Capítulo Quatorze - Segunda Temporada

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O barulho que os adolescentes faziam no horário do intervalo poderia tirar a paciência de qualquer professor, exceto Matt. Ele sabia que podia ficar na sala de aula com alunos bagunceiros e fazê-los se acalmar ou passar por um grupo de adolescentes pela cantina da escola sem comprimir o rosto e reclamar da vida.

Porém, naquela tarde, ele estava um tanto impaciente com as vozes que viam do lado de fora da janela da sala dos professores, arrumando as pastas com as provas do fim do semestre no armário e pensando nos últimos acontecimentos de sua vida e, principalmente, no que o retorno de Jared à Jersey interferiu em sua maneira de ver as coisas.

Dois dias antes, quando Jared saiu de sua casa, Matt viajou em seus pensamentos, questionando o porquê de sua vida ter dado uma reviravolta tão estranha e principalmente o que fazer dela. Parecia que todos os anos haviam sido apagados. Todas as formas que ele achou de manter seu coração em paz, todos os sorrisos, as formas de encarar as coisas ruins racionalmente.

O problema dele estava justamente em suas formas de viver; Matt passou por muitas provações até que conseguiu deixar os sentimentos de lado e passou a viver em torno do que lhe deixava seguro. Porém, estar seguro, em seu ponto de vista era estar sozinho e isso simplesmente não era o certo.

A solidão pode ser uma arma que se carrega nos bolsos todos os dias e ela espera o ponto em que você está realmente para baixo para instigá-lo a usá-la contra você. Matt estava realmente perto de acabar com seus problemas de forma drástica, mas a vontade íntima que ele tinha de ter mais uma chance de ser feliz o impedia.

Ele estava na sala sozinho, alheio ao fato de que fora, um grupo de professores comemoravam o aniversário de um deles, e terminava de selecionar arquivos em ordem alfabética no armário, quando a porta se abriu e seu amigo Derek surgiu com um prato e um copo na mão.

"Trouxe bolo e refrigerante para você." O rapaz disse.

Matt sorriu e ia virar-se um pouco mais para agradecê-lo melhor, mas acabou derrubando as pastas que segurava no chão, bufando por isso.

"Sou um desastrado! É um fato!" Falou sem graça, procurando uma maneira de se abaixar. Devido o seu estado, isso era algo complicado de se fazer.

Derek apenas sorriu de forma simpática e colocou o que segurava em uma mesa, se aproximando.

"Deixe que eu faço." Riu, abaixando e apanhando as folhas e pastas espalhadas. Matt o esperou e sorriu quando Derek colocou as coisas em suas mãos, corando um pouco ao sentir as mãos do colega sobre as suas quando ele o fez.

Ele virou-se para o armário novamente e colocou as coisas no lugar, transtornado um bocado por Derek estar do seu lado enquanto ele o fazia. Quando algo constrangedor acontecia com ele, nem que fosse besteira, Matt ficava muito desengonçado.

Quando terminou de arrumar tudo, ele esquivou-se do amigo e foi para perto da mesa dos professores, olhando o pratinho com um bolo cheio de glacê e cerejas e pensando que aquilo não era algo que ele realmente gostasse, mas não podia afirmar aquilo para Derek, que tinha sido tão atencioso com ele.

"Está realmente bom?" Perguntou, passando o dedo por cima do glacê e provando-o um pouco, sentindo o doce suave espalhar-se facilmente por sua língua.

"Sim." Derek respondeu, chegando-se mais. "Matt..."

Derek ficou olhando para Matt, os olhos muito baixos e a respiração lenta. Admirava-o secretamente como o fez por muito tempo, escavando seu amor naquela amizade e tentando, dessa maneira, mantê-lo perto de si de alguma forma.

Amava Matt. Amava tanto e de forma tão sincera e pura que não se atrevia a querer ser amado em troca. Matt era algo inalcançável por razões óbvias para o apaixonado e desiludido rapaz: Matt ainda amava alguém de seu passado e isso era muito óbvio à sua vista atenta.

Ele sempre soube que havia um limite entre o que ele podia ou não esperar de Matt, mas naquele dia em especial, algo fez seu coração saltar e ele esperar que, de alguma forma, pudesse ir além do que sempre foi. Derek quis, ao menos uma vez, saber como era ter Matt para si um pouco.

"O que?" Perguntou, sequer olhando para Derek quando respondeu.

Talvez por isso ele não teve tempo de ter alguma reação, quando o colega simplesmente enlaçou-o pela cintura e o beijou. Não foi algo forçado, não como se ele tivesse feito aquilo com Matt por fazer. E também não foi um beijo cheio de segundas intenções – Matt sabia como era beijar daquela maneira – e talvez por isso ele não havia entendido o beijo muito bem.

Matt não se sentiu à vontade com aquilo e não retribuiu àquilo, e quando as bocas, que estavam apenas unidas, se separaram, ele olhou para Derek com um misto de choque, expectativa e dúvida. Derek entendeu as perguntas nos olhos claros do outro e acariciou seu rosto lentamente, não obtendo, assim como no beijo, a reação que esperava.

"Por que você fez isso, Derek?" Matt perguntou, segurando a mão do rapaz, que ainda estava em seu rosto.

Derek suspirou e continuou lentamente o afago, mesmo que por debaixo da mão de Matt e deu um sorriso amargo, mastigando a sua vontade de colocar tantos sentimentos secretos para fora e tantas palavras guardadas por tantos anos, mas não queria assustar Matt e muito menos estragar tudo.

"Porque eu amo você."

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