Capítulo Nove - Segunda Temporada

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Frank passou apressado pelas pessoas do salão da escola. Falou com Dave, que estava um tanto nervoso por precisar de Frank naquele evento e disse que sentia muito, mas que não podia ficar, que ter aceitado a idéia tinha sido um grande erro. Passou por Jared. Este estava perto de Matt, tendo uma conversa amigável e quando viu Frank, quase o seguiu, mas Matt o impediu.

"Deixe ele." Pediu, segurando Jared pelo ombro.

"Ele precisa de mim." Jared falou apressadamente.

"Ele não precisa." O outro respondeu. "Não agora. Ele precisa ficar sozinho, entenda e respeite o momento de Frank."

Jared assentiu. Ele usou Frank como desculpa, mas a verdade era que ele queria se afastar de Matt o quanto antes, pois se sentia intimidado perto de seu ex amor. Matt estava sendo gentil e educado, porém, Jared não queria aquela gentileza. Por muito tempo ele havia esquecido de quão doce Matt era e isso o deixava realmente nauseado.

"Agora..." Matt começou. "...se você se sente incomodado comigo, vá em frente. Não vou segurá-lo." Falou, como se tivesse lido a mente de Jared.

"Claro que não." Mentiu. "Eu não me sinto incomodado com você, por Deus..."

Matt deu um sorriso e concordou, caminhando devagar pelo salão da escola e cumprimentando algumas pessoas. Jared o seguiu meio constrangido.

"Sabe... eu adoro essa escola." Matt comentou aleatório. "Ela me faz lembrar tudo o que eu fui e o que eu deixei de ser." Suspirou, virando o rosto para Jared e estendendo-lhe a mão livre. "Venha, quero te mostrar uma coisa."

Jared encarou a mão de Matt por alguns instantes antes de segurá-la. Quando o fez, o coração inflou no peito e ele quis urgentemente poder estar sozinho e chorar. Ele sentia tanta falta... Ele sentia falta de tudo o que Matt representava, de seu cheiro, de sua pele, das palavras sempre positivas...

Só Jared sabia o quão difícil era conviver longe do rapaz que ainda amava e o que aquela situação inusitada significava. Castigo. Ele sentia como se o mundo estivesse conspirando contra ele, o deixando de frente com uma situação que ele temia demais.

E enquanto segurava a mão de Matt, sendo arrastado pelos corredores escuros da escola, torcia para que ele não fosse fraco e despejasse todo o seu sentimento de dor no rapaz ao seu lado. Ele não queria que Matt soubesse que ele sofria por ele.

De repente, quando Matt parou e soltou a sua mão, ele ficou parado no escuro por algum tempo, apenas ouvindo o toc toc da bengala de apoio e os passos de Matt. Só quando as luzes acenderam é que ele percebeu onde estava. Era o laboratório de química onde eles estudaram anos atrás.

O lugar estava ligeiramente diferente, alguns ar condicionados substituíam os locais onde antes tinham grandes ventiladores e algumas cadeiras eram visivelmente novas. Havia também muitos novos equipamentos de estudo e uma lousa eletrônica, onde havia alguns rabiscos.

"Você se lembra daqui?" Matt perguntou, alisando um dos grandes balcões de mármore que serviam de mesas. "Nós estudávamos aqui. Eu e você. Foi aqui que nos conhecemos."

"Você chegou me pedindo o caderno emprestado porque tinha acabado de mudar de escola e pensou que eu era diferente dos outros por estar sozinho. Em outra situação, quem visse alguém isolado de sua classe o acharia um perdedor, mas você me achou especial. Acho que foi nesse dia que me apaixonei por você. Eu lembro da primeira vez que toquei a sua mão, Deus... eu tremeliquei por uns dez minutos depois disso e você só tinha me cumprimentado. Por estar tão nervoso, uma vez, aqui, eu derramei o experimento de química todo sobre o balcão e o manchei de uma cor esquisita, fazendo o professor ficar uma fera..." Matt parou, os dedos deslizando sobre a mesa e olhou para Jared. "A mancha ainda está aqui e eu também."

Todas essas palavras não podiam ser mais destrutivas para Jared. Todo esse sentimento, toda esta nostalgia... Tudo o que seus ouvidos precisavam ouvir, mas não aceitavam. Tanta angústia, tanta falta de esperança...

Matt o olhou e meio que percebeu o que havia causado em seu companheiro de memória e sorriu como quem pede desculpas.

"Sinto muito se te faço lembrar."

Jared balançou a cabeça, negando.

"Não." Disse. "Eu que sinto muito não poder esquecer."

E saiu do local, deixando Matt sozinho. Este fechou os olhos, balançando a cabeça. Então é isso, disse a si mesmo. Não havia restado nada. Não havia mais nada entre eles.

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