Capítulo Treze - Segunda Temporada

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Frank caminhou por muitas horas pelas ruas antes de parar e se sentar em uma calçada. Suas mãos suavam e tremiam e ele estava perdido, tanto no espaço quanto em sua mente. Pensava em como havia deixado as coisas passarem dos limites e em como ele sairia prejudicado daquilo. Não devia ter se entregado daquela maneira tão fácil. Não devia ter feito isso com Gerard.

Apenas a menção mental do nome do jogador fazia Frank estremecer onde estava e negar com a cabeça. Parecia que ele estava prestes a explodir e que nada poderia ser feito para impedir tal ação. Chocou-se, ao perceber que estava agindo da maneira mais absurda possível diante da situação em que estava e mordeu a parte interna da boca enquanto refletia.

Sentia-se tão sozinho naquele momento. Sentia como se ninguém pudesse suprir a falta que ele tinha no peito e que o pouco que ele tinha havia sido sugado por Gerard em poucos minutos. Talvez não estivesse errado. Ou quem sabe, Frank estava interpretando tudo o que havia acontecido de forma errada e ele apenas não podia enxergar que Gerard não havia lhe tirado nada.

Gerard havia dado a Frank o amor que ele não sentia diariamente. Gerard, em vez de lhe ferir, o tratou da maneira que Frank queria desde o princípio: Gerard o amou. O amou de muitas formas, de forma violenta, sarcástica, carinhosa, dúbia... E Frank o amou de volta, mas nenhum deles sabia que estavam lidando com amor enquanto se tocavam naquela pequena cama e naquele quarto frio.

Frio. Quanto frio Frank sentia agachado naquela rua. Sem forças, como um indigente. Parecia que mendigava um pouco de afeto, mas que as pessoas lhe negavam isso por ignorarem a sua existência. E mendigar carinho para ele era admitir a sua derrota pessoal para Gerard; nada havia sido esquecido, mas não era apenas sobre a dor do passado... Era sobre o amor que nunca deixou de sentir.

Frank levantou-se do chão e olhou para os lados, a mão sobre o peito e o olhar perdido entre as placas. Andou mais um pouco, os pés cansados, e parou, quando viu o nome de uma rua conhecida. Lembrou-se de passar correndo por ela várias vezes no passado, a mochila sobre um dos ombros e revistinhas em uma das mãos e seu melhor amigo ao seu lado com um sorriso sincero.

Chegou perto de uma das casas – cuja pintura e reformas faziam-na estar diferente do que ela um dia foi – e verificou na caixa de correios se os atuais moradores ainda eram os mesmos de dez anos antes e, tendo esta certeza, apertou a campainha, esperando pacientemente alguém abrir.

O senhor Good, um tanto mal humorado, abriu a porta e se espantou ao ver Frank parado em frente à sua porta pálido e frio como um morto-vivo. O rapaz apenas lhe questionou onde era a atual casa de Matt, pois ele precisava vê-lo, mas o Sr. Good o forçou a entrar e a tomar um copo de água e ofereceu a Frank uma carona, que mesmo negada, acabou acontecendo.

Então, depois de alguns minutos, lá estavam Frank e o Sr. Good tocando a campainha de Matt. O rapaz demorou um tanto para atender a campainha – pelo horário, assim como o Sr. Good, ele devia estar dormindo antes de Frank chegar – e quando ele abriu a porta, Frank 'jogou-se' em cima do amigo, que quase caiu em desequilíbrio. Frank abraçava Matt com tanta força que quase o sufocava.

Matt, por cima do ombro do músico, olhou para o pai de forma interrogativa, mas o Sr. Good apenas meneou a cabeça e deu meia volta, dizendo que voltaria para casa. Com dificuldade, Matt fechou a porta e separou-se de Frank para olhá-lo.

"Hey..." Disse, segurando-o pelos ombros. "...Frank, olha pra mim, o que aconteceu? Por que você está desse jeito?"

Frank não disse nada e voltou a abraçar Matt com muita força. O amigo suspirou e o retribuiu o abraço, apertando Frank de maneira gentil até que ele se sentisse bem o suficiente para soltá-lo por conta própria.

Os dois se separaram e Matt encarou Frank por algum tempo, esperando por respostas e Frank apenas enfiou as mãos no bolso, abaixando a vista. Matt soube que era porque ele estava constrangido.

"Desculpe por isso." Frank falou e levantou a vista para Matt. "Eu vou embora."

"Frank, espere." Matt pediu, segurando-o pelo ombro. Frank olhou para a mão de Matt e o rapaz a separou dele, pedindo desculpas com um sorriso. "Fique um pouco. Você já me tirou o sono mesmo..." Frank já ia dizer algo, quando Matt riu um pouco. "...eu estava brincando. Venha, vamos até a cozinha."

Os dois seguiram calados até a outra parte da casa de Matt, tão arrumada quanto o resto dela; a cozinha era muito pequena, porém tudo estava em seus devidos lugares. Até duas xícaras que estavam sujas sobre a pia não pareciam usurpar a organização de seu dono.

Matt fez Frank se sentar em uma das cadeiras da mesa e preparou um café rápido em sua cafeteira, deixando ela funcionando enquanto se aproximava do outro, que estava um tanto alheio a tudo.

"O que aconteceu?" Perguntou.

"Eu já disse que nada, Matt."

"Sério?" Perguntou comicamente. "Não pareceu nada você vir em minha casa de madrugada escoltado pelo meu pai e com uma aparência de oi, estou completamente fodido?"

Frank deu uma risada curta.

"Que bom observador você é."

"Não precisa ser irônico, Frankie." Matt disse. Virou-se e foi até a cafeteira, que havia apitado e serviu café para ele e Frank em duas canecas, deixando uma na frente do amigo e segurando a outra. "Eu só estou preocupado com você, eu me preocupo com você o tempo inteiro e eu entendo o que você está passando..."

"Matt, faça-me um favor!" Respondeu Frank exaltado. "Você se preocupa comigo?" Riu em deboche. "Você sequer me conhece. Não me conhece! Ninguém sabe o que eu estou passando, ninguém sabe como dói! Eu perdi tudo! O que você sabe sobre isso?"

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