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Nunca pensei na minha morte, mas nesse momento eu desejo ela. A dor é tão grande, e agora eu estou deitada na minha cama me afogando em lágrimas em estado fetal.

Meu pai ainda está no telefone com Dantas.

Recebi milhares de mensagens de pêsames de vários amigos, pessoas desconhecidas e quem só vi algumas vezes, mas uma mensagem me chamou a atenção, da Ágata, minha BFF e você que está pensando que BFF significa Best Friend Forever, não se engane, nesse caso significa Big False Friend.

Ela pediu desculpas, disse que sente muito e sente saudades da minha amizade. Eu simplesmente ignorei e continuei chorando.

O que é essas lutas de UFC perto das porradas que a vida me dá? E eu pensando que sofrimento era ter terminado com o meu ex otário.

—Filha— meu pai diz na porta do meu quarto —não quer comer alguma coisa?

—Não pai— não quero deixar meu pai pior do que já está, mas eu não sinto nada além da grande vontade de chorar.

Ele fecha a porta e sai. Recebo outra mensagem de Ágata, agora ela diz que não vai mais me incomodar e que entende a minha perda.

Ligo pra ela.

Maia, oi!— ela parece animada. Faz meses que não nos falamos.

—Escuta aqui Ágata— digo estressada —para de me mandar mensagem, para de falar que sente muito, para de falar que entende minha perca! Eu te odeio desde o dia que vi você com o Ésron, então não vem se dizer de arrependida porque eu sei que é mentira!— falo e desligo, volto a chorar e agora bem mais.

—Maia— escuto a voz de Zara —Maia acorda, você tem uma vida, eu sei que você amava ela mas eu e o pai também amamos.

Então é isso. Sinto uma dor e uma saudade tão grande da minha mãe que me esqueci que tenho uma família que também sente.

Parece que Zara estava chorando. Ela sempre foi muito forte e fria, mas duvido que seja tão fria assim, já eu, a pessoa mais sentimental do mundo.

—Desculpa, Zara— me sento na cama e ela se aproxima —eu estou tão triste que me esqueci que você e o pai também estão.

—Vai ficar tudo bem Maia— ela fala e me abraça —agora, quem era no telefone?— ela pergunta, mas no fundo eu sei que não é curiosidade e sim uma forma de fugir do assunto.

—Era a Ágata— digo, eu já falei toda a história de Ésron e Ágata para Zara, na verdade eu falo tudo para ela porque ela não é apenas minha irmã mais nova, ela é a minha melhor amiga.

—O que aquela vaca queria?— Zara odeia Ágata assim como eu, ela amava nós dois juntos, já que éramos "o casal exemplo" e Ágata acabou com tudo assim como ele.

—Ela mandou mensagem— digo olhando para o celular —disse que sente muito, pediu desculpas, falou que sente falta da minha amizade e até disse que entende a minha perca.

—Que piranha— Zara parece com raiva —ela e o Ésron se merecem.

Zara é como eu, não perdoa traição. Já perdoei erros, mas traição não é um erro, é uma escolha.

—Espera— ela diz e pega o celular— é o Caleb— Caleb é o menino por quem Zara tem uma super paixão platônica, ele é muito sortudo, já que Zara nunca gostou tanto de uma pessoa —ele diz "a gente pode sair, daí se você se sentir triste você pode chorar no meu ombro", ele é um idiota, cadê que veio me falar isso quando o Panda morreu?— dou risada, a primeira em dois dias.

Panda era o ramister de estimação da Zara, parece que ele teve um ataque cardíaco e morreu. Zara ficou meio triste e falou para Caleb, e ele rio da cara dela.

—Olha você sorriu— ela diz, e vejo que sorri também —eu sei que está muito abalada pela mamãe e não peço para que saia por aí festando e gargalhando, só quero minha irmã de volta— ela fala, agora com uma expressão um pouco triste.

Resolvo que vou parar de chorar e voltar a ser como eu era, não por mim, mas por Zara e meu pai, se fosse por mim eu choraria até morrer também.

—E você vai ter a sua irmã de volta— digo e nos abraçamos —agora vamos descer e comer algo.

**
Foi o dia mais comprido da minha vida, assistimos, comemos, conversamos e vimos meu pai ficar bravo com Dantas de novo.

A campainha toca. Olho para Zara com uma grande expressão de preguiça e ela se levanta para atender.

Olho enquanto ela sai, volto minha atenção pra televisão tentando entender o que acontece na tela.

$Você não pode fazer isso!— ouço gritos, essa voz é de Zara?

Então alguém entra na sala. É Ésron.

Ésron não é um simples ex, ele não foi meu primeiro beijo mas foi meu primeiro amor. Ele é alto, moreno, tem cabelos pretos em um corte bem baixo, mas o que chama atenção nele além de sua grande bunda é os seus olhos que são de um verde bem claro. Todas as garotas que conheci tinham uma queda por ele "o moreno mais lindo e gostoso da escola", nem sei o que ele viu em mim, talvez por isso tenha me traído.

—Maia?— ele pergunta o óbvio olhando para mim, enquanto eu só consigo fazer uma expressão de surpresa aqui deitada nesse sofá enorme.

—Saia da minha casa Ésron!— grita Zara.

—Não enquanto eu não falar com a Maia— ele fala para ela mas ainda olha pra mim.

—O que você quer?— são as únicas palavras que saem da minha boca.

Eu cogito correr.

—Maia, eu sinto muito— ele fala e se aproxima. Me parece que Zara desistiu e só olha o que acontece.

Eu me levanto antes que ele me alcance.

—Sente pelo que, Ésron?— as palavras saem amargas da minha boca —Por ter me traído com a Ágata? Por ter ido embora sem nem inventar qualquer desculpa? Quer saber de uma coisa? Eu queria muito voltar no dia em que te conheci só pra eu ficar em casa dormindo.

Apaixonada Pelo Meu Sequestrador (#Wattys2016)Onde histórias criam vida. Descubra agora