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Tento me secar um pouco com a toalha. Não tento tirar a venda, nem sequer coloco minha mão perto do meu rosto.

A porta é aberta e depois fechada. Me assusto e me encolho.

—Calma, sou eu— é ele —acho que você vai querer tomar banho né?

Afirmo com a cabeça.

—Então, tem um banheiro ali— ele ri —você não pode ver— ele para de rir —desculpa— ele limpa a garganta —vou te mostrar o caminho e quando você estiver lá dentro você pode tirar a venda.

Então começa a me ajudar a sair da cama e coloco a toalha nos meus peitos mesmo estando de sutiã, deixando minhas costas à mostra.

—Meu Deus— ele fala em um tom de surpresa —suas costas— então ele toca exatamente onde o outro homem chutou e sinto uma dor enorme —você precisa tomar banho rápido e depois volta pro quarto mas sem a camiseta— ele limpa a garganta denovo —vem com a toalha tampando... isso aí, vamos lá.

Ele pega minha mão e me conduz para outro lugar, abre uma porta a frente e me empurra um pouco, quando já estou dentro escuto a porta sendo fechada atrás de mim.

Tiro a venda devagar e abro meus olhos com dificuldade, minhas pupilas tentam se acostumar com o brilho da luz do sol que entra por uma pequena janela em cima de um chuveiro velho e degradado.

Na pia tem alguns panos, vejo o que são e é uma toalha amarela, uma calça moletom masculina, uma camiseta vinho enorme e uma cueca box preta.

O lugar é pequeno e as paredes são pintadas de um verde musgo. Tiro minha roupa que está bem molhada e percebo marcas roxas e verdes pelas minhas pernas, braços e barriga, tem alguns arranhões nas minhas mãos e onde tinha as amarras meus pulsos estão marcados, vermelhos e doloridos, assim como nos meus tornozelos.

Abro o chuveiro e dele sai uma água fria que não chega a ser gelada, deixo aberto por um tempo e a água começa a esquentar. Entro tomando cuidado para não molhar os meus cabelos.

Foi o banho mais rápido da minha vida, não queria dar motivos para ele entrar aqui dentro já que eu não ouvi a porta sendo trancada.

Coloco a cueca, depois a calça, ponho a venda e me cubro com a tolha.

—Pode abrir— digo.

Escuto a porta sendo aberta, seguro a toalha com mais força ainda.

—Vem— ele diz e pega na minha mão —pode sentar— me sinto insegura e continuo em pé —confia em mim.

Como confiar em um completo estranho? Mas não tenho escolha, ele foi a única pessoa que me ajudou desde que entrei aqui.

Me sento, é um banquinho, escuto ele se sentar na cama bem atrás de mim.

—Isso vai doer, então te aconselho a falar comigo, não vai resolver, mas vai melhorar.

Sinto um cheiro forte, deve ser álcool.

—Então— ele diz —qual é o seu nome inteiro?— assim que ele acaba de perguntar sinto minhas costar arder por causa do álcool.

—Maia Rodrigues Benneti— digo com uma voz meio forçada- eu não posso te perguntar o mesmo não é?

—Não— ele ri —mas pode me chamar do que você quiser.

—Eu nunca te vi, então você pra mim é um desconhecido. Não posso te chamar de desconhecido.

Sinto mais uma vez minhas costas arderem e aperto mais ainda a toalha em mim.

—Pode me chamar de D.

—D?

—Oi— ele ri —isso mesmo, D.

—Tá bem, D —digo —mas... por que vocês me sequestraram?

—Precisamos de dinheiro, me desculpa mas era o jeito mais fácil.

—Vou ficar aqui por quanto tempo?

—Até seu pai pagar o resgate.

—É quanto?

—Uns 200 mil— ele fala e fico impressionada.

—Pra que tanto dinheiro?

—Tem uma pessoa que precisamos ajudar— ele fala com um pesar na voz, talvez essa pessoa seje próxima a ele.

—D, por que você está triste?

—Como sabe que eu estou triste?

—Consigo saber pela sua voz.

—Só não gosto do que estão fazendo com você, não precisavam fazer isso.

—Eu estou bem, por causa de você, obrigada.

—Não agradece, você deveria me odiar.

—Por que? Você só me ajudou até agora.

—Isso não importa— ele para de falar por um tempo, agora ele passa alguma coisa gelada em mim e sinto tanta dor que me afasto dele, quase caio no chão, mas ele me segura —você tem quantos anos?

—Vou fazer 18 semana que vem, e você?

—Fiz 18 já faz um tempo. Tem irmãos?

—Tinha... quer dizer, eu acho que tenho— lembranças de Zara veem a minha mente mas permaneço calada.

—Como assim?

—Quando foram me sequestrar ela estava comigo, acho que atiraram nela.

Ele não diz nada, comprovando o que eu achava, Zara está morta. Começo a chorar, várias pessoas ficam feliz quando vão fazer 18 anos, mas como eu posso ficar se minha mãe e minha irmã morrem e eu ainda sou sequestrada?

De repente ele me abraça e ficamos um tempinho assim, eu nem escutei quando ele saiu da cama. Provavelmente ele sente dó de mim.

—Vou sair, você deve estar com fome— ele fala, na verdade meu corpo precisa se alimentar, mas eu não tenho vontade nenhuma de comer —se veste eu vou pegar alguma coisa pra você comer, não tira a venda.

Mesmo ele falando eu tiro a venda assim que ele fecha a porta. O quarto é tão pequeno quanto o banheiro, tem uma cômoda e a cama, o piso é de vermelhão, só que verde e muito sujo.

A cama tem um colchão fino como eu achei, nem lençol tem e um travesseiro muito sujo. Tem uma janelinha bem pequena no alto e as paredes foram rebocadas mas não pintandas.

Visto a camiseta e coloco a venda novamente.

Espero por um tempo e escuto a porta.

—Pronto— escuto sua voz —eu trouxe algo pra gente, eu ia trazer só pra você mas os caras comeram tudo e não sobrou pra mim, se importa em dividir?— balanço a cabeça que não.

Ele se senta do meu lado na cama e fala pra mim abrir a boca, assim ele começa a me alimentar.

Apaixonada Pelo Meu Sequestrador (#Wattys2016)Onde histórias criam vida. Descubra agora