Capítulo Um - Segunda Temporada

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Frank acordou dolorido nas costas e braços, pois havia trabalhado na noite anterior e dormido muito pouco. Sentiu um aperto em sua cintura e resmungou algo, tirando o braço forte de cima de si e se sentando na cama.

Procurou sua boxer pelo chão e a avistou próxima à porta do banheiro, indo até lá e vestindo a peça, entrando no local em seguida, quase se arrastando de tão cansado e sonolento.

Aliviou-se, dando descarga em seguida e já ia sair de lá quando parou em frente ao espelho e olhou para seu reflexo; seu corpo tatuado escondia alguns hematomas usuais e algumas marcas da noite de sexo que teve, mas as marcas do pescoço e ombros eram visíveis.

Parou a vista em seu rosto pintado; a maquiagem macabra estava borrada embaixo dos olhos e do lado esquerdo da bochecha – onde jazia sua enorme cicatriz – deixando-a visível.

Algumas olheiras não podiam ser escondidas nem pela pintura, mas ele realmente não se importava. As olheiras para Frank eram o que menos importavam perto do resto do seu rosto.

Ouviu um bocejo e virou o rosto em direção à porta do banheiro, indo até ela e abrindo-a, avistando o rapaz amorenado com quem dormira esticando-se nu na cama, os músculos do abdômen e braços ficando rígidos, dando-lhe uma visão no mínimo aterradoramente sexy. Claro, se Frank ligasse.

O rapaz avistou Frank e sorriu, desejando-lhe um bom dia.

"Bom dia...?" Frank falou, erguendo as sobrancelhas.

"Synyster... Gates." O outro respondeu, um tanto sem jeito.

"Ummm, Okay, Synyster, pode vestir suas roupas e ir embora enquanto eu tomo um banho, sim?" Frank disse naturalmente, pegando uma toalha de cima da cômoda.

O outro riu e o encarou, notando sua cara entediada, mas logo ficou sério. "Você está brincando, não é?" Perguntou, com um tanto de preocupação na voz.

Frank o fitou por um momento e caminhou até a sala, demorando um pouco. Voltou ao quarto com uma sacola nas mãos que continha o que parecia uma camisa dentro.

"Não." Respondeu, enquanto jogava o pacote para o garoto e ia em direção ao banheiro. Antes de entrar, ele virou o rosto para ele e franziu a testa."Mas não se sinta mal. Você não foi o único que ouviu isso." E entrou no local, trancando a porta.

Synyster olhou para a porta do banheiro por uns segundos antes de abrir o embrulho e retirar de dentro a camisa, desdobrando-a e percebendo que era dos White Frogs, a banda de Frank.

Frank olhava pelo retrovisor as pessoas correndo atrás do carro onde ele se encontrava. No bando traseiro do veículo haviam jogadas latas de cerveja e maços de cigarros usados, papéis de inúmeras utilidades vazias e um fim trágico matando-o aos poucos.

Vivia em torno de uma bola de neve, que teimava em não derreter e fazê-lo sentir calor; as maiores emoções eram as de estar vivo, respirando, gritando letras de ódio escondido em sonetos de amor.

Cantava. Decidiu com o tempo que se não fosse a música não estaria vivo. Sequer agüentaria acordar todos os dias e olhar para sua face destruída pela violência – tanto do espancamento como das lembranças. E mesmo que com o dinheiro que tinha, já pudesse fazer uma plástica, ele se recusava a isso por motivos que apenas ele sabia.

Dirigia sem muita vontade, os dedos estavam inchados e as mãos cansadas, assim como o resto de si. Desdenhava de sua rotina, enquanto a fazia fingindo estar bem, fingindo sempre estar acima da dor, acima do amor e acima de tudo.

Depois de passar por um enorme número de fãs e jornalistas – os quais ele ignorou piamente - Frank conseguiu chegar ao estúdio onde o resto de sua banda o aguardava.

"Está atrasado." James revelou o óbvio, o que realmente não fez Frank lamentar ou pedir desculpas.

"Deixe ele, James." Jared silvou, cansado de sempre tentar apartar discussões entre os membros da banda.

"Onde está a minha guitarra?" Frank perguntou, olhando para os lados, enquanto ligava os plug-ins na caixa de som. "Ela devia estar aqui, não devia?"

Os membros da banda se entreolharam e nada responderam, fazendo Frank bufar violentamente e jogar os fios de lado. Pegou um maço de cigarros de cima de uma mesa – provavelmente era de Jared, mas ele não ligou – e saiu do estúdio sob protestos.

Parou em frente à uma grande janela que dava-lhe uma vista bonita das ruas da Inglaterra e fungou quase com ignorância, acendendo um cigarro e olhando para algum ponto fixo.

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