Capitulo 15

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Luna fez o que ele pediu e em seguida sentiu algo tocar os seus lábios. Ele estava a beijando e ela abriu rápido os olhos ao perceber aquilo. Mas agora não estava mais em seu quarto, encontrava-se no meio de uma rua abandonada.
— Pode parar — ela o empurrou.
— Demorou muito para pedir isso, acho que estava gostando.
— Que lugar é esse? — ela olhou em volta, havia prédios, casas e até mesmo carros espalhados por toda a rua que possuía vários buracos. Tudo estava destruído e desgastado, Luna olhou para o céu e não enxergou nenhum sol ou lua, ao invés disso havia um enorme olho que olhavam freneticamente de um lado para o outro. Vigiando tudo e todos.

— Vamos — disse Jake começando a andar.
— Vamos? Para onde? — ela o seguiu.
— Achar o demônio.
— Então para chegar até aqui a gente precisava se beijar? Maneira estranha de acessar o inferno.
— O beijo foi só por capricho, não era necessário — ele sorriu — e isso aqui não é o inferno, é apenas um tipo de passagem até ele criada pela sua mente e alma. Vocês humanos sempre achando que o inferno é feito de fogo, destruição ou florestas negras.
— E não é?
— Quem sabe você não descubra algum dia. Agora vamos logo antes que esse lugar desapareça.
— Demônio idiota, não era para ter me beijado — ela limpou os lábios.
— Pare de reclamar. Sei que você gostou.

Luna tentou dar um tapa no rosto de Jake mas ele se afastou rindo e ambos começam a correr entre os prédios devastados e ruas precarias. A todo momento eram observados pelo grande olho solitário no céu.
— Pare agora, eu vou te socar.
— Vai nada, você gostou — ele parou de correr e ela chegou mais perto, mas ao tentar acerta-lo com um tapa ele segurou sua mão e a beijou novamente. Nesse momento imagens passaram pela cabeça de Luna, ela viu um gramado verde e um céu azul. Havia algumas árvores e uma grande sensação de alegria tomou conta de seu corpo enquanto algumas folhas caiam sobre seu rosto, estava deitada na grama.
— O que foi isso? — ela se afastou e levou a mão na cabeça.
— Outro beijo.

— Não, idiota. Eu vi alguma coisa.
— Viu?
— Sim, havia um gramado verde e algumas árvores.
— Anda, venha. Precisamos encontrar logo o que viemos procurar.
Eles andaram um pouco por aquelas ruas tomadas por um tom cinza e uma neblina fria tocou a pele de Luna, a fazendo ter calafrios.
— Onde vamos exatamente? Você pelo menos sabe em que direção está esse demônio? —  perguntou ela impaciente.
— Não sei, ainda.
— Então como vamos encontra-lo?
— Quando ele vier atrás de você.
Luna parou de andar.
— Por que ele vira atrás de mim?
— Para levar sua alma, ele vai te dar uma escolha, continuar neste lugar ou morrer. Geralmente as pessoas preferem ficar aqui ao invés de morrer. Como eu disse, aqui não é o inferno, está mais para um tipo de purgatório ligado a sua alma já que sua alma está ligada ao inferno. Entende? É uma passagem entre a vida e a morte.

— Então tem mais pessoas aqui?
— Sim, vagando até morrerem ou por um milagre retornarem a seus corpos, isso acontece bastante quando alguém entra em coma.
— Eu vou conseguir voltar, né?
— Claro, está comigo está com Deus.
— Sei — eles voltaram a andar — você já viu Deus?
Jake parou por um instante.
— Deus? Desconheço esse ser.
— Quem criou Deus?
— Não sei. Tem todo aquele papo de alfa e o ômega.
— E o que significa isso?
— Eu sei lá.
— Oi, vocês ai — alguém os chamou. Eles se viraram e se depararam com um rosto familiar.
— Você, que surpresa — Jake sorriu cruzando os braços e encarando a figura com um olhar de satisfação.
— Conheço vocês — disse o rapaz se aproximando — é a garota idiota e o seu namoradinho metido — era o mesmo jovem que dá última vez havia procurado briga com Jake. Ele usava uma calça e uma blusa branca, seu cabelo loiro estava bem penteado e sua aparência apresentava um pouco de medo.

— Você, como veio parar aqui — perguntou Luna.
— Eu não sei, estava no carro com minha tia e do nada apareci neste lugar caído no chão. Vocês viram — ele olhou para cima — tem um olho enorme no céu.
— Anda, vamos logo — Jake apressou Luna. Quanto antes cumprissem os seus objetivos melhor.
— Que lugar é esse? Me ajudem.
— Jake, precisamos ajuda-lo.
— Vou ser bem claro para você — Jake foi em direção ao  jovem — você deve ter sofrido algum acidente e está morto ou em coma. É isso. Seja feliz e que o diabo te carregue.
— Coma? Você só pode estar delirando — ele não acreditou, ou pelo menos não queria acreditar.
— Que se dane, não preciso te explicar nada. Anda venha logo — Jake continuou andando mas Luna ficou parada. Apesar de não gostar nem um pouco daquele sujeito, deixa-lo ali era algo inadmissível para ela.

— Não vou a lugar algum se não ajudarmos ele.
— E por que eu ajudaria ele? Se bem me lembro ele estava puxando seus cabelos e implicando com você, procurou briga comigo e agora está tendo o que merece. Sem contar que ele e os amigos dele meteram três tiros nas minhas costas e isso você não sabia.
— Qual é o seu nome? — ela virou-se para ele.
— Carlos.
— Algo aconteceu com você e agora está em coma, acredite em mim.
— Ou morto, esqueceu dessa parte — Jake completou, inquieto.
— Meu Deus, eu vou morrer — Carlos ficou desesperado.
— Se é que já não está morto — Jake riu.


Meu Vizinho É Um DemônioOnde histórias criam vida. Descubra agora