Capítulo 12

135 16 2
                                    



Frank andou até a quadra da escola e viu que a movimentação era nula no local. O gramado não estava fofo – indícios de que não haviam tratando-o – e ele caminhou até perto da piscina olímpica da escola, percebendo que só haviam telefones públicos na escola naquela parte.

Ele olhava para os pés enquanto suspirava e pensava no que havia acontecido para Gerard não estar com ele na festa. Mas o pior era a sensação ruim que ele tinha no peito.

Havia algo ali.

Ele caminhou lentamente, coçando a bochecha e tudo virou, e então ele pôde sentir uma dor dilacerante na nuca, quando já estava caído. Tonto, não conseguia enxergar bem o que se passava, se algo o atingira ou se estava tendo reações anormais no corpo.

Mas ao semicerrar os olhos, pode perceber logo o que acontecia.

"Pega a fantasia, Quinn, anda." Ray dizia, enquanto segurava Frank pelas pernas.

"Espera...o que você está fazendo?" Frank perguntava, tentando identificar as pessoas à sua volta.

"Cala a sua maldita boca!" Ray gritou, enquanto chutava o menor, que não conseguia se defender, segurando fortemente a nuca.

"Por favor Ray!" Implorava, enquanto era golpeado várias vezes.

Quinn estava trêmulo, segurando a fantasia de esquilo de Frank e Jeph assistia tudo atônito. Troy olhava pela porta do ginásio se ninguém vinha.

"Ray, você está louco? Era para ser só um susto!" Quinn falou, olhando para os lados. "Você vai matar o Frank!"

Ray largou Frank no chão, fazendo-o cair de rosto no gramado e foi até Quinn, dando-lhe um tapa no rosto com força. "Não seja idiota. Ou você me ajuda ou então foda-se. Vou até o fim nisso."

Foi até Frank novamente, que se arrastava pelo chão, tentando levantar e segurou-o pelos cabelos, sussurrando:

"Eu te disse que você era demais para o Gerard, não disse?" Ele falava, enquanto Frank apenas chorava, pedindo por favor para ele parar. "Cadê ele agora, hm? Cadê o Gerard? AHAHA, você realmente acreditou que ele viria para o baile com um merda como você?"

Cuspiu no rosto de Frank. Deu-lhe tapas no rosto, deixando-o vermelho, machucando-o. Quinn não queria, mas ajudava Ray a segurar o menor, enquanto Ray vestia a fantasia de mascote em seu corpo pequeno.

Jeph segurava a cabeça da fantasia em um canto, com os olhos vermelhos cheios de lágrimas, querendo urgentemente sair dali e contar o que acontecia, mas tinha medo.

"Por favor..." Frank dizia, quase inconsciente. "Gerard..."

Mas ninguém ouvia, ou fingiam que não. Eram bons demais nisso, eram bons em fingir. Em fingir que aquilo era algo necessário, que vingar-se de Frank resolveria seus problemas.

"A cabeça, traz aqui, Jeph." Ray pediu ameaçador, sabendo que os amigos não fariam nada sem sentir-se intimidados.

Jeph aproximou-se lentamente, vendo Frank jogado no chão, com sangue pelo rosto e pescoço. Não pôde, no entanto, evitar de olhar no fundo dos olhos do menino, assustados, doloridos, implorando para que aquilo tudo acabasse.

"Jeph!" Ray gritou, fazendo Jeph dar-lhe a cabeça da fantasia e afastar-se um pouco.

Ray, desajeitado, pediu para Quinn segurar os ombros de Frank e tentava encaixar a cabeça da fantasia nele, tendo dificuldades por nunca tê-lo feito.

Então, com ignorância, empurrou-a com força, fazendo-a prender no gancho do aparelho móvel de Frank. O ferro atravessou-lhe a carne, repuxando-a, rasgando a pele da bochecha até o meio dela, fazendo Frank dar um grito de dor tão desesperado que fez Jeph cair no chão e por as mãos na boca.

"Pelo amor de Deus, Ray!" Pedia Jeph, tentando fazer aquilo parar.

Mas ele não parou, chutou Frank por um tempo que parecia a eternidade. E até Troy, que realmente queria zoar com Frank, estava achando que tudo aquilo já tinha passado dos limites e agarrou Ray, puxando-o para longe do corpo aparentemente desacordado de Frank.

"Chega." Troy disse. "Olha que merda que deu isso. O que vamos fazer?"

Ray ria desinteressado, perturbado o suficiente para não se importar com as conseqüências, satisfeito com o desfecho.

Quinn então se preocupou, pondo as mãos nos cabelos e murmurando que eles estavam ferrados. Mas Troy tinha uma idéia.

"Vamos jogá-lo na piscina." Disse. "Ele já está fodido mesmo..."

"O que?" Quinn respondeu, cético. "Está louco? Você pirou também? Uma coisa é dar um susto em uma pessoa, a outra é matar uma pessoa!"

"Você tem alguma idéia melhor, seu filho da puta medroso?" Troy gritou. "Não quero ser preso, vou para Harvard! Tenho um futuro!"

Quinn também não queria ser preso. Quinn também tinha um futuro. Era tarde, realmente era tarde, pensava consigo mesmo. Não assentiu, mas concordou internamente.

Troy arrastou Frank junto com Ray e Quinn, ignorando o fato de que Jeph não estava mais lá. Ambos se entreolharam e jogaram o corpo do garoto na piscina, fazendo a água rapidamente ficar turva de um rubro escuro e vendo Frank aos poucos afundar.

SeventeenOnde histórias criam vida. Descubra agora