— Não me encham.
— Quem você pensa que é pra fazer aquilo? — a mesma perguntou enquanto a fitava de cima a baixo.
— Não interessa quem eu penso que sou — Luna retrucou.
Alguns alunos observavam a pequena discussão se formando, eles adoravam aquilo.
— Eu vou dizer quem você é. É apenas uma excluída aqui, desde que me lembro nunca te vi com ninguém, ou seria, nunca vi ninguém com você — as garotas perto a ela começaram a rir — não passa de uma pobre coitada solitária, acha mesmo que um garoto como aquele iria querer algo com você? Ele só deve andar com você por pura pena.
Luna ficou sem reação ao escutar as palavras que até ela acreditava ser verdade. Estão Jake veio por trás das garotas e seguiu andando até se aproximar dela, em seguida colocou a mão sobre seu rosto e a beijou na frente de todos os alunos presentes. As garotas ficaram sem reação diante daquela cena e toda a cantina começou a gritar e a fazer barulho, eles sempre faziam aquilo quando alguém se beijava. Pareciam ate alunos da quinta serie.
— Luna, quer namorar comigo? Perguntou após parar de beija-la, enquanto olhava em seus olhos.
Luna ficou sem reação e seu coração bateu cada vez mais forte, ficou muito confusa naqueles poucos segundos sem saber o que dizer. Como um demônio poderia namorar uma humana e como poderia uma humana ter aqueles sentimentos por um demônio. Sempre que estava perto dele se sentia segura e com uma sensação de conforto.
— Eu... aceito — ela deu um leve sorriso e ele a abraçou.
— Olha só, deve ser apenas outro estranho perturbado — disse a jovem observando tudo. Jake segurou a mão de Luna e virou-se para as garotas.
— É, sou mesmo — ele sorriu e seguiu andando com Luna de volta para a sala.
— Isso é sério mesmo? — perguntou ela.
— E por que não seria?
— Você é um demônio e eu sou uma humana.
— Eu não ligo e sei que você também não. E se for parar para pensar, você nem é tão humana assim.
— Hm.
— Já te beijei três vezes, nada mais justo que te pedir em namoro.
Eles entraram na sala e se sentaram.
— Em todas as vezes foi sem o meu consentimento.
— Engraçado, você não reclamou e seu coração batia forte em todas as vezes. E nem diga que é mentira pois os meus sentidos de demônio são bem aguçados.
— Idiota — ela o empurrou.
Os minutos se passavam rápido enquanto Luna se afogava em pensamentos, pensava nos beijos, nas brincadeiras e risadas que havia dado desde que conheceu Jake. Tudo era tão estranho, seu primeiro beijo, primeiro namorado. Ela se deu conta de que nada em sua vida era normal e até já tinha se acostumado com isso. Seus pensamentos foram interrompidos quando percebeu que Jake olhava para ela.
— Posso ajudar? — Perguntou, mas ele apenas sorriu e voltou a escrever em seu caderno. Ela sorriu de volta e fez o mesmo. O último sinal tocou e eles arrumaram seus materiais escolares.
— Por que disse que minha avó não sentirá minha falta?
— Explico depois, confie em mim — eles saíram da sala e foram para o ônibus, Jake sentou-se ao lado de Luna e logo o ônibus deu partida. Ele agora preenchia o lugar que antes era de Kathy. Por algum motivo ele a beijou outra vez durante alguns longos segundos, Luna teve a mesma visão de antes, o céu azul, gramado verde e algumas folhas voando com o vento.
— Jake — ela o empurrou.
— Desculpe.
— Não é isso, lembra que quando estávamos no purgatório eu te disse que havia visto o céu e algumas árvores num tipo de visão.
— Sim, o que tem?
— Eu vi de novo.
— hm, deve ser coisa da sua cabeça.
— Não, eu consigo até sentir o vento e o barulho das árvores.
— Sabe o que significa?
— Não, o que?
— Que você tem que ir ao psicólogo.
— E digo o que a ele? Que eu tenho visões com o fim do mundo e que meu namorado é um demônio?
— Não esqueça de dizer que metade do inferno foi selado em sua alma, essa parte é essência para que ele entenda tudo.
— Ah claro. Mas mudando de assunto, estou preocupada com Kathy. Ela está se mudando tão repentinamente e nem ao baile irá mais.
— Problemas familiares, fazer o que né.
O ônibus parou no ponto onde Luna descia e Jake a acompanhou. Eles seguiram juntos lado a lado pela calçada bem iluminada.
— Como vamos ao parque, andando?
Jake segurou a mão de Luna e olhou em todas as direções para ver se alguém estava prestando atenção neles.
— Pronta? — ele perguntou
— Pra que?
— Pra isso — por alguns segundos tudo ficou escuro mas logo foi iluminado pelo brilho das luzes do grande parque de diversões que agora está a alguns metros deles. Luna olhou para os lados.
— Teletransporte, irado.
— Já disse que não é teletransporte, agora vamos.
Eles andaram até chegar na entrada onde deram seus bilhetes na recepção em uma das cabines e receberam em sua mão esquerda um carimbo que lhes davam acesso a todos os brinquedos.
— Que pessoa viemos ver?
— Pessoa? Que pessoa? — Ele sorriu.
— Não tem pessoa nenhuma, né?
— Apenas curta a noite, Luna. Por que como dizem, ela é uma criança — Jake a puxou pelo braço até um dos brinquedos, ele sabia que ela precisava dessa distração já que nada em sua vida voltaria ao normal depois daquela noite. Ele escondeu dela algumas informações que havia descoberto e muitas coisas mudariam na vida de ambos, mas até lá apenas a diversão falaria naquela noite enquanto eles corriam rindo em direção aos brinquedos como duas crianças de mãos dadas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Meu Vizinho É Um Demônio
Fantasia#1 Em Fantasia Luna, uma garota de 17 anos descobre que metade do inferno foi aprisionado dentro de sua alma e agora se vê presa junto a um demônio em uma grande batalha sobrenatural.