Alphys e eu saímos apressadas do laboratório, o que eu estranhei. Ela simplesmente o abandonou assim? Que eu saiba ela trabalhava sozinha, fato que lhe acrescentava ainda mais peso por ser a Cientista Real do Rei Asgore. Pap havia comentado brevemente sobre o Rei comigo, um grandão fofo e peludo de coração mole. Após esse comentário de Papyrus à algumas semanas atrás, minha curiosidade em conhecer o Sr. Dreemur só aumentava.
Passamos rapidamente por Sans, que deu uma piscadela, mantendo aquele enorme sorriso que não tirava do rosto. Me impressiona a capacidade do Sans de sempre sorrir, sempre manter aquele sorriso incrível e verdadeiro que conforta qualquer um à sua volta.
Depois de muito caminhar naquele calor que castigava nossa pele, Alphys começa a diminuir a velocidade do passo, momento em que eu aproveitei pra recuperar minhas energias. Não entendi toda a euforia da cientista em sair do laboratório e em parar toda aquela exaltação tão de repente. Alphys passou a encarar o chão de terra firme e levemente rachado. De todas as emoções que presenciei nesse meio tempo em que passamos juntas era a primeira vez que ela produziu essa expressão. Era algo triste de se ver, um sorriso fraco estampava seu rosto, ela suava frio, seus olhos estavam sem brilho e sem vida. Como ela podia ser tão bipolar a esse ponto?
- Alphys, você tá bem? - digo abrindo um sorriso acolhedor.
- Estou. - ela fecha os seus olhos com força - Eu fui ridícula, né?
Me impressionou o fato de Alphys não gaguejar sequer uma vez.
- Como assim? Por quê?
- Eu sou uma completa inútil. Sempre tento demonstrar o que sinto da melhor maneira possível, tento impressionar todo mundo. Só que eu sou afobada. Nessa tentativa de ver um sorriso no rosto de alguém eu acabo sacrificando meu próprio sorriso.
- Você está tentando impressionar quem exatamente? - falo com entusiasmo.
- E-e-eu... - Alphys volta a gaguejar - t-tipo, não deveria contar pra ninguém, mas você me passa uma sensação boa, de confiança, mesmo a gente acabando de se c-conhecer.
Abro um sorriso que por pouco não chega em minhas orelhas. A sensação de ter a confiança de alguém é inexplicável.
- E-eu m-meio que... - ela engoliu seco - g-gosto da Undyne.
Alphys leva uma de suas mãos à seus olhos e os aperta. Desde o início eles não encontravam os meus. Ela preferiu não ter contato visual para não piorar sua vergonha da situação.
- Alphys, que notícia boa! Fala pra ela!!!
- O-o que?! Claro que não! U-Undyne não gosta de mim!!!
- E se ela gostar? Você não sabe, Alphys! Seja sincera com seus sentimentos.
- F-Frisk, e-eu não tenho coragem. Sou uma completa medrosa. - murmura Alphys.
Fiquei pensativa caminho à frente. Gostar de alguém é algo que faz bem, mas não ser correspondido é doloroso. Por diversas vezes já passei por isso, mas não nessa mesma questão, eram familiares. Eu tinha um carinho especial por todos em minha família individualmente, até por meu novo irmão. Eu estava disposta a levá-lo pra explorar os novos lugares em que moraríamos, junto a uma câmera nova que iria comprar. Mas não era recíproco meu sentimento com relação a minha família, como bem sabemos.
Meu coração encheu-se de determinação, tanta que eu sentia transbordar minha alma. Eu iria ajudar Alphys a conquistar Undyne, mesmo que fosse de um empurrãozinho à trancá-las num quarto. Não queria ver Alphys sofrendo por um amor não correspondido. Criei um laço de amizade com a cientista. Sempre fui muito fácil de se apegar a alguém, eu desenvolvi uma carência desde pequena em meu peito.
Quando me dei conta estávamos em Waterfall a poucos metros da casa de Undyne. Alphys estava consideravelmente em minha frente, de cabeça baixa. Talvez eu havia me perdido em meus pensamentos e nem percebi que estava um clima chato entre nós, com um silêncio profundo.
Eu não estava me sentindo muito bem, mas nada que não passasse conforme o tempo. Minha cabeça latejava e eu me sentia um pouco tonta, porém decidi ignorar por completo e dedicar meu dia para meus amigos. Seria divertido ver o treinamento do Pap, que era alguém tão desajeitado.
Chegamos a casa da líder da Guarda Real, eu ansiava ver o que ela tanto ensinava pra Papyrus. Seria golpes, agilidade, carregamento de peso, socos e chutes, mirar lanças em alvos... ou até mesmo tudo junto?
Bato na porta delicadamente, Alphys estava ao meu lado com um sorriso no rosto. Sua bipolaridade era evidente, eu me perguntava como ela tinha essa capacidade de mudar seu humor tão rápido (ou apenas fingir mudar).
Ouvimos de dentro da casa um "PODE ENTRAR" que facilmente alguém de Hotland poderia ter ouvido. A voz era de Undyne.
Quando abro a porta vejo algo que eu não esperava no momento. Não era nada que eu imaginava, mas a lembrança de "Undyne me ensinou a cozinhar", algo que Pap disse à mim a algum tempo atrás, veio em minha mente. Eu já devia esperar que o eles realmente treinavam eram as habilidades de culinária.
Quando nos viram abriram um sorriso no rosto, principalmente Papyrus, que batia rapidamente alguma massa em uma bacia grande. Esse sorriso sim chegava às orelhas.
- Hey Frisk, Alphys. Como vão? - diz Undyne com um sorriso amigável.
- Eu to bem.
-E-eu também.
- Isso ai, sempre mantenham a cabeça erguida! - ela conclui.
Nós nos acomodamos no sofá, que ficava exatamente em frente à cozinha. Tínhamos uma visão privilegiada da tentativa de Pap de fazer um bolo de chocolate. Acho que ele queria variar o cardápio, apesar da paixão pelo espaguete.
Undyne apressava seu aluno com palavras rudes e ameaçadoras, talvez como forma de incentivo. Ele por sua vez parecia concentrado em sua receita. Estávamos todos rindo da situação de Pap, que mexia rapidamente a massa do bolo. Eu estava ansiosa para comê-lo.
IMPORTANTE
Acho que notaram que eu mudei um pouco o modo em que escrevo essa fanfic. Além das falas, passei a detalhar cada momento em que cada personagem está, algo que me rendeu 977 palavras. Queria a opinião de vocês: gostaram desse novo formato ou preferem o antigo?
Sua opinião vale muito pra mim e eu gostaria de considerá-la.
Obrigado a todos que votarem e deixarem sua opinião pra me ajudar! ^-^