Quinn e Jeph conversavam aleatoriamente no vestuário. Ainda era cedo e só eles haviam chegado para o treino. Uma hora a conversa foi direcionada para Ray e sua obsessão por Gerard e Frank.
Nos últimos meses, ele não falava em outra coisa. Não teve a chance de dar um fim ao namoro de Gerard com Frank porque Gerard simplesmente não desgrudava de Frank.
Quinn não parecia muito preocupado realmente. Ele achava que Ray tinha suas razões, mas Jeph não achava aquilo normal.
"Sério Quinn... Ninguém tem nada a ver com a vida do Gerard." Ele disse enquanto calçava seu tênis.
"É, mas vai falar pro Ray." Quinn respondeu, em tom zombeteiro.
"Ele não tem falado muito com ninguém ultimamente." Jeph comentou e Quinn assentiu. "Será que ele anda planejando algo?"
"Claro que não, senão ele teria chamado todos nós." Quinn adicionou. Ouviu um barulho fora do vestuário e arrumou o que faltava. "Vamos, o treino vai começar."
Quando saíram, deram de cara com Ray e Gerard, que conversavam amigavelmente. Entreolharam-se e passaram direto, sem entender muito.
Ray conversava com Gerard sobre coisas vans, querendo, de alguma forma, saber a rotina dele com Frank e encontrar alguma brecha. Mas Gerard pouco falava sobre isso e apenas meneava as mãos, rindo um pouco. Para Ray, rindo demais.
"O treino hoje será cansativo." Ray disse certo momento, enquanto caminhava para a quadra com Gerard. "Aliás, você vai ao baile?"
"Sim." Gerard respondeu, já pisando na grama fofa. "Eu vou com o Frank."
E sorriu, dando um tapa no ombro do colega, não notando sua face enraivecida.
**
Frank terminou suas revisões e correu pelos corredores, cumprimentando todos que o chamavam. Ele achava isso estranho, mas não era mal educado e então perdeu muito tempo. Agora entendia porque antes, quando se encontravam escondidos, Gerard sempre chegava atrasado para vê-lo.O pequeno tinha marcado com o namorado de vê-lo antes do treino começar, mas agora era tarde. Com certeza o treinador Olsdal não o deixaria falar com Gerard. Mas ele decidiu que iria ficar sentado na arquibancada observando Gerard jogar.
Quando ele atravessou o ginásio, arrumando a mochila pesada nas costas, viu um movimento estranho num canto do lugar e Gerard conversando com Ray. Foi um breve momento, mas Frank sentiu um mal estar.
O pior foi quando os dois se separaram; Ray olhou em sua direção e lhe deu um sorriso maldoso, como quem dissesse que Frank devia tomar cuidado.
Nunca mais Gerard havia falando de Raymond – havia até dito que tinha se afastado – e então Frank o vê sorrindo para o atleta. Tinha algo ali?
Sorriu bobo e repreendeu a si mesmo por estar desconfiando de Gerard. Ele só estava falando com Ray, eles eram do mesmo time, qual era o problema daquilo?
Procurou um bom lugar na arquibancada e sentou-se, abrindo um livro para se distrair, vez ou outra olhando para Gerard, que lhe mandava um beijo ou um aceno, sendo repreendido pelo treinador, que exigia concentração.
Quando o jogo terminou, Gerard correu em sua direção e subiu rápido a arquibancada, sentando seu lado e sorrindo.
"Hey meu lindo." Ele disse, ofegante. "Te fiz esperar um pedaço, né?"
"Nada..." Frank sorriu e deixou o livro que segurava de lado. "Cadê meu beijo?" Perguntou sapeca.
"Eu estou todo suado..." Gerard falou sorrindo.
"Eu não me importo." Frank o puxou para um longo e apaixonado beijo, o qual Gerard não recusou.
Lindsey entrava na quadra neste exato momento e olhou a cena, irritada. Achava o cúmulo o garoto mais lindo com aquela aberração que era Frank Iero.
Andou olhando os dois e esbarrou em Ray.
"Cena ridícula." Disse entre dentes, indo em direção ao vestuário feminino.
Ray a viu entrar e olhou para o beijo dos dois, bufando.
"Eu vou dar um jeito nisso, minha linda. Eu vou." E saiu da quadra com pensamentos ruins o rodeando.Gerard estava eufórico. Andava de um lado para o outro no quarto, se olhando no espelho vez ou outra, se perguntando se Frank gostaria da roupa que ele estava vestido ou do jeito que ele penteou o cabelo.
Reprovou-se por não ter notado que o perfume que Frank gostava nele tinha acabado e decidiu ir no quarto dos pais pegar algum que seu pai usava sempre e que tinha uma fragrância agradável e masculina.
Caminhou lentamente pelos corredores, mas parou a dois passos da porta do quarto de seus pais, ouvindo os gritos que saíam de dentro do local.
"Como você pôde, Donald?" Era sua mãe, ele sabia. Não gostava de ouvir atrás da porta, mas uma discussão daquelas era algo no mínimo curioso.
Os pais sempre eram discretos até para brigarem e Gerard sentiu uma pontada de preocupação dominá-lo.
"Não preciso me explicar." O pai disse, firme e impaciente. "Eu e você não somos um casal há muito tempo. É o melhor."
"Você vai deixar sua casa, sua esposa e seu filho por aquela vadia?" Perguntou a mãe, nervosa.
"Pelo menos ela não é uma frígida como você."
Quando Donald abriu a porta e viu o filho do lado de fora, completamente estático, sequer sentiu vontade de explicar-se.
"Sua merda de faculdade de arte vai ser paga, aposto que o resto não importa para você." Disse, saindo pelo corredor e andando a passos grossos para fora de casa.
