Good Night, Camila

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Camila POV

Nos filmes e livros não é difícil perceber quando uma grande história de amor está prestes a começar, você só está lá, assistindo, e de repente duas pessoas aleatórias se esbarram na rua, eles sorriem um pro outro e se pedem desculpas, e se fosse na vida real provavelmente continuariam suas vidas, sem sequer lembrar da existência do outro apenas algumas horas depois, mas ali, não. Eles se esbarram e de repente se vêem um na vida do outro, e é assim que começa.

Existem muitos outros jeitos também, as vezes em uma festa, onde ambos estão extremamente embriagados, ou situações mais inusitadas, como uma secretária se apaixonar pelo seu patrão, ou dois adolescentes se envolverem por conta de uma aposta, e assim vai.

Todos estamos cansados dessas histórias de amor, que são narradas de maneiras diferentes e em contextos diferentes mas sempre, sempre estão relacionadas, sempre são parecidas, e nós sabemos disso, mas então por que não conseguimos simplesmente desligar a TV ou fechar o livro?

Porque, no fundo, todos queremos ter uma história dessa pra contar, um dia.

(...)

Lauren e eu ficamos um bom tempo no parque, comendo enquanto conversavamos e observavamos as pessoas que passavam pela gente, de um banco qualquer da praça onde nos sentamos.

Eu poderia dizer que a cada conversa com ela eu me sentia mais... Interessada, sim, essa é a palavra. Sabe quando você passa por uma pessoa qualquer e de repente se vê querendo saber toda a vida dessa pessoa? Seu nome, apelido, idade, e de coisas básicas até coisas mais profundas, como o que a amedronta, e quais desenhos ela gosta de assistir quando se sente triste.

Foi assim que me senti desde a primeira vez que vi Lauren, e foi essa curiosidade sobre ela uma das principais coisas que me fizeram passar 3 dias no hospital ao seu lado, mesmo sem conhece-la.

Quando parei pra ver a hora e o relógio já marcava 23 horas, ela parecia tão chocada quanto eu, pelo fato da hora ter passado tão rápido de repente, o que me deixou feliz  porque demonstrava que ela havia se divertido igualmente.

Tão logo começamos a andar lado a lado sem muita pressa pelo mesmo caminho que havíamos feito pra chegar até aqui, já que a praça era a apenas 3 ruas da minha casa, e mesmo a aquela hora da noite nenhuma rua de Miami ficava completamente deserta.

- Deve ser bom morar aqui, principalmente pelo fato de esbarrar em pessoas bonitas o tempo todo na rua. - Comenta. Ela estava andando a uma certa distância de mim, e isso estava me incomodando.

- Acreditaria se eu dissesse que nem reparo muito hoje em dia?

- Me deixe adivinhar: pegou tantas meninas por aqui que enjoou? - Levanta uma sobrancelha e eu nego com a cabeça.

- Não, é porque ultimamente só não tem mais graça. Quero dizer, as pessoas querem tanto "aparecer", ser notadas, ter importância, que no final acabam imitando as outras, e desse jeito fica todo mundo igual. Eu só queria uma coisa diferente, uma pessoa diferente, pra variar. - Dou de ombros, colocando as mãos no bolso do meu jeans pra deixa-las minimamente protegidas do vento frio.

- Diferente em que sentido?

- Não sei, mas quando eu achar alguem, eu te respondo. - Completo, e ela assente, continuando a olhar apenas pra frente.

- Se você for procurar alguém igual a você, é melhor ficar solteira. - Zomba, e eu rio.

- Não quero alguém igual a mim, a graça de um relacionamento é ter alguém que te complete, e não dá pra completar um quebra cabeça com peças iguais. Me irrita o fato de que todos somos diferentes mas ninguém nunca quer deixar isso transparecer, afinal, qual é a lógica? Se uma árvore tem quase todas as suas folhas verdes, e apenas uma de qualquer outra cor, essa folha de outra cor que vai se destacar, ela deveria ficar feliz por isso e não ficar tentando ser verde, entende o que eu quero dizer? - Nós viramos a esquina da primeira rua, e do outro lado dessa rua havia um grupinho de adolescentes sentados em um banco bebendo e conversando alto.

A Second Chance (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora