Pap, Sans e eu conversamos sobre desenhos, danças, músicas e desafios. Eles compartilham uma grande habilidade em quebra cabeças, apesar de Sans ter preguiça o suficiente para deixar de criar ou resolver tais coisas. Ambos amam músicas de gêneros distintos e sabem desenhar.
Comecei a contar algumas experiências vergonhosas do passado.
- Já prendi o braço na cadeira de um restaurante chique, aqueles que tem até música de violino e umas cachoeira de água colorida no meio do lugar, sabe... Comecei a gritar igual um louca e meu braço tava roxão, dai veio uns homens de patins que trabalhava lá com um pote enorme de manteiga. Mano, juntou uma rodinha do meu lado.
- Hmmm, bracinho cremoso. - Sans interrompe, fazendo com que déssemos altas risadas.
- E UM DIA QUE FUI NO RESTAURANTE E SENTEI COM UM CARA IGUALZINHO O SANS. - Paps começa.
- Puts, e eu tava na mesa do lado dessa ainda. - diz Sans.
- EU ATÉ FIZ OS PEDIDOS PRA MIM E PRA ELE.
- Teve uma vez que eu tava numa loja, eu era bem pequeno, e tinha vários eletrodomésticos sabe. Paps pegou meu celular e saiu correndo na loja, e eu fui atrás dele. Puta merda, fui encostar numa estante de lá e ela caiu. SAÍMOS CORRENDO SEM NEM OLHAR PRA TRÁS.
- JUNTOU TRÊS PESSOAS PRA PEGAR A GENTE, IMAGINA SE ELAS TIVESSEM ALCANÇADO.
- Vocês estariam lavando louça até hoje. - interrompo Pap.
- E EU UM DIA, tava na escola e tinha um pote de cola que não queria abrir, e fui inventar de abrir com a boca. Voou cola pra todo lado, no cabelo das amiga, das inimiga, da professora - conto.
E assim ficamos por um bom tempo. Como eu estou na época escolar, automaticamente passo por várias situações constrangedoras. Por Paps ser alguém elétrico, Sans também se tornava por acompanhar seus passos para cuidar dele. Eles passavam por várias coisas juntas.
A única questão que ficava em branco era: quem cuidava dele quando eram menores? Sans sempre se refere a ele como cuidador de seu irmão quando criança, trabalho dado a algum responsável maior de idade. Não é possível eles sempre viverem sozinhos. Sim, eu estava curiosa à um bom tempo, mas é chato perguntar sobre essas coisas. Pode ter ocorrido algo doloroso que está em processo de cicatrização, e não quero interferir nisso. Quando Sans estiver preparado ele me conta, eu sou paciente.
Ficamos tão entretidos que não percebemos o movimento crescente no local. Já era nove da manhã, hora de tomar café. Chegamos no Grillby praticamente de madrugada para comer um hambúrguer e batatas fritas, de fato não somos normais. Vários monstros já estão conversando e contando algumas piadas sujas, junto de uma boa fatia de pão com queijo e leite com achocolatado em pó, fato que fez-me rir por agirem como uns adultos qualquer mas na verdade serem "crianças crescidas".
Depois de nos entreolharmos envergonhados fomos embora. Na verdade Sans e Pap estavam de acordo em ficar, mas algumas insistências deram resultado. Eles não se importavam em ser feliz, em rir alto, cantar ou dançar não importa onde estivessem. Essa é umas de suas qualidades que mais admiro. Depois desse tempo em convivência estou aprendendo a viver de verdade, mas aos poucos.
Creio que não seria incômodo ser feliz na frente dos outros, mas atualmente tudo está corrompido, tanto humanos quanto monstros, duas espécies que são totalmente diferentes sendo totalmente iguais. Às vezes fico horas e horas refletindo nesse fato e nunca me canso, ainda não entendia o porquê dessa guerra entre eles, e parece assunto que nunca irei entender. Tais espécies se incomodam com qualquer demonstração de alegria ou qualquer diversão sadia que possa chamar a atenção, e isso me magoa muito. Parece que todos tem o dever de estar bravos ou com cara feia a todo momento. Não entendo como um coração pode carregar tanto ódio e mal humor, rancor, repugnância... E, sinceramente, não desejo saber. As pessoas boas, de coração bom, aquelas mais difíceis de encontrar, fazem tudo valer a pena.