Capítulo 13 - Final da 1ª Temporada

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Quando Frank abriu os olhos, ele pensou que estava morto. Não conseguia se mover, e quando resquícios de dor – que a morfina não conseguiu esconder – começaram a aparecer, ele soube que não tinha sido tudo um pesadelo.

Ergueu o braço arranhado até o rosto e sentiu as ataduras nele todo, sentindo a pele ser apertada, o que lhe fazia ofegar e respirar um tanto pela boca.

Moveu-se dolorosamente para o lado e viu sua mãe deitada bastante torta no sofá do quarto e tentou chamá-la, sem conseguir ao certo.

Seu pai estava entrando no quarto com alguma refeição na mão e ao ver Frank acordado quase derrubou tudo, indo em direção à Linda para acordá-la.

"Frank, filho!" Ele disse, um tanto aflito, ao lado da mãe abatida. "Você está sentindo muita dor?" Perguntou, acariciando a pequena mãozinha enfaixada do garoto. "Não devíamos ter te deixado aqui, meu amor." Disse o Frank pai, já não segurando as lágrimas teimosas.

"Frank." Linda apertou o braço do marido e ele a olhou pesaroso. "Vá chamar um médico ou enfermeira." Linda disse docemente. A última coisa que o filho precisava ver neste momento era o pai desmoronando à sua frente.

O marido assentiu e saiu do quarto, fungando alto e fechando a porta e Linda olhou para o filho de olhos vazios. Ele olhava em direção à mãe, mas não a via. Estava com o pensamento longe, no que havia acontecido.

A agressão que sofreu, toda dor, todo sofrimento pelo qual passava, as ardências e cicatrizes que jamais sairiam, eternas. Eternas porque Frank havia sido traído pelo único que ele amava. Era o que pensava. Era só o que podia pensar.

"Quem liga para eles? Eu quero que você vá ao baile comigo."

"Por que você quer tanto isso?"

"Você realmente acreditou que ele viria para o baile com um merda como você?"

Com Gerard pôde ser tão monstruoso? Como pôde?

Gerard – Ele só pensava nisso – Gerard tinha armado tudo para ele, desde o primeiro instante. Armou de ter aulas com ele, de convencê-lo que era especial, que poderia ser amado.

Gerard tirou sua inocência, dormiu em sua cama, abraçou a sua mãe - quanto cinismo - apenas para ter um troféu no fim de seu curso, para rir dele junto com seus amigos.

As juras de amor, a proposta para morarem juntos depois da faculdade. "Não quero jogar futebol, quero fazer arte." A insistência para que Frank fosse ao baile, mesmo que ele não quisesse isso.

Ele estava tão, tão avassaladoramente surpreso com todo o planejamento que Gerard, em sua suposição, havia feito. Todas as ceninhas em que chorava em seus braços, as brigas com os pais, aquela pose de garoto certinho, de príncipe encantado.

Que droga de príncipe encantado se apaixonaria por um sapo? Eram apenas contos de fadas e Frank dizia a si mesmo que nunca viveu um; que o que ele havia vivido não passou de um filme de terror de mau gosto, do tipo que apenas os estereótipos imbecis – ele – se davam mal.

Era tão óbvio desde o princípio, não era? Por que um cara como Gerard ficaria com ele? Ele recebeu tantos avisos, avisos de Matt, avisos de Ray, avisos dos olhares de todos na escola, que riam dele – sabiam o que Gerard armava? – e principalmente os avisos de seu coração.

Mas ele resolveu ignorar todos os avisos e caiu de cabeça nesse amor, ele quis amar, quis acreditar que podia sim, ser feliz. Depois de tanto tempo sonhando ele apenas quis saber como seria se fosse de verdade. Quanta ilusão.

Frank sofria, mas as dores estavam longe de serem físicas, eram as dores da alma dilacerada pela decepção, pelo ódio e pela traição. Dores que jamais ele pensou sentir, dores que estavam consumindo-o por dentro.

Sua mãe observava, preocupada como o seu olhar mudava a cada segundo, enquanto o silêncio desgastante dele apenas demonstrava os gritos internos de sua alma. Enquanto ele relembrava tudo e sofria calado.

O médico entrou na sala após 30 minutos, acompanhado de um Iero mais calmo. Linda aproximou-se do marido enquanto o doutor ia falar com Frank.

"Olá, filho." O senhor de olhar bondoso falou. "Meu nome é Bruce e eu sou o clínico que lhe atendeu. Diga-me, sentes alguma dor?"

Frank meneou a cabeça negativamente.

"Ótimo, então. Como estão os seus movimentos. Digo, braços, pernas..."

"Normais." Frank disse com dificuldade por debaixo das gazes. "Mas..." Parou um pouco e cerrou os olhos, doloridos, pois era a primeira vez que falava e sentiu uma dor aguda na bochecha. "...dói aqui."

Subiu sua mão até o lado dolorido e ao tocar a área por cima do curativo quase deu um grito.

"Espere." O médico falou um tanto rápido. "Não toque... não agora."

"Por que...?" Frank respirava com dificuldade enquanto o médico se adiantava em pegar o estetoscópio. "Não... eu... pegue um espelho para mim." Pediu num murmúrio.

"Frank, querido..." A mãe se aproximou da cama e o filho a olhou com os olhos arregalados.

"Traga um espelho, ai..." Pedia aos ofegos, sendo ignorado por todos.

"Filho, por favor..." O médico tentou segurá-lo na cama, mas Frank empurrou-o e levantou da cama apressado, fazendo a intravenosa ser arrancada de seu braço com força e espirrar um filete de sangue.

Ignorando as dormências de seu corpo, ele correu até o banheiro e se trancou nele, ouvindo as batidas de sua mãe, pai e do médico para ele abrir.

Olhou seu rosto enfaixado no espelho grande sobreposto na parede e tocou a atadura com a ponta dos dedos, mexendo o corpo para frente e para trás presumindo que a parte pior estava ali.

Ergueu suas mãos para a parte de trás da cabeça e achou a ponta da gaze presa com esparadrapo e começou a desenrolá-la de si, apressado, eufórico.

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