Estava anoitecendo, e Snowdin esfria ainda mais nesse horário. Costuma-se nevar fortemente, por isso nunca saímos de casa. Hoje, porém, a situação era outra. Papyrus ainda não havia voltado para casa, e preocupações eminentes de Sans estavam me preocupando também, afinal Pap é alguém ingênuo de coração bondoso, facilmente cai na lábia de qualquer mal intencionado que vier até ele. Essa era a preocupação de Sans.
– Ele não vê minhas mensagens, não atende minhas ligações, não dá um sinal de vida. Quando ele chegar eu vou matar ele. – resmunga o pobre esqueleto enquanto andava para lá e para cá, marchando no chão da sala.
– Ele tá com o Mettaton, não vai acontecer nada. – digo numa tentativa de tranquilizar-lhe, porém falha.
– Se já não aconteceu né, eu não confio naquele artista de meia tigela.
– Mettaton gosta muito do Pap, ele não ia deixar nada de ruim acontecer. Além de que estão com Alphys e Undyne.
– E se eles deixaram ele vir embora sozinho? Tempo suficiente para acontecer algo. – reclama.
– Sans, fica calmo! Ele já vai chegar.
Ele para e me encara por um momento, se aproximando do sofá em que eu estava sentada com pernas inquietas, sinal de meu nervosismo perante aquilo. Ele senta-se ao meu lado e envolve seus braços em meu pescoço, fazendo-me deitar em seu peito.
– Você é inacreditável. – ele diz.
– Por quê? Eu não fiz nada. – indago, com cenho franzido.
– Fez sim. Essa sua carinha ai acalma qualquer um.
– Para de graça, eu sei que você ainda tá preocupado.
– Preocupado eu estou, mas agora mais calmo. Vai dar tudo certo, né? – ele pergunta com um tom de voz que espera avidamente por minha resposta.
– Claro que vai, bobão. – digo com um sorriso zombeteiro no rosto.
Ele dá uma risada baixa em resposta.
– Sans, você já pensou em você sendo um humano? – pergunto animadamente.
– Uh, não. Ué, pra que?
– Não sei, seria legal imaginar como você seria. Um cara alto, beeeem branco, cabelo beeeem branco também, olhos azuis, algumas olheiras né, nunca pode faltar, nem muito magro nem muito gordo... Seria um fofão.
– Seria quase uma folha de papel de olhos azuis. Massa. – ele zomba.
– Você seria bonitão, várias menininhas iriam te querer.
– Elas já querem, não preciso ser humano pra isso. – se gaba. Posso apostar que um enorme sorriso formou-se em seu rosto.
– Uau, desculpa ai. – digo com um leve tom de ironia em minha voz.
Ele dá altas risadas.
– É sério, pô.
– Vai com elas então.
Sans continua gargalhando alto.
– Tem alguém com ciúmes?! - ironiza.
– Não, ué.
Ele aperta minhas bochechas por trás, já que eu ainda estava encostada em seu peito.
– Gata, pra você ser um bombom só falta a valsa porque o sonho você já é.
– Gato, você é a única motivaSAN do meu coração bater.
– Gata, você não é meus dentes mas me faz sorrir.