Gerard, completamente atônito, foi até a porta do quarto entreaberta e viu a mãe debruçada sobre a antiga penteadeira do século 18 que ela adorava. Dizia achar chiquérrimo ter uma daquelas e que merecia o que tinha pago em um leilão.
Ela olhou para o filho de olhar penoso com os seus olhos claros cheios de rímel borrado e fechou o semblante. Aproximou-se da porta e fechou-a com força, quase a moendo no rosto de Gerard.
O garoto correu escada abaixo e procurou no pequeno criado mudo as chaves de seu carro, indo até a garagem e saindo nele em disparada. Precisava com urgência respirar.Entendia como as coisas funcionavam, não era pelo fim do casamento dos pais que ele sentia-se tão mal.
Era pelo fim da paz interior que ele possuía. A paz que ele conquistara nos últimos meses com tanto amor – amor de Frank – e que parecia lhe fugir por entre os dedos. Ou então era o pressentimento de que algo pior sairia daquilo.
Parou em frente a casa de Frank e respirou fundo antes de bater na porta. Um pequeno sorridente, todo arrumado, abriu-a, incrivelmente feliz por ver Gerard.
"Oh amor, você chegou!" Ele disse, mas fechou o sorriso quando viu que os olhos do namorado estavam molhados. "Deus..."
Puxou-o para um abraço e aí sim, Gerard desabou. Parecia que estava se segurando há muito tempo e que os braços de Frank pareciam um local seguro para que ele desmoronasse.
"Está tudo bem..." Frank dizia baixinho enquanto acarinhava a nuca de Gerard. "Eu estou com você."
Conseguiu levar Gerard para o seu quarto, sobre o olhar interrogativo da mãe, que parecia preocupada, mas Frank apenas meneou a mão e lhe sorriu, assegurando-lhe que não era nada de grave e que ele ficaria em casa.
Depois de um tempo de consolos e um copo de água, Frank agachou sobre as pernas de Gerard e tirou seus sapatos e meias, sentando-se no chão logo em seguida.
"Você quer me contar o que houve?" Frank perguntou, agora tirando seus próprios sapatos.
Gerard o fitou por um momento e agradeceu pelos sapatos – Frank sempre fazia isso e ele gostava muito – e então suspirou.
"Meu pai saiu de casa. Minha mãe é uma louca. Eu sou um infeliz." Respondeu pausadamente.
"Hey..." Frank disse, arremessando a última meia que calçava de lado e ficando de joelhos em frente à Gerard, pondo os cotovelos sobre suas coxas. "Você não é infeliz. Você está infeliz. Vai passar... essas coisas acontecem..."
"Ele me jogou na cara a faculdade de artes. Sabe, ele destrói o próprio casamento e quer encontrar culpados depois." Gerard disse, sentido."Ele é um bobo. Não sabe o filho lindo e maravilhoso que tem." Frank respondeu, rindo baixinho e fazendo o namorado rir também. Após uma longa pausa, Gerard declarou:
"Dezessete anos..."
"É, dezessete." Frank rolou os olhos.
"E hoje era para eu estar te animando... é seu aniversário. Acabei com a sua noite."
"Claro que não!" Frank reclamou, coçando a bochecha depois. "Só de você estar aqui a minha noite já está ganha."
Gerard o olhou por um tempo e abaixou-se um pouco, capturando um beijo de Frank, inicialmente calmo, mas que foi se intensificando e ganhando vontades mais físicas. Ele separou o rosto do pequeno só um pouco para poder sussurrar: "Tranque a porta."
Frank obedeceu, levantando-se e indo em direção à porta, trancando-a. Virou-se para Gerard e sorriu, tirando os óculos e colocando sobre sua escrivaninha, erguendo a sobrancelha.
"Hoje sem aparelho para atrapalhar-nos." Ele disse e Gerard o puxou para perto, segurando firme sua cintura e levantando a sua camisa enquanto os dedos apertavam-lhe a pele.
Depois de tirar a roupa de Frank, ele beijou os seus ombros e acariciou-lhe todo o corpo, as mãos descendo pelas costas, quadris, pelas coxas e ofegou baixo.
Deitaram-se ávidos um pelo outro, Frank despindo Gerard agora, tocando-o com delicadeza, beijando-o timidamente em cada parte livre e dando leves gemidos, tão inocentes ainda, mesmo que já tivesse feito amor com Gerard antes tantas outras vezes.
E quando já estava nu, Gerard deitou-se sobre o corpo de Frank e abriu-lhe as pernas, fitando-o nos olhos enquanto os quadris iam se encaixando e seu corpo começava a invadi-lo.
A expressão de Frank não mudou uma só vez. Ele sorria. Sorria com os olhos levemente baixos e os lábios vermelho-fogo incendiando a vista de Gerard. Ele sorria para o amor, para a entrega. Sorria porque não precisava ficar sério. Sorria porque era o mínimo que poderia fazer.E enquanto seus dedinhos curtos acarinhavam o namorado, ele lhe sussurrava juras de amor secretas, as quais só poderia dizer quando estava se entregando completamente, dizendo com o corpo que não tinha autonomia própria. Que tinha um dono. Frank dizia para Gerard com a sua entrega que pertencia a ele e apenas a ele.
E Gerard fechou os olhos e gemeu quando estava todo dentro do namorado, descendo seu tórax despido para cima de Frank e encostando a sua testa na dele. Os olhares se encontraram e então Gerard sussurrou:
"Feliz aniversário. Eu amo você."
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Seventeen
Teen FictionEu aprendi a verdade aos dezessete anos Que o amor foi feito para belas princesas E normalistas com pele e sorrisos claros Que se casavam cedo e então sumiam Os namorados que nunca tive As noites de suspense e charadas Eram gastas com outras m...