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O carro anda, e a cada batida meu corpo se choca com a pessoa do meu lado o que só faz meu medo aumentar.

Já sentiu aquela vontade de fechar os olhos e quando abrisse tudo estivesse mudado? Eu sinto isso a todo tempo.

Estou com medo, muito medo. Mas quando penso que essa será a última vez em que estarei nessa situação fico mais animada. Logo estarei com o meu pai que agora é a única família que tenho.

Penso também que para voltar para minha vida terei de deixar D. Penso em nossos momentos juntos, uma lágrima escorre involuntariamente pelo meu rosto.

Minha vida. Eu não sei mais como é a minha vida. Só sei que ela não é a mesma e nem eu sou a mesma, e também duvido que um dia voltarei a ser o que eu era antes.

-Chefe- alguém fala dentro do carro e me assusto- precisamos parar pra abastecer.

-Claro- o tal "chefe" responde- para no próximo posto.

O silêncio volta a ser mortal como antes. Minha boca está seca. Meu coração acelerado. Meus pensamentos a mil.

-Vou abastecer aqui.

O carro para e escuto a porta ser aberta, o cheiro de gasolina invade o carro.

Meu coração bate tão forte que chega doer. Essa é a minha hora. A oportunidade.

-Socorrooo!- grito o mais alto que posso.

Tiro a venda e vejo três homens dentro do carro, dois deles eu vi no dia do meu sequestro. Todos, assim como eu, estão assustados, mas tenho que ser rápida se quero sair daqui.

Abro a porta para fugir mas caio no chão quente de um posto, várias pessoas vêem a cena mas não fazem absolutamente nada.

Me levanto e tento correr o mais rápido possível, só que o meu rápido não é rápido o suficiente, pois sou pega por um dos homens que tem uma arma e a coloca na minha cabeça.

-Paradinha- ele diz no meu ouvido.

Se eu fosse cardíaca com certeza já teria morrido já que meu coração bate tão forte que quase sai pela boca.

-Não queremos machucar ninguém- um dos homens com uma arma enorme grita- só queremos a garota.

Eles entram no carro e me jogam lá dentro. Olho pela janela e estamos entrando em São Paulo, com certeza estávamos na favela, meus pensamentos se voltam a D novamente. Se ele estivesse aqui eu estaria bem mais calma, com D era diferente, eu podia não ve-lo mas sentia seu olhar sobre mim e seu amor em cada toque.

Durante todo o caminho um dos homens continua com a arma apontada pra minha cabeça. O pânico, o medo ou o desespero sumiram. Eu já não consigo sentir mais nada. E não consigo controlar as lágrimas que saem dos meus olhos.

Entramos em uma rua de terra e paramos atrás de um balcão velho e abandonado, saimos do carro e entramos no tal balcão.

Três dos homens continuam dentro do balcão comigo, me sento no chão enquanto sou observada por eles. O outro foi para a parte da frente e ficamos em silêncio tentando ouvir o que acontece lá fora.

Um carro estaciona, coloco meu ouvido na parede para tentar ouvir mais.

-Olá- diz o homem- suponho que seja o senhor Benneti.

-Sim, sou eu- meu pai responde, com certeza a voz é dele, me sinto muito mais tranquila agora- só quero a minha filha, por favor.

-Homens- grita.

Um deles coloca a arma na minha cabeça e me guia pra fora do lugar.

Vejo o carro preto e meu pai parado na frente segurando uma mala, o chão do lugar é de terra e tem várias árvores para todos os lugares.

-Traga a mala até a metade do caminho- diz um deles.

Meu pai vai até a metade do caminho, deixa a mala no chão e volta, tudo bem devagar.

De repente aparece carros da polícia, meu coração volta a acelerar.

Os carros param em posição estratégica e meu pai corre de encontro com um deles, o homem que aponta a arma pra mim passa um de seus braços em volta do meu pescoço e com o outro continua com a arma na minha cabeça.

-Solta a garota que não vamos machucar vocês- grita um dos policiais.

-Não era pra ser assim- grita um dos homens- não era pra envolver a política nisso, você sabe o que vai acontece.

O homem que me segura esta mais nervoso que eu já que sinto seu corpo tremer.

Um dos policiais atira. Tudo começa a se passar em camera lenta. O tiro acerta um dos homens, ele cai. Outro dos homens atira mas não acerta ninguém, ele é baleado e cai também.

-Tudo bem- grita um dos dois homens agora vivos- eu me rendo.

-Mas eu não- o que me segura grita- eu vou matar ela, esse era o plano.

Escuto um tiro.

O corpo do homem que me segura cai sobre mim, caio no chão a tempo de ver um quinto homem que não estava aqui antes cair por causa de um tiro na cabeça. Ele esta com uma arma na mão, foi dele que saiu o tiro que matou o homem que me segurava e ai me matar.

Me levanto e corro até ele.

Não acredito no que vejo, o tiro acertou um lado da cabeça dele, ele esta parado como se estivesse morto e de olhos abertos. Olhos verdes. Os olhos do D. Os olhos do Guilherme.

Não tem nada que negue. Ele esta com a mesma blusa do NY, e não tem como eu esquecer aquele rosto arrependido que vi naquela delegacia, aquela pele clara, os cabelos castanhos claros e os olhos claros também.

Era ele o tempo todo, me apaixonei pelo cara que matou a minha mãe.

Entro em estado de choque, começo a me afastar do corpo enquanto balanço minha cabeça freneticamente negando algo. Vários policiais aparecem, me lavantam do chão e começam a me carregar para um dos carros.

Meu coração, se pudesse pensar, pararia.

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Era o Guilherme! Ta aí pra quem desconfiava ou não fazia ideia.

No próximo capítulo suas perguntas irão ser respondidas, CALMA! ❤

Mas quero te convidar a ler a minha mais nova história que se chama "Não é necessário" ❤❤❤

Votem e comente o que estão achando 💛❤💚💛💙

Apaixonada Pelo Meu Sequestrador (#Wattys2016)Onde histórias criam vida. Descubra agora