— Verdade.
— O planeta tem fim? — Luna mudou de assunto.
— Tudo tem fim.
— Mas a terra é redonda, não tem como ter fim — ela riu.
— É complicado te explicar.
— Não ligo, tenho todo o tempo do mundo então comece a contar.
— Deus criou a terra, certo?
— Certo.
— Então ela surgiu de um ponto específico e se espalhou criando massa e forma. Chamamos esse ponto inicial de confins da terra ou de fim mesmo.
— Mas se esse ponto foi o princípio, não tem lógica chama-lo de fim.
— Se pegarmos esse ponto e cruzarmos toda a terra, quando chegarmos nele novamente será o fim. Por isso tem esse nome, é o princípio e o fim. Confins e etc.
— Que lógica mais idiota.
— Eu sei — ele riu.
— Onde fica esse ponto aí?
— Você não precisa saber agora.
— O que vai buscar lá?
— Você saberá na hora certa, Luna. Deixe de ser tão curiosa
— Sempre esse papo furado de que eu saberei na hora certa. A hora certa é a hora que eu quiser saber.
— Vá dormir por que amanhã tem aula — ele a ignorou e se levantou da cama.
— Você vai?
— Não tenho escolha, preciso te proteger.
— E o Carlos?
— Ele não é mais problema nosso. Eu fiz a minha parte, se ele se recuperar, bem. Se não se recuperar, bem também. Não é como se a vida dele tivesse alguma importância para mim. Só existe um humano que eu quero proteger neste planeta medíocre, você.
— Por causa da sua vingança? — ela perguntou.
— Sim. Apenas por isso — ele andou até a janela e pulou.
No dia seguinte Luna abriu os olhos e avistou os raios fracos de sol refletindo contra a janela de seu quarto. Ela se levantou e pegou o celular para ver se Kathy havia deixado alguma nova mensagem mas não tinha nada, nem uma notificação sequer. Ela calçou os chinelos, ajeitou os cabelos e saiu do quarto indo em direção às escadas que davam na sala. Tudo estava muito silencioso.
— Vovó — chamou, mas ninguém respondeu. Ela andou pelos cômodos da casa e teve a conclusão de que sua avó devia ter saído para comprar algo ou simplesmente se sentar no banco da praça como sempre fazia em algumas manhãs. Luna tomou seu café e ficou ano sofá assistindo a TV, que passava alguns desenhos animados, ela não gostava mas a fazia lembrar de quando era uma pequena criança inocente e sem preocupações.
— Temos preocupações urgentes — disse Jake surgindo a atrás do sofá e assustando Luna, que acabou dando um pulo e derrubando o controle da TV.
— Jake, você não sabe bater na porta não?
— Sem tempo para portas, Luna. Temos assuntos urgentes a tratar.
— Preferia continuar viajando em pensamentos e lembrando de quando essas tais preocupações urgentes não existiam na minha vida — ela reclamou voltando a se sentar.
— Elas sempre existiram na sua vida, você só não sabia disso.
— Mas diga, que preocupações são essas que você chegou dizendo aí?
— Demônios, muitos estão sendo mandados para nos procurar. Uma legião inteira de demônios puxa sacos.
— É só você matar eles, ué.
— Sou um contra centenas.
— O que pretende fazer, então? — ela trocou de canal.
— Ainda não sei, em breve começará a ver coisas e esse será o primeiro sinal.
— Que coisas?
— Mais visões, piores do que as que você já vê.
Jake deu um pulo e caiu sentado no sofá, o balançando e derrubando o controle da TV outra vez.
— Demônio idiota, minha avó vai me matar se ela não conseguir colocar em suas novelas da tarde — disse ela recolhendo novamente o controle do chão e verificando para ver se ele continuava inteiro.
— Não esquenta, se a gente não der um jeito nas coisas a sua avó nem vai mais ter nenhuma novela para assistir mesmo — ele riu.
— Que bom que o fim do mundo soa engraçado para você, Jake.
— Humor em primeiro lugar, é o que eu sempre digo.
— Tenho certeza de que você pode matar facilmente todos esses demônios.
— Já falei que são muitos. Força contra quantidade, a quantidade sempre ganha.
— Não se a força ultrapassar — Luna mostrou língua e Jake ficou a observando enquanto assistia TV.
— Menina idiota.
— Como você se teletransporta?
— Não é teletransporte, eu apenas viajo entre dimensões, por isso desapareço.
— Entendi, mesma coisa que teletransporte então — ela riu.
— Nem sei por que eu ainda ínsito em dialogar com você, Luna.
— Tudo isso vai explodir minha cabeça.
— Depois das aulas você e eu teremos uma missão super importante para cumprir — aquilo atraiu a atenção da garota.
— Que missão?
— Saberá na hora, eu volto depois — Jake levantou-se do sofá e andou até a porta.
— Não morra! — ela gritou.
— Sou imortal — foi só o que ele respondeu antes de desaparecer do seu campo de visão.
Horas depois Luna ajudava sua avó que havia chegado da praça, as duas conversavam na cozinha quando alguém bateu na porta. Ela andou pela sala e foi em direção a porta, era Jake outra vez.
— Batendo na porta, isso sim é algo para comemorar.
— Sei que sua avó está em casa, não posso arriscar ficar aparecendo do nada.
— Entre.
— Não achou que eu ficaria aqui fora né — disse entrando rápido.
— Mau educado.
— Sou mesmo — resmungou.
Luna foi até a cozinha e inventou outra mentira para explicar o aparecimento de Jake outra vez em sua casa, em seguida voltou para a sala.
— Algo inusitado aconteceu.
— O que?
— O cara do coma ainda se lembra de mim.
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Meu Vizinho É Um Demônio
Fantasia#1 Em Fantasia Luna, uma garota de 17 anos descobre que metade do inferno foi aprisionado dentro de sua alma e agora se vê presa junto a um demônio em uma grande batalha sobrenatural.