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—Eu posso explicar Maia— ele parece desesperado.

—Você só veio aqui se explicar por que a minha mãe morreu?— grito —então se ela estivesse viva você não teria vindo? E quem te falou? Foi a Ágata? Ainda tá com aquela vadia?

Ele parece triste, ele deveria ser ator.

—Maia não pense assim, eu estou realmente arrependido pelo que eu fiz— ele tenta se aproximar, só que eu vou para trás.

—Não vem me dizer que está arrependido porque você não está, você deveria ganhar um prêmio de melhor mentiroso por me fazer acreditar que gostava de mim— falo sem emoção —sai da minha casa agora, eu não quero te ver nunca mais.

—Maia, por favor— ele implora.

—Zara, chame os seguranças— essa é uma parte boa de se morar em um condomínio chique em São Paulo.

—Não precisa Zara, eu saio— ele fala e caminha até a porta, lá ele para e me olha —desculpa— ele fala e sai.

Zara corre até mim e me abraça.

—Você está bem?

—Estou— digo e sinto meu coração disparar pela mentira.

No final das contas eu deveria ser atriz, eu finjo muito bem.

Zara não fez perguntas ou comentários, eu sei que ela está quase morrendo querendo falar algo, mas eu não quero responder nada e ela sabe.

—Que bom ver vocês aqui— diz meu pai claramente surpreso ao entrar na sala.

—Pai— Zara chama a sua atenção —você não acha que deveria ter um descanso?

Ninguém perceberia mas o que ela realmente queria perguntar era: Pai, a mamãe acabou de morrer, pare de trabalhar um pouco, descanse, você deveria ficar de luto pelo menos um pouco não acha?

Zara sempre pareceu a irmã mais velha, a responsável, já eu, a mais nova desastrada.

—Eu vou descansar Zara— ele parece exausto —não se preocupe comigo.

E com essas palavras ele quis dizer: Eu queria muito descansar, ficar de luto um pouco, também sinto a falta dela, não pense o contrário, é que ela morreu, eu não, eu preciso continuar trabalhando e sustentando a nossa família.

Então ele nos deixa e vai para o escritório.

**
Se passou uma semana desde a morte da minha mãe e hoje é o aniversário do tal Guilherme.

Meu pai passou o dia inteiro no telefone com Dantas. Se meu pai já era distante antes, agora ele está inacessível.

Como Zara tem 16 anos ela ainda estuda, já eu espero a resposta de uma das melhores faculdades de Nova York para ver se fui aceita ou não.

Estudar lá sempre foi o sonho da minha mãe, ela parou de sonhar quando ficou grávida de mim, então eu resolvi realizar esse sonho por ela.

Como a Zara estuda e meu pai trabalha eu não faço nada além de esperar o e-mail da faculdade.

Meu celular vibra, é uma mensagem. De Ésron.

Ésron Oliveira: Oi Mai, desculpa por ontem.

Simplesmente ignoro, até ele mandar outra e mais outra. Como ele conseguiu meu número? Resolvo que vou comprar outro chipe. Subo pro meu quarto e me arrumo, na verdade só tiro o pijama e coloco um jeans.

Peço para o motorista me levar até o shopping. Compro o chipe e na hora de voltar para o carro passo em frente a uma sorveteria e não resisto. Enquanto espero meu milk shake, percebo que um homem mal encarado não para de me observar, na hora em que acabo de pagar saio praticamente correndo e volto para o carro a caminho de casa.

Quando chego vejo Zara.

—Que cara é essa?— ela pergunta —viu um fantasma?

—Não— falo me abaixando para tirar o tênis —por que veio mais cedo?

—Teve prova na última aula— ela diz como se fosse óbvio —e onde você estava?

—Fui no shopping— ela me olha surpresa —queria comprar um chipe novo, Ésron não parava de me mandar mensagem.

—Falar em mensagem Caleb me mandou uma, ele disse que gosta muito de mim.

—Você e esse Caleb— reviro os olhos —só tenha certeza antes de fazer alguma coisa, ok?

_Nossa, você parece a ma...— ela para no meio da palavra.

—Quando acaba as aulas?— pergunto fugindo do assunto.

—Daqui a duas semanas, e depois é o seu aniversário— ela fala animada.

Minha mãe estava fazendo os preparativos para a festa, será que a Zara e o meu pai continuaram?

—Não estou muito animada pro meu aniversário— digo, quero ver qual é a reação dela.

Ela me olha com um olhar de "o que?", e assim percebo os planos dela. Parece que ela não conhece a irmã que tem.

—É claro que está— ela fala mexendo no celular só para não me encarar. Talvez ela tenha percebido que eu sei o que quer fazer e não quer revelar mais detalhes me encarando.

—Se você diz— digo só para mostrar que estou cedendo.

Ela me olha com um super brilho no olhar.

—Vamos ao parque?— ela pergunta animada.

**
Chegamos ao parque. Eu não queria vir, só que aceitei, antes da morte da minha mãe eu teria vindo e eu quero voltar a ser aquela Maia.

—Vem!— Zara corre na minha frente —quero tomar alguma coisa, eu estou com sede.

—Tudo bem, só não toma muito se não vai passar mal— falo seguindo ela.

Zara é aquele tipo de pessoa inconsequente, ela só pensa no agora e não se importa com o futuro. E por essa causa, uma vez, ela comeu tanta coisa antes de ir na barca que vômitou tudo depois e ainda disse que queria ir de novo só que antes precisava comer.

Vejo Zara tentar atirar em alguma coisa em uma barraca, minha força de vontade de jogar se foi a muito tempo e agora essa cadeira me parece o melhor lugar do parque.

Um homem mal encarado como o do shopping não para de me observar e antes que o medo tome conta de mim e eu chame a Zara para ir embora alguém entra na frente dele. É Ésron.

Apaixonada Pelo Meu Sequestrador (#Wattys2016)Onde histórias criam vida. Descubra agora