Frank arrumou seu cabelo desastrosamente em frente ao espelho do vestuário. Não sabia por que estava fazendo isso, já que ficaria bagunçado de qualquer maneira. Cerrou os dentes e olhou se não tinha nada preso no aparelho móvel e suspirou quando o elástico do mesmo quebrou devido ao ato.
"Cadê o mascote?" Uma voz rouca que Frank reconheceu como sendo o treinador Olsdal fez-lo colocar rápido o aparelho na boca, capturando outro elástico de um potinho de dentro de sua bolsa.
"Já vou, só um instante!" Ele se olhou no espelho novamente e correu para perto do treinador, que rolava os olhos e o empurrava para o corredor, falando o quando Frank era irresponsável.
Era começo de temporada e o time de futebol americano da escola era o melhor do Estado. Frank simplesmente adorava o esporte, mas devido a sua miopia, aparelho ortodôntico, escoliose e uma leve asma, foi impedido por toda vida a jogar qualquer esporte (inclusive viver, Frank pensava).
Mas ele fez questão de ser qualquer coisa para o time. Já tinha sido limpador de bolas, pintor de grama, gandula e o „garoto da toalha‟, até que finalmente chegou ao estágio maior da insignificância – e a ser alvo de todos da escola – Mascote.
Frank não se importava, de verdade. Ele adorava mesmo ouvir as pessoas o chamarem pelo apelido, digamos...bem, de mascote.
"Finalmente, heim esquilo!" Toro, o atacante, o bateu com o capacete no ombro e Frank sorriu sem graça.
"O elástico do meu aparelho quebrou e..."
"Quem disse que eu ligo?" Toro o cortou e deu dois tapinhas nada gentis nas costas do garoto, que não percebeu que ele pregara algo ali.
Frank olhou em volta e viu o técnico logo atrás o chamando.
"Toma a sua cabeça." Ele disse, dando a Frank a cabeça grande de esquilo e sorriu. "Não perde essa, pelo menos."
"Sim, Sr." Frank falou, eufórico.
"Treinador...!" Todos viraram para o garoto que chegava correndo, arrumando a camisa recém colocada.
"Me desculpe a demora, é que eu tive uns problemas e..."
"Você não precisa explicar, Gerard." O treinador sorriu satisfeito e abraçou o garoto, que foi cumprimentado com euforia pelos colegas de time.
Frank suspirou alto. Gerard Arthur Way era o cara mais lindo do mundo – pelo menos para ele – e ele nutria um sentimento secreto pelo atacante (e capitão do time) desde o primário.
Eles sempre estudaram juntos, na mesma escola e na mesma sala, mas Frank e Gerard nunca foram, de fato, apresentados. Com exceção do dia em que ele foi nomeado mascote, no vestuário, para todo o time. Mas Gerard estava no banho e Frank só decidiu que não valeu.
O garoto achava o máximo estar sempre tão perto de Gerard. Claro que ele sabia que era um amor inalcançável para ele – se era até mesmo para a atirada chefe das líderes de torcida! – mas estava satisfeito. Ele apreciava fazer parte ao menos do lugar onde ele respirasse o mesmo ar que o de Gerard.
O time foi chamado a campo e Frank correu um pouco desengonçado para a porta de entrada do gramado, onde seria anunciado após o desfile e o hino dos Estados Unidos.
Ele ficou batendo a patinha da fantasia no cimento enquanto esperava, vendo Gerard por a mão no coração e cantar o hino. Suspirou de novo, isso era comum.
Ficou desligado, mal notou quando o narrador chamou pelo mascote. Ele teve que fazê-lo de novo.
"Onde está o mascote? Esquilo, entre logo na droga do campo!"
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Seventeen
Teen FictionEu aprendi a verdade aos dezessete anos Que o amor foi feito para belas princesas E normalistas com pele e sorrisos claros Que se casavam cedo e então sumiam Os namorados que nunca tive As noites de suspense e charadas Eram gastas com outras m...