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  Doe***



Fazia três semanas sem uma única palavra de Harry. Eu estava começando a perder a esperança de que ele iria voltar para mim.

A missão de Tanner para me ajudar a lembrar da minha vida continuou, convicto pela revelação de que me lembrei de o amar quando éramos crianças. Tentei lhe explicar que era uma memória, não um sentimento atual, mas eu sabia que Tanner olhava como um passo para trazer o que nós tínhamos tido no passado.

- Como estão as consultas com o terapeuta? - perguntou o senador, cortando bife, o sangue jorrando da carne, inundando o prato com vermelho. Ele esfregou a peça com seu garfo