Dor.
Dor é a única coisa que sinto ao ficar consciente, eu poderia dizer que é após abrir os meus olhos mas eu não consigo porque eles estão vendados.
Tento me mexer e só agora sinto que estou com os pés e as mãos amarrados deitada em um chão frio.
Tento pelo menos me sentar, mas a dor que sinto em minha cabeça e sem poder enxergar eu não consigo.
Permaneço deitada em cima de um dos meus braços e ele começa a doer. E se eu gritar? Nunca adianta nada. E se tiver alguém me observando?
—Socorro— grito o mais alto que posso até minha garganta doer.
Alguma porta perto de mim se abre, sinto alguém me observar, sensação que eu não tinha antes.
De repente essa pessoa se abaixa ao meu lado pois consigo ouvir quando seus joelhos batem no chão. Agora consigo sentir seu cheiro, é um misto de sujeira, cigarro e bebida alcoólica.
Sinto um forte tapa no meu rosto e grito no mesmo instante.
—Vagabunda!— a voz é masculina, ele fala com uma voz embargada, com certeza está bêbado.
Assim que acaba de falar, sinto um chute no meu estômago e perco o ar. Choro alto. Quando essa tortura vai acabar?
Escuto ele andar e sinto outro chute seu nas minhas costas. Grito mais alto ainda. Ele segura meus cabelos e bate minha cabeça no chão com força.
Alguém entra no quarto. Agora vou apanhar de duas pessoas? Mas ao invés de baterem mais em mim ouço sons de luta, como se eles estivessem brigando.
Então a porta se fecha, mas ainda sinto como se fosse observada.
—Meu Deus— a voz é masculina também só que é outra —o que ele fez com você?
Ele se abaixa perto de mim e sinto o toque dos seus dedos no meu braço, imediatamente me encolho.
—Calma— ele fala naturalmente —eu não vou fazer nada com você tá legal?
Continuo quieta chorando.
—Escuta, eu não posso tirar a venda dos seus olhos— ele continua a falar —mas eu estou aqui pra te ajudar, mas você também tem que me ajudar— ele dá uma pausa —quero te colocar em cima da cama e pelo menos desamarrar suas pernas, isso vai ficar marcado, então vai me ajudar?
Não me atrevo a falar só balanço a cabeça afirmativamente.
—Tá bem— ele volta a falar —vou te levantar agora— escuto ele vir pra trás de mim.
Sinto suas mãos em meus braços, me encolho mais ainda.
—Assim você só me atrapalha— ele fala bem perto do meu ouvido e é impossível não ficar arrepiada.
—Pronto— ele diz assim que acaba de me colocar em cima da cama, ele deve ser mais alto que eu e forte também pois fez isso com muita facilidade —eu sei que isso é estranho, mas quer fazer alguma pergunta?
—Por que?— são as únicas palavras que saem da minha boca.
—Vejo que sua pergunta é maior do que imaginava— escuto alguém gritar um "vem aqui" —tenho que ir, mas prometo voltar, deculpa.
São suas últimas palavras antes que eu ouça a porta se fechando.
Agora estou sentada em cima da cama numa posição melhor, a cama está longe de ser confortável, consigo sentir uma mola embaixo de mim, o que mostra o quanto o colchão é fino.
Me sinto suja, nojenta e desprotegida. Só consigo pensar em Zara, será que a mataram? Lembranças vêm a minha cabeça e começo a chorar novamente.
Continuo sentada por muito tempo e minha bunda dói. Cadê ele? Estou tão cansada que deito de um jeito nada aconselhável já que minhas mãos estão amarradas nas minhas costas.
O colchão tem um cheiro horrível que me lembra o homem que me bateu. E se ele voltar?
Já deve ser bem tarde pois estou com muito sono, o braço que eu deitei em cima está dormente então começo a mudar pro outro, a cama faz um barulho enorme me mostrando que seja lá o lugar onde estou está muito quieto.
**
Acordo me afogando.Alguém jogou água e gelada em mim. Agora estou morrendo de frio.
—Isso é o que ganha por dormir até tarde, vadia— o mesmo cara que me bateu diz, a voz é a mesma, mas não está embargada como antes, talvez ele esteja sóbrio.
Ele fala e ri, mas não é só a sua risada que escuto, tem mais outra. O medo toma conta de mim, me encolho mais ainda, tanto pelo medo quanto pelo frio.
—Idiotas— escuto alguém gritar —o que vocês fizeram?— é a voz dele.
—Vai ficar protegendo essa vagabunda?— uma voz desconhecida fala.
—Vou.
Escuto passos e a porta sendo fechada.
—Nossa você está roxa— ele deve estar se referindo aos meus braços, pois agora estou tremendo de tanto frio.
—Vou ter que tirar essa roupa molhada de você— consigo perceber que ele fala com preocupação —foi mal é que...
—Tudo bem— digo tão rápido que não sei se ele entendeu.
Silêncio. Um silêncio desconfortável.
—Então tá- ele diz, sinto ele subindo na cama, ela faz mas barulho ainda —é... hmm... vou ter que te desamarrar, promete não tirar a venda?
Balanço a cabeça afirmativamente.
Sinto seus dedos atrás de mim, minha cabeça encosta em alguma parte do seu corpo e não sei qual é, um tempo depois me sinto livre e na mesma hora coloco meus braços para frente e começo a massagear onde haviam prendido.
—Calma, calma— ele fala e segura meus braços, fico arrepiada, por que o toque dele me faz ficar assim? —preciso— ele dá uma pausa e limpa a garganta —tirar sua camiseta— ele fala de um jeito estranho, isso parece ser constrangedor para ele.
Com um pouco de relutância ergo os meus braços, ele começa a puxar minha camiseta pra cima e meu rosto queima de vergonha.
—Tem como você parar de ficar com vergonha? Isso está sendo muito constrangedor pra mim já— escuto ele sorrir —fala alguma coisa.
Ele já tirou minha camiseta e me deu uma toalha.
—Aqui não tem outra roupa pra você- ele fala e sai da cama— fica como esta, vou ali pegar roupa.
Escuto passos e a porta sendo aberta e depois fechada.
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Apaixonada Pelo Meu Sequestrador (#Wattys2016)
RomanceCom a morte repentina da mãe a vida de Maia começa a mudar mas esse não é o principal problema. Filha de um grande executivo, Maia é sequestrada e mantida em cárcere até o pagamento do resgate. Com o tempo, Maia conhece um dos sequestradores e sem p...