Galaxies

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Narrador POV

Lauren sentiu o cheiro doce de Camila lhe invadir e imediatamente acordou, abriu os olhos e viu a morena deitada de forma confortável em cima de si. A cabeça dela estava em seu peito e suas pernas entrelaçadas. A latina estava tão quieta que Lauren até pensou que estava dormindo mas tão logo a morena se pronunciou:

- Não achei que você fosse acordar agora.

- Você é pesada, sabia? - Sua voz saiu rouca e falha como acontecia todas as manhãs. Camila sorriu mesmo elas não estando a se olhar e sequer fez menção de sair de cima de Lauren. - Como sabia que eu tinha acordado?

- Estou ouvindo seu coração, ele batia devagar enquanto você dormia e quando acordou ele acelerou, o ritmo mudou. Mas o som ainda continua bonito. - Se colocou sentada sobre a cintura de Lauren lentamente apenas para poder olhar em seus olhos. - Deitei aqui como uma ninja esperando que você não acordasse mas você é uma sem graça. - Explicou, e foi a vez de Lauren de sorrir. 

- Seu cheiro me acordou. 

- Sério? - Começou a se cheirar procurando alguma fonte de odor ruim, o que fez a outra rir. - Só sinto cheiro de sabonete e desodorante, você é alérgica?

- Só para de falar, Camila. - Pediu enquanto ria ainda mais, já a latina estava genuinamente confusa.

- Por que dormiu aqui?

- Não tive sono então fiquei lendo. - Apontou para o livro ao lado delas, no chão, cujo nome estampado na capa era Cidades de Papel. - Não quis ficar no seu quarto e acabar te acordando.

- "Todas aquelas pessoas de papel vivendo suas vidas em casas de papel, queimando o futuro para se manterem aquecidas."

- Você tem frases decoradas de todos os livros que leu?

- Só dos bons. Pra mim é algo tão automático quanto gravar a letra de uma música. A diferença entre livros e músicas é que as músicas muitas vezes não tem um bom conteúdo e mesmo assim ficam presas na nossa mente. Isso não acontece com os livros, eles não precisam de rimas e batida chiclete para nos marcarem, nós simplesmente lemos e certas coisas ficam presas aqui para sempre. - Apontou para a própria cabeça. - Gosto da critica social desse livro, que tem por trás do romance. "Cidades cheias de pessoas vazias." e toda a coisa sobre futuro.

Camila esticou sua mão e pegou o livro do chão, começando a folhea-lo do mesmo jeito que fizera da última vez, até achar a passagem que queria.

- "Você sabia que na maior parte de toda a história da humanidade a expectativa média de vida foi inferior a trinta anos? Você podia contar com mais ou menos uns dez anos de vida adulta, certo? Não havia planos de aposentadoria. Não havia planos de carreira. Não havia planos. Não havia tempo para planejar. Não havia tempo para o futuro. Mas aí a expectativa de vida começou a aumentar, e as pessoas começaram a ter mais e mais futuro e a passar mais tempo pensando nele. No futuro. E agora a vida se tornou o futuro. Todos os momentos da vida são vividos no futuro: você frequenta a escola para entrar na faculdade para arrumar um bom emprego para comprar uma casa legal e mandar os filhos para a faculdade para que eles consigam arrumar um bom emprego para comprar uma casa legal para mandar os filhos para a faculdade."

- Você não acha importante pensar no futuro?

- Todos pensamos no futuro, é automático, mas viver no futuro? Não, nunca. Você tem 15 anos e as pessoas já esperam que você saiba o que vai fazer o resto da vida e se você não souber agem como se fosse o fim do mundo. Não é o fim do mundo não ter ideia do que fazer na faculdade ou 5 anos depois que termina-la, ou ter 20 anos e não fazer ideia de como vai estar sua vida quando tiver 30. Tudo pode mudar num piscar de olhos: nossa opinião, nossas vontades, nossos gostos. Importante mesmo é pensar no hoje e deixar pra pensar no amanhã quando ele chegar e se ele chegar.

A Second Chance (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora