Capítulo 11

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Gerard acordou disposto no outro dia, mesmo que os olhos estivessem ardendo levemente – sempre ficava assim quando dormia após chorar – e sentiu-se feliz por estar com Frank.

Havia dormido na casa dele sem mesmo ter planejado e na verdade para ele tampouco importava os planejamentos quando se estava com ele. Planejamentos provavelmente estragariam toda a emoção do que faziam juntos.

Ele acordou o pequeno namorado com beijos pelo seu rosto, acarinhando-o levemente e se levantou, indo ao banheiro enquanto Frank se esticava como uma minhoca na cama.

"Hm... que noite boa a de ontem." Frank murmurou, com um risinho na voz. "Que dia bom hoje... acordar com você aqui."

Gerard sorriu à porta do banheiro, indo de novo em direção à cama e dando um selinho breve em Frank, sentando na cama após.

"E hoje é o nosso baile." Comentou, sorrindo.

"Tinha que me lembrar?" Frank resmungou em falso, fazendo Gerard inclinar-se sobre ele.

"É tão ruim imaginar-se comigo, dançando e namorando à penumbra de algum canto da quadra escura da escola?" Gerard perguntou e Frank o puxou para um abraço, aninhando-se em Gerard. Não, era ruim de imaginar.

Ouviram batidas na porta do quarto e Frank levantou-se, se enrolando no lençol para poder abri-la.

A mãe o olhava contente, com uma bandeja na mão com refeição para duas pessoas, o que fez o garoto corar.

"Eu...hm... bem... trouxe o café." Ela disse, um tanto sem jeito, mas alegre. "E dois pedaços do seu bolo de aniversário que eu fiz. E panquecas."

"Obrigado mãe." Agradeceu, dando espaço para ela entrar com a comida.

Gerard já tinha dado um jeito de se vestir rápido quando Linda entrava e sorriu amarelo para ela.

"Oh, não fique com vergonha, Gerard. Eu sou sua sogra, sei o que deve acontecer quando se namora alguém." E riu, piscando para ele e saindo do quarto rápido.

Gerard olhou para Frank, que olhou para a bandeja de café.

"Eu amo a sua mãe, amor."

"E eu amo você." Frank respondeu e deixou o lençol cair, erguendo a sobrancelha e recebendo um chamado com o indicador do namorado, e riu em sua direção, pulando com ele na cama.

Gerard foi para casa logo após tomar café com Frank, a contragosto dele, que falou que Gerard não precisava se arrumar para o baile, pois já era lindo.

Ele parou o carro em frente à calçada e entrou na silenciosa casa, cumprimentando a empregada e subindo até o seu quarto. Tomou um banho e vestiu qualquer roupa, pegando o telefone e discando o número de Frank.

"Oi?"

"Pequeno, sou eu."

"Oi amor – ai mãe, você me espetou!" Gerard ouviu Frank reclamar ao telefone.

"Acho que você está se arrumando né. Vou te deixar ficando lindo pra mim. Aliás, mais ainda, porque lindo você já é."

"Own amor... que lindo... eu amo você – Mãe, tenha dó!

Gerard desligou o telefone, rindo um pouco e relaxando em sua cama. Ainda tinha muito tempo para se arrumar e faria isso calmamente. Pensou em Frank todo o tempo que ficou ali.

Os pais dele viajariam para a Pensilvânia à noite para pegar o vôo em direção à Escócia e deixariam Frank sozinho na casa pelo período em que viria iniciar seu começo na faculdade, e Gerard simplesmente pirou com a idéia.

Frank estar sozinho numa casa era praticamente um Open Bar para ele – Frank sendo as bebidas. E ele estava planejando passar a noite lá com ele após o baile, como se os dois fossem marido e... marido. E queria muito que fosse especial, único.

Abriu seu criado mudo e tirou a pequena caixa que continha dois pingentes presos em dois cordões; um era um dos personagens do desenho Chip 'n Dale*, que Gerard carregaria consigo e o outro era uma bola de futebol americano, que ele daria a Frank.

Achou a idéia bem melhor do que a de alianças, pois tinha medo da rejeição. Não que não acreditasse no amor de Frank, mas só queria ir com calma.

Olhou o relógio e decidiu que já era hora de começar a se arrumar.

Tomou um banho rápido, cantando animadamente uma música do N'sync que tocava na rádio pela manhã e da mesma forma começou a vestir o seu smoking.

Olhou-se várias vezes, temendo estar fora do lugar, mas não estava. Ele estava incrivelmente bonito. E quando ele ia arrumar o cabelo em estilo social, ouviu um barulho ensurdecedor que o fez se assustar e tropeçar entre os pés.

Levantou-se do chão aturdido e abriu a porta do quarto querendo saber de qual vão da casa o barulho vinha, e quando caminhou pelo corredor, teve a pior visão de sua vida.

A porta do quarto de sua mãe estava entreaberta e ele podia ver a mão dela esticada no chão pela brecha. Mentalmente, dizia para não abrir a porta e não ver o que tinha acontecido, mas o fez.

E lá estava, Donna com os olhos abertos, encarando o teto, uma mão estendida para o lado, impecável e a outra segurando uma arma perto da cabeça, onde havia um grande buraco de tiro.

Gerard abriu a boca e fechou várias vezes, olhando para trás e para os lados, sem saber o que fazer, quando enfraqueceu e caiu no chão, encarando a mãe morta mais de perto.

A empregada, preocupada com o barulho, subia as escadas correndo e chegava à porta do quarto de Donna com uma mão no coração e não conteve o grito quando a viu. Abaixou-se para perto de um Gerard em choque, aos prantos, sentado no chão e se perguntando se tudo aquilo era real.

O sangue dela escorria pelo chão e manchava a calça do filho.

Poucos minutos depois a polícia chegava ao local e também o pai de Gerard, que estava mais preocupado com o assédio das pessoas em sua direção do que com o fato da mulher estar morta e o filho estar paralisado em uma ambulância.

O corpo de Donna foi levado dentro de um saco preto com um zíper enorme para o carro da perícia médica e Gerard sentiu-se vestir aquilo, de repente arrancando o smoking de seu corpo e tendo uma crise de pânico.

Teve que ser sedado, e, enquanto fechava os olhos encharcados, só pensava no quanto queria que Frank estivesse ali com ele.

Frank esperava por Gerard nas escadas em frente à sua casa, o queixo apoiado nas mãos pequenas. Eles tinham combinado às seis e já passavam das sete da noite. Ele havia tentado ligar para a casa de Gerard várias vezes, mas ninguém nunca atendia ao telefone e ele só desistiu.

A mãe foi até ele, que batia as mãos nas coxas de forma quase desolada e o abraçou pelas costas, dando um beijo em sua nuca.

"Tem certeza que ele não combinou com você na escola?" Ela perguntou docemente.

Frank não respondeu, ficou calado olhando para os pés, que calçavam um sapato social apertado por demais.

Um tempo depois, um carro velho e barulhento parou em frente à sua casa e Matt desceu do carro com Jared atrás dele, ambos rindo, mas parando ao ver Frank um tanto chateado.

"Hey..." Matt disse, sentando ao lado dele. "Pensei que você já tinha ido com o Gerard. Só passamos aqui para falar com a tia Linda antes de ela ir embora com o tio Iero."

"Acho que algo aconteceu." Frank falou em um suspiro.

"Ele não foi na frente e está te esperando?" Jared perguntou, arrumando os seus óculos.

"Minha mãe falou disso também, mas eu não sei..."

"Qual é Frank, você e ele falam da droga do baile há semanas, só vamos para vê-los humilhar os outros. A gente te leva." Matt disse, com um sorriso.

Frank meio que sorriu também e esperou Matt ralhar com sua mãe sobre ela ir embora e ele jamais comer de sua boa comida outra vez. Frank, por sua vez, ficou um minutinho dentro de casa olhando para os pais um tanto emocionados, mordiscando o lábio inferior com constância.

"Vocês vão mesmo..." Disse, dando uma risada curta. Eles deram um sorriso de consentimento e Frank chegou-se mais perto, abraçando a mãe. "Obrigado por me deixar ficar..."

"Seja feliz, okay? É só o que eu quero." Linda sussurrou ao pé de seu ouvindo, e deu dois tapinhas no ombro dele. "Agora vá, você vai arrasar nesse baile!"

Limpando as lágrimas, Frank fez que sim e logo depois, foi para a escola junto com os amigos.

Chegaram lá e viram o clima ameno de sempre transformado em caos. Alguns alunos já estavam bêbados nas calçadas e alguns professores insistiam em tentar barrar a entrada ilegal de mais bebidas, enquanto outros professores bebiam das bebidas ilegais.

Frank desceu do carro e arrumou o seu aparelho, coçando a bochecha incessantemente, enquanto rolava os olhos pelos quatro cantos do local.

Matt o puxou para perto e foram andando até o saguão principal da escola até chegarem à quadra incrivelmente diferente e enfeitada.

"Vamos procurar o Gerard, sim?" Matt falou, olhando em volta com Jared. "Vá pelo outro lado, Frankie."

Frank obedeceu. Saiu em busca de Gerard pelo lado oposto do amigo. Ray o avistou de longe, dando uma bufada e resmungando algo sobre a noite ter acabado de acabar. Gerard provavelmente estaria com ele e eles tomariam a atenção de todos. Estava incrivelmente irritado por não ter conseguido separá-los a tempo do ano acabar.

Foi quando, distraindo-se, ele notou uma certa euforia de um grupo de professores em certo canto da quadra. Aproximou-se lentamente, querendo não parecer bisbilhoteiro e esgueirou-se para ouvir do que falavam.

"Sim, sim... A Sra. Way atirou na própria cabeça." Disse a professora de história. "Dizem que o pobre Gerard viu tudo. Que ele achou o corpo. A minha empregada é amiga da empregada deles. A pobre moça dos Way's está em choque." Falou, penosa.

"E Gerard, ele está bem?" O professor de química perguntou.

"O que você acha, homem?" Ela disse, um tanto irritada com a pergunta de resposta óbvia. "Pobre Gerard, é um bom garoto." Ela disse, tomando um gole de seu ponche.

Ray afastou-se dos professores e sorriu maníaco. Gerard não viria ao baile, e pela forma que Frank se encontrava, aqui, tranquilamente, ele não sabia de nada. Não sabia que Gerard tinha acabado de perder a mãe e que não viria. Frank estava sozinho.

Estava sozinho e Ray sabia que essa era a sua chance de fazer algo. Chamou Quinn e sussurrou algo em seu ouvido, que fez o outro rir e o olhar interrogativamente, como quem pergunta se realmente fariam algo desse tipo.

Não precisou perguntar, quando foi arrastado junto com Troy e Jeph por Ray.

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