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Depois que me colocaram no carro da polícia me levaram pra um lugar bem óbvio, o hospital.

Até agora não falei uma palavra, eu não consigo, não consigo acreditar.

-Você adquiriu anemia- fala um doutor- além de que emagreceu muito e isso não é bom já que precisa se recuperar dos vários machucados que tem, ficará internada por um tempo até que melhore- ele me dá um sorriso, mas continuo quieta- a enfermeira trará os remédios que vai precisar tomar e mais tarde fazeremos mais exames.

Ele anota algo e sai, olho para cima enquanto o soro entra na minha veia e minha cabeça começa a parar de doer.

-Oi- uma voz que reconheço fala, olho em direção a porta e meu pai entra- tudo bem?- ele pergunta.

O olho, ele está péssimo. Meu pai não é tão velho, ele tem apenas 45 anos só que, agora ele aparenta ter uns 60. Seu cabelo está uma bagunça, a barba esta por fazer e sua expressão é de um homem cansado e preocupado.

Não respondo, apenas o encaro e lágrimas saem dos meus olhos. Ele puxa uma cadeira e se senta do meu lado, ele pega na minha mão e a outra mão passa pelo meus cabelos.

-Vai ficar tudo bem querida- ele diz e lágrimas escorrem pelo seu rosto- filha- eu olho dentro dos olhos dele- tem uma pessoa que quer te ver.

-Quem é?- pergunto com a boca seca, essas são as primeiras palavras que digo depois de tudo.

-É Zara- o olho espantada- mas...- ele abaixa a cabeça- ela...

Então a porta se abre.

Por ela passa Zara em uma cadeira de rodas sendo empurrada por uma mulher. Olho a cena mais espantada ainda, não consigo acreditar que Zara ficou de cadeira de rodas por minha culpa.

-Maia- ela diz, lágrimas saem de seus belos olhos verdes, mas os olhos dela é de um verde bem mais escuro do que o de Esron ou os do D, ou melhor, Guilherme.

-Zara- abro um sorriso, até agora eu pensava que ela estava morta e ao ve-la novamente me sinto aliviada e feliz.

-Vou deixar as duas- meu pai diz e sai da sala junto com a mulher que trouxe Zara.

-Me desculpa Zara- falo- tudo isso é culpa minha, não era pra você estar assim.

-Para Maia- Zara fala- isso não é culpa sua.

-É sim- continuo- se eu não tivesse saído de casa aquele dia, se não fosse meu aniversário, se....

-Para de pensar no que poderia ter acontecido ou não- ela me corta- o importante é que estamos bem agora.

Eu queria estar bem como ela diz. Eu queria que esse buraco que é o meu coração estivesse bem agora.

Simplesmente a encaro, não consigo parar de chorar.

-Maia- ela fala e se move para mais perto de mim- o que houve com você naquele lugar?

-Foi horrível- explodo- foi horrível.

Ficamos em silêncio, ela respeita meu espaço e meu tempo, vou parando de chorar.

-Quer conversar?- ela pergunta.

-Se eu falar, eu choro- digo baixinho.

-Tudo bem- ela concorda, o silêncio continua mas a minha curiosidade aumenta sobre tudo o que aconteceu durante o tempo em que estive fora.

-Isso deve ser muito ruim- digo me referindo ao fato de ela não poder andar mais- o que aconteceu Zara?

-Depois que te levaram- ela começa a me explicar- eu desmaiei por causa da dor que o tiro me causou e acordei em um hospital, eu tentei me mecher mas nada acontecia e um médico entrou no quarto e me falou que fiquei paraplégica- ela funga- foi como uma bomba, mas a vida continua, agora estou fazendo vários tipo de exercícios, a chance de que eu volte a andar é pouca mas existe, e eu preciso acreditar nisso.

É impossível não ficar triste por ela e mesmo ela falando ainda me sinto culpada por isso, foi tudo culpa minha.

-E Caleb?

-Ele terminou comigo, disse que era jovem e não podia desperdiçar seu tempo comigo, ele nunca me amou Maia, e foi preciso acontecer isso para que eu percebesse.

Me lembro de D... Guilherme novamente ele morreu pra me salvar, mas matou a minha mãe. Nunca vou me recuperar disso. Nunca.

-Maia- Zara me chama- o quê que você tem?

-Zara, eu preciso saber o que aconteceu, preciso saber.

-Voltei- meu pai diz na porta- Zara, quero conversar com a sua irmã a sós.

A mesma mulher de antes entra e leva Zara, já meu pai entra e se senta do meu lado novamente.

-O que foi?

-Filha- ele fala- eu preciso te contar algo extremamente importante- o encaro esperando e ele continua- o garoto que te salvou morreu, ele estava envolvido no assassinato da sua mãe mas o laudo da perícia saiu e na verdade ele só dirigia o carro, ele é filho do detetive Dantas e agora ele foi afastado do caso.

Espanto. Surpresa. Espanto de novo. Mais surpresa.

Agora as peças se encaixam. D dizia que era pra mim odiar ele pois participou do assassinato da minha mãe, mas depois de um tempo se aproximou de mim ja que não teve culpa dela ter morrido. Ele falou pra que chamasse ele de "D", já que esse D vem do nome Dantas que na verdade é o sobrenome de sua família. O detetive Dantas não falou o nome completo dos assassinos da minha mãe aquele dia na delegacia, pois um deles era seu filho. Dantas era separado da mulher já que ela era muito doente e vivia na favela.

Meu queixo caí. Não consigo descrever o quanto estou surpresa.

-Filha- meu pai me chama a atenção- eu tenho que ir, você vai ficar bem?

-Vou- digo.

Eu não vou ficar bem, mas não tem problema, eu finjo.

Ele sai mas antes liga a televisão, está passando um desenho, minha mente não consegue trabalhar para saber o nome mas vejo o homem de lata.

O homem de lata não sabia o quanto era sortudo, por não ter coração.

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O bagulho fico tenso...

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Apaixonada Pelo Meu Sequestrador (#Wattys2016)Onde histórias criam vida. Descubra agora