Seventeen

Capítulo Dois - Segunda Temporada

Brian queria urgentemente achar o telefone da mãe, para poder contatá-la e ir em seu encalce. O pai não dava de jeito nenhum, pois dizia que ela não queria ser atrapalhada, mas o garoto não aceitou isso facilmente: esperou uma saída do pai e foi mexer em suas coisas e tentar achar algo.

Entrou a passos finos no quarto grande de Gerard e começou a procurar nas gavetas algum indício do paradeiro da mãe e nada, então começou, literalmente, a jogar tudo pro alto e até chegou a levantar o colchão um tanto para ver se não tinha algo escondido embaixo dele.

Escutou passadas nos corredores e congelou quando a porta do quarto se abriu. Justin o olhou de forma entediada e irônica.

"O que você está fazendo, Shrek?" Perguntou, cruzando os braços.

"Não te interessa." Brian disse, mas havia uma ponta de alívio em sua voz.

"Pois eu vou contar tudo pro pai." O outro disse, fazendo Brian fitá-lo e caminhar em sua direção, dando empurrões no irmão até encostá-lo na parede, assustando-o.

"Olha aqui, eu só estou procurando o número de nossa mãe para poder ir embora. É um favor que eu te faço, então fica de bico fechado." E soltou o irmão, voltando a procurar.

Justin o observou e notou que ele falava sério e levou isso em consideração. Fez uma nota mental em como tiraria vantagens disso e sorriu satisfeito com a análise rápida.

"Hm, okay. Então eu te ajudo a procurar."

Os dois mexeram em quase cada centímetro do quarto e não acharam nem sombra de algo que lhes indicasse onde a mãe estava ou o telefone dela. Justin estava olhando o último local – o grande closet – quando passou a mão pela testa suada.

"Num tem nada aqui." Disse, mas sua certeza se esvaiu à uma ponta de esperança. "Espere."

Avistou uma caixa de botas de frio um tanto 'escondida' na parte mais alta do armário e subiu nas prateleiras até alcançá-la, dando um forte puxão e caindo para trás, batendo com força as costas no chão e esparramando a caixa em cima de suas pernas.

"Pssshhh! Você quer que a Nora descubra o que estamos fazendo, seu nerd?!" Brian sussurrou, irritado. "Aliás, o que é isso?" Apontou para a caixa sobre as pernas do irmão.

Justin levantou-se e acariciou a nuca dolorida. "Obrigado por se preocupar com a minha queda." Resmungou. Olhou para a caixa e abriu a tampa, vendo uma camada fina de papel cobrir algumas coisas."Parecem livros." Comentou, abrindo o lacre com cuidado. "Oh não, são álbuns."

"Álbuns? Pensei que nossas fotos estavam todas com a mamãe." Brian comentou. "Pai disse que ia pegar de volta as dele."

"Bem, nem todas ficaram com ela, pelo visto." Justin declarou. "Veja isso! É o livro escolar do papai!" Disse, com euforia. "Vamos ver?"

"Faça-me um favor..." Brian desdenhou, rolando os olhos. Mesmo assim, sentou-se ao lado de Justin e observou-o acariciar a capa de couro.

Era um livro bem grande com o número '2000' na frente e o emblema da escola que, supuram, o pai estudou. Tinha também o nome New Jersey escrita em alto relevo e um broche preso bem no canto inferior esquerdo, que eles notaram não fazer parte do álbum.

Justin começou a folhear o livro, lendo devagar alguns trechos da apresentação e depois correndo a vista pelas fotos dos alunos, apontando para Brian e falando em como as pessoas eram esquisitas. Lia também um pouco da história de cada um, descobrindo um pouco sobre os desconhecidos.

"Jephare Howard, Futebol americano, clube de xadrez e informática. Aspirações: Achar a minha razão para viver. Nem entendi o que ele quis dizer." Justin comentou.

"Razões para viver. Até parece que ele sabia o que estava dizendo. Quanta babaquisse." Brian falou, como se ele tivesse idade avançada e muita sabedoria. Roeu a unha e cutucou o irmão. "Passa mais as fotos."

"E é que não queria ver, né?" Justin ralhou, levando um empurrão. Passou as páginas ligeiro e, de repente, parou em uma foto, quase em choque.
"Oh. Meu. Deus." Ele disse. "Raymond Manuel Toro Ortiz? Oh meu Deus, que horrível! O tio Ray parecia um maníaco!"

Brian olhou para a foto de Ray e caiu na gargalhada, não acreditando em como ele parecia um maracujá e tinha cara de banana. "Ele devia ser um grande perdedor. A cara não nega."

"Olha a mamãe... é a mamãe?" Justin questionou, aproximando a foto um tanto mais do rosto. "Ela tinha esse nariz?"

"Não é a mamãe." O outro afirmou sem certeza, ao que tentava ver se era ela mesma. "Porra, é ela! Meu Deus..."

Passaram mais um pouco, rindo das fotos dos garotos da escola e quando pararam na de seu pai, ficaram surpresos e bem concentrados observando-o. Ele não havia mudado muito, porém, na foto dele jovem, não havia suas rugas atuais e cabelo um tanto mais curto.