Apologize

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Narrador POV

É interessante perceber que muitas vezes as pessoas passam grande parte da vida reclamando: Se somos crianças, reclamamos porque queremos ser adolescentes. Se somos adolescentes, reclamamos porque queremos ser adultos. Se somos adultos, reclamamos porque queremos voltar a ser crianças. Reclamamos da escola, da faculdade, do emprego, da família, dos amigos e dos amores. Constantemente também reclamamos de nós mesmos, das nossas escolhas, dos nossos pensamentos, das nossas atitudes. Se nada acontece, reclamamos porque queremos que aconteça alguma coisa.

Muitas vezes estamos tão insatisfeitos com nossa própria vida que desenvolvemos doenças como ansiedade e depressão. A primeira, relacionada com nossos expectativas e desejos de um futuro melhor. A segunda, relacionada ao excesso de arrependimentos por erros do passado.

Stephen Hawking, talvez o maior físico do século, deixou um recado importante durante uma palestra em que falava sobre buracos negros. Ele disse:

"A mensagem dessa palestra é que buracos negros não são tão negros quanto parecem. Eles não são as prisões eternas que nós pensávamos. As coisas podem escapar para fora dos buracos negros e possivelmente até para outro universo. Então, se você se sentir dentro de um, não desista - há uma maneira de escapar!"

Mas e então, como se escapa de um buraco negro? Como seguir em frente, se você mal consegue se levantar do chão?

Não existe uma resposta 100% certa pra isso, não existe um manual de instruções e nem uma receita de bolo. A escalada pra sair do fundo do poço é longa, mas, talvez, um bom primeiro passo seja investir no amor. É, aquele amor mesmo, o amor próprio.

É difícil, eu sei, vem sendo difícil pra mim minha vida inteira, mas é necessário. Autoestima, confiança e autocuidado. Ame outras pessoas também, mova mundos por aqueles com os quais você se importa, mas mova mundos por você também, mova mundos por você primeiro.

Vai por mim: nada é tão ruim quanto acordar em um dia e perceber que você cuida de todos, ama a todos, protege a todos, mas é incapaz de fazer isso pela sua mais fiel companhia e a única que vai te acompanhar a sua vida inteira: Você mesmo.

Então se você está passando por uma época da sua vida em que tudo parece errado, que parece que sua vida estagnou, que a gasolina acabou e que a bateria desse carro morreu: se dê um tempo, se respeite, se preserve, se ame. Muitas pessoas não vão fazer isso por você, então você tem que fazer.

Respire fundo, o mundo não acaba hoje, ele não acaba aqui e você é maior do que isso.

Lauren demorou pra entender essas coisas, mas ela entendeu. Ela entendeu no momento em que se apaixonou por Camila, porque ela percebeu que só estamos realmente prontos para amar alguém quando entendemos que primeiro temos que amar a nós mesmo.

Agora ela estava no chão e sentia boa parte de seu sangue saindo para fora de seu corpo. Ela olhava em volta e via sua irmã e o amor da sua vida gritando, ela sabia que estavam gritando, mas não as ouvia. E então seus olhos se fecharam, como quem cai em um sono profundo depois de um dia longo.

De repente, ela acordou, como se sequer tivesse dormido. Teve a sensação de um dejavu: Olhou em volta e viu um quarto de hospital. As paredes brancas, as cortinas brancas, os lençóis brancos, as poltronas brancas, tudo era igual. Ela viu, de novo, Camila deitada em uma poltrona ao seu lado, exatamente como tinha visto quando acordou de seu acidente de carro, mas dessa vez Camila não dormia.

Muito pelo contrário, a latina já não dormia a uns dias. Ela estava deitada na poltrona olhando pro teto com um olhar apático, parecia nem estar ali. Ela estava exausta, dentro de sua cabeça e de seu coração tudo o que havia no momento era raiva.

A Second Chance (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora