Capítulo 27

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Na entrada havia um belo carpete vermelho e ao caminhar sobre ele era tão macio como uma nuvem, se é que nuvens são macias, ou assim imaginou.
— Obrigado por me deixar entrar.
— Todos os amigos do meu filho são bem vindos a minha casa, deseja comer algo ou beber?
— Não, obrigado.
— O que quer com ele, não me diga que está envolvido em problemas.
— Jake — disse Carlos entrando na sala, havia acabado de chegar em cada.
— Filho, voltou rápido.
— Estava apenas andando pelo quarteirão — disse ele encarando Jake.
— Bom, deixarei vocês aí. Se precisarem de algo estou na cozinha.

— Obrigado pela hospitalidade — Jake agradeceu sorrindo enquanto Carlos o observava, sabendo o motivo de sua visita repentina.
— As portas estarão sempre abertas — ela se dirigiu até a cozinha e Jake se virou para Carlos com um leve sorriso ameaçador.
— Mães. São sempre muito amistosas. Não é mesmo? — eles se olharam por alguns segundos até Carlos abrir a boca.
— O que você quer?
— Onde a Luna está? —  respondeu Jake com outra pergunta.
— Não sei nada sobre ela — ele mentiu descaradamente.
Jake levantou-se do sofá e andou até ele.

— Você tem três segundos para me contar ou eu matarei sua mãe bem diante dos seus olhos.
— Já disse que não sei do que está falando.
— Um — Jake começou a andar em direção a cozinha —  dois — Carlos desviou o olhar, confirmando que sabia de alguma coisa — três — Jake seguiu para o Hall mas foi interrompido.
— Não posso dizer.
— Então foi mesmo você — Jake voltou sua atenção para Carlos — diga onde a levou e eu deixo você viver, e a sua mamãe também, como brinde.
— Carlos ficou em silêncio por algum tempo antes de começar a falar
— Eles a levaram por sua culpa
— Eles?

— A ordem, eles estão de olho em você desde o dia em que pisou na cidade, mas a única coisa que você fez foi ficar ao lado de Luna o todo. Isso despertou a curiosidade deles. Por que uma jovem seria tão importante para um demônio.
— A ordem, caçadores? — Jake se interessou ainda mais pela conversa.
— Sim, mas preferimos ser chamados de A Ordem.
— Então você é um membro?
— Sou novato, me acidentei no mesmo dia em que me tornei um deles e quando contei o que houve no purgatório eles resolveram sequestrar Luna para atrair você e descobrir os seus planos.
— Idiotas — Jake riu.

— A maior duvida deles é como você consegue possuir esse corpo sem demonstrar sinais de possessão como os demais demônios.
— isso não é da conta de vocês. Agora você virá comigo.
— Eu? Por que? Já respondi as suas perguntas. Me deixe em paz.
— Vai me levar até o local onde Luna está presa.
— Ela não está presa, a ameaça não é ela e sim você.
— Essa ordem não sabe nada sobre a Luna, me leve até eles ou não serei tão bonzinho daqui pra frente.
— Não tenho medo de você.

— E nem precisa, tenha medo de perder sua família pois se não colaborar é isso que vai acontecer. Agora me leve logo até eles.
Aquelas palavras fizeram Carlos temer pelos seus pais, mas ele estava ciente de que os demônios sempre usariam a sua família contra ele, foi alertado sobre isso pela ordem. De que muitas das vezes iria precisar sacrificar as pessoas que amava pelo bem maior, mas ele não estava disposto a fazer esse sacrifício agora então decidiu que iria levar Jake até o esconderijo e ambos saíram da casa. O lugar onde Luna estava não ficava longe dali. O céu  estava escurecendo e Jake só pensava em vê-la de novo, não devia ter se ausentado tanto mas também não teria como adivinhar que haviam ameaças naquela cidade além dos demônios.

— Eles vão me matar ao me ver chegando com você — Carlos parecia preocupado.
— Talvez matem mesmo — concordou Jake sem empatia alguma. No fundo até desejava isso, seria uma punição a altura.
— Mas tenho certeza de que vão matar você primeiro.
— Eles podem tentar.
— Não é o primeiro que eles enfrentam e não será o último.
— Como sabe, pelo que me disse você é apenas um novato. E por que diabos escolheram você? Estava se borrando todo no purgatório.
— Disseram que é algo no sangue, como se fosse uma descendência de caçadores. Por isso meu corpo se recuperou tão rápido do acidente.
—  Isso explica muita coisa, principalmente o fato de você não ter perdido a memória.

Andaram por mais alguns minutos até chegarem a uma grande casa de muros altos e um enorme portão de grades.
— É aqui — Carlos parou de andar.
— Se estiver mentindo vai morrer antes que possa pensar em correr. Agora só preciso entrar sem ser visto.
— Você já foi visto — Carlos apontou para cima e no muro mais próximo havia uma câmera. Jake se virou para Carlos e ele agora segurava uma arma. Ele atirou e uma forte descarga elétrica percorreu todo o corpo de Jake e ele caiu no chão inconsciente. Não devia ter subestimado a astúcia dos caçadores em criar armas capazes de imobilizar demônios.

Ao retomar a consciência ele ficou alguns segundos com a visão ofuscada, mas instantes depois conseguiu enxergar tudo. Estava em uma grande sala vazia e a sua frente duas pessoas o esperavam acordar. Uma dessas pessoas era Carlos, a outra estava de máscara e capuz. Jake tentou se mover mas foi em vão, só agora percebeu que estava sentado a uma cadeira metálica e seus braços presos a ela por dois aros feitos do mesmo material.

Meu Vizinho É Um DemônioOnde histórias criam vida. Descubra agora