para os pais. Não que não soubessem que os filhos eram gays, mas porque ignorar a realidade sempre foi a melhor forma de se viver dentro dela. Gabriel puxou uma conversa qualquer sobre as aulas na faculdade e prontamente dona Dalva comprou a ideia pela conveniência do constrangimento. Eu é que não tirava os olhos do Miguel como quem dizia "você foi um imbecil".
Após o jantar, percebemos que estava tarde e quisemos partir. Pedi que me indicassem um banheiro, pois eu já estava sentindo a bexiga doer. Caminhei pelos corredores da grande casa e acabei me perdendo distraído pelos quadros esquisitos.
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Com amor é mais caro (Completo)
RomanceUma história envolvente, com reviravoltas de tirar o fôlego! Acompanhe a intrigante trajetória de um jovem vivendo os perigos e os prazeres da noite. Tendo que se virar na capital, o impulsivo Caio não pensará nas consequências das suas escolhas par...