— Sabe quanto tempo Lúcifer levou para fazer isso, milhares de anos. Ele vai acabar com você se tentar estragar os seus planos.
— Estou morrendo de medo — Jake apontou a foice para o demônio — e aí, como vai ser? Vai me dar o coração ou terei que pegar a força?
— Meu coração, um dos itens mais preciosos do inferno. O que pretende fazer com ele?
— Pelo que bem sei ele tem o poder de nós levar até os confins da terra, e digamos que tem algo lá que eu vou precisar.
— Confins da terra, entendo. O fim do mundo — o demônio riu — mas eu nunca te darei nada.
— Que seja então, vou arranca-lo a força — Jake brandiu a foice e se colocou em posição de ataque.
— Agora entendo — a criatura voltou a falar.
— O que entende? — Perguntou Jake ao demônio.
— O que quer tanto buscar nos confins da terra — voltou a rir — que tolice, muita tolice. Isso nunca dará certo.
— E o que vou buscar la?
— E seu... — antes que aquele demônio terminasse de falar, a foice de Jake cruzou o seu pescoço em uma velocidade impressionante. Luna e Carlos nem se quer conseguiram assimilar o que havia acabado de acontecer bem diante de seus olhos humanos.
— Essa velocidade, o que é tudo isso, quem são vocês de verdade? — Perguntou Carlos com os olhos ainda vidrados na cena.
— Miserável — o demônio levou a mão ao ferimento em seu pescoço enquanto vociferava. Ele caiu de joelhos e mesmo naquela posição o seu corpo ainda era maior que o de todos ali presentes.
— Nenhum de vocês me impedirá — falou Jake com um tom de ódio.
— Vai falhar, seu imundo — a criatura insistia em desafia-lo mesmo sabendo que não era pareô.
Jake girou novamente a foice e sem piedade alguma a cravou fundo no peito do demônio, em seguida a puxou novamente e uma pedra azul brilhante veio presa a lamina. O demônio se despedaçou aos poucos e estes pedaços foram derretendo até desaparecerem entre as fendas do asfalto. Jake segurou a pedra e em seguida olhou para Luna.
— O que é isso? — Perguntou ela andando em direção a ele. Carlos a seguiu mas a todo momento olhava para as mesmas fendas onde a criatura cinza havia desaparecido, todo cuidado parecia ser pouco ali naquele lugar misterioso.
— O Coração dele.
— Gente, eu não quero ficar aqui não — Carlos apresentava desespero ao falar e novamente todo o lugar começou a tremer. Em breve tudo iria desaparecer.
— Luna, precisamos sair rápido — Jake a alertou.
— Mas e eu? — Perguntou Carlos já sabendo qual seria a resposta de Jake.
— Você ficará aí.
— Não, Jake. Vamos leva-lo — Luna fez uma reclamação seguida de exigência.
Os prédios próximos a eles começaram a virar cinzas e estas eram levadas pela brisa gelada do ambiente. Jake guardou a pedra em um dos bolsos e segurou o braço de Luna na intenção de tira-la dali o quanto antes.
— Não tem como leva-lo, agora venha — ele a puxou pelo braço e Carlos continuou a segui-los.
— Me solta — ela tentou se livrar de sua mão mas não conseguiu.
— Não.
— Demônio idiota.
— Você é um demônio? — Perguntou Carlos.
— Se continuar nos seguindo eu lhe mostrarei.
— Não liga não, ele só está querendo bancar o durão mesmo, para um demônio ele é bem fofinho e legal.
— Corrigindo, essa é a imagem que você tem de mim, Luna.
— Para onde está me levando?
— Não sei, apenas sinto que é por aqui.
Luna se soltou e parou de andar.
— Você sabe sair daqui, né? — ela perguntou.
— Bom, pra ser sincero eu acho que sei. Adoro viver na base do improviso.
— Como assim mais ou menos, quer nos matar?
— De certa forma não iríamos morrer, apenas nossos corpos acabariam entrando em coma, como o seu amigo ai — ele apontou para Carlos.
— Ele virá com a gente.
— Claro, só não conseguirá sair — Jake riu. Ver Carlos naquela situação havia despertado nele um ótimo sentimento de alegria e humor.
— Como vamos sair desse lugar se nem mesmo você sabe? — quis saber Luna
— Já estive aqui antes — Jake parou de andar e olhou para os lados, parecia procurar algo.
— O que foi?
— Achei.
— O que?
— Agua.— Não faz sentido, para que precisamos de água?
— Apenas precisamos, agora pare de fazer perguntas desnecessárias e apenas me obedeça. Sinto cheiro de água aqui perto.
— Mas água não tem cheiro — comentou Carlos irritando Jake
— Concordo com ele — Luna assentiu.
— Vocês humanos são fracos em tudo, não conseguem sentir nada nem se esfregássemos em suas caras.
Eles andaram por aquelas ruas cheias de rachaduras e um vento frio chocava-se contra a pele de cada um deles. Carlos estava preocupado com seu destino, seria tudo aquilo um sonho? Se perguntava com medo da própria resposta. Eles caminharam em uma pequena trilha de terra que os levava para dentro de uma floresta com grandes árvores negras cheias de olhos e bocas. Passaram alguns minutos seguindo Jake floresta a dentro e sempre andavam bem perto a ele, caso algo atacasse, estariam protegidos.
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Meu Vizinho É Um Demônio
Fantasi#1 Em Fantasia Luna, uma garota de 17 anos descobre que metade do inferno foi aprisionado dentro de sua alma e agora se vê presa junto a um demônio em uma grande batalha sobrenatural.