É muito estranha a sensação que eu sinto agora.
A comida que D me dá é somente macarrão e uma carne que eu nunca experimentei antes mas é muito boa. A comida é simples mas não importa, só sei que minha fome está acabando.
—Tem alguma coisa no meu dente?— pergunto e depois sorrio assim que acabamos de comer.
—Você realmente se importa com isso?— percebo que ele sorri enquanto fala.
—Na verdade não— digo desmanchando o sorriso —é só um costume bobo— falo essas últimas palavras com a cabeça baixa e me lembro da minha mãe e de Zara, nós ficávamos perguntando isso uma pra outra.
—Não tem nada no seu dente— ele fala e sinto seus dedos tocarem meu queixo —seu sorriso é perfeito.
—Queria poder ver o seu— falo e coloco a mão no seu pulso.
Ele imediatamente se afasta.
—Tenho que ir lavar isso lá— ele se refere ao prato —aqui— ele diz e coloca uma garrafinha na minha mão —eu não volto mais hoje, então você vai ficar sem janta.
—Por que não vai voltar?— eu não queria mas me sinto muito protegida quando ele está perto de mim, além de que ele me passa muita confiança, deveria ser estranho já que eu nunca vi o rosto dele.
—O pessoal quer fazer alguma coisa e me chamaram— ele diz e escuto a porta ser aberta- se você quiser tirar a venda pode tirar, mas fica esperta, se escutar algum barulho coloca de novo, por favor não fique gritando, só se acontecer alguma coisa importante.
A porta então é fechada. O que ele quis dizer com coisa importante? Não fico pensando muito nisso. Tiro a venda e bebo a água, decido ficar deitada quieta.
**
Eu não faço ideia de que horas são, só sei que é de noite porque a luz do sol que antes passava pela janelinha se transformou em luz da lua.Ouço passos rápidos e automaticamente coloco a venda e me encolho. Escuto a porta sendo aberta e os passos que devem ser de mais de uma pessoa.
—Vamos falar com o seu pai, vadiazinha?— meu coração acelera com a simples menção do meu pai.
—Vem aqui— é a voz do bêbado do primeiro dia.
Ele puxa a minha perna, eu tento me segurar na cama mas não consigo, de repente caio no chão. Eu estou muito assustada e começo a chorar.
Levo um tapa no meu rosto e choro ainda mais, agora gritando.
Alguém faz uma ligação e coloca a chamada no viva-voz, enquanto isso colocam uma fita na minha boca e me amarram.
—Alô— meu coração acelera novamente, é a voz do meu pai que soa muito preocupada pelo celular.
—Oi senhor Benneti— uma voz masculina de dentro do quarto fala —eu sou um dos sequestradores da sua filhinha.
—Maia? Cadê ela? O que você quer?— meu pai praticamente grita, ele parece bem desesperado, acho que qualquer pessoa ficaria no lugar dele.
—Ela está aqui— a fita é arrancada da minha boca com tanta força que grito de dor.
—Pai!— grito bem alto enquanto meu cabelo é puxado.
—Filha você está bem?— antes que possa falar alguma coisa colocam uma fita na minha boca denovo.
—Então senhor Benneti, queremos nada mais que um resgate.
—Quantos? Quantos vocês querem?
—Queremos 200 mil, você tem uma semana para nos entregar— ele ri —e se demorar mais que isso vamos começar a mandar algumas lembranças dela, no primeiro dia um dedo, no outro uma orelha, no outro um olho.
A voz dele me dá tanto medo que choro. A ligação é encerrada.
—Você foi ótima, benzinho— um diz e me empurra.
Escuto a porta ser aberta e depois fechada. Agora estou como no primeiro dia, amarrada no chão imundo com os olhos vendados, a diferença é que agora estou com uma fita na boca e algo que é provavelmente sangue descendo pela minha testa que arde.
**
Acordo na cama, não estou mais amarrada, não tem mais a venda nos meus olhos nem a fita na minha boca.Me levanto, então uma dor enorme começa na minha cabeça e me deito denovo.
Escuto passos, fico apavorada e procuro pela venda, não a acho em lugar nenhum e a porta é aberta, a única coisa que consigo fazer é me encolher e olhar para a porta.
Pela porta entra um rapaz, ele é alto, tem uma calça jeans preta e usa uma blusa com um NY enorme no peito, mas o que mais me chama atenção nele é a cabeça que está coberta, deichando só os olhos amostra.
—Me ajuda— é ele, é o D.
Mas o que será que aconteceu?
Ele se joga em cima da cama e tira a blusa com cuidado. Então vejo suas costas, elas estão totalmente marcadas como se alguém tivesse batido bastante nele.
—O que aconteceu?— pergunto preocupada.
Ele me passa uma bolsa e eu abro ela.
—Me bateram— ele diz, dá para sentir sua dor só de escutar sua voz.
—Por que?— na bolsa tem remédios e algumas coisas que podem ajudar.
Começo a limpar suas costas.
—Tentei te ajudar— ele ri irônico —eles dizem que te protejo demais, já que você pra eles é só uma forma fácil de ganhar dinheiro.
—E pra você eu sou o que?— minhas mãos tremem e ele geme de dor.
—Pra mim você é mais que isso, você é uma pessoa não um animal, não podemos tratar você assim.
—Por isso você me colocou na cama?
—Sim, eles me mandaram fazer uma entrega mas era só pra me enganar, quando cheguei eles me falaram que ligaram pro seu pai, entrei no quarto e te achei no chão.
—Obrigada— falo e acabo o curativo.
Ele coloca a blusa e se vira pra mim.
—Não, obrigado você— ele olha bem nos meus olhos e eu encaro ele, ele tem os olhos verdes bem claros que me parecem bem familiares.
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Apaixonada Pelo Meu Sequestrador (#Wattys2016)
RomanceCom a morte repentina da mãe a vida de Maia começa a mudar mas esse não é o principal problema. Filha de um grande executivo, Maia é sequestrada e mantida em cárcere até o pagamento do resgate. Com o tempo, Maia conhece um dos sequestradores e sem p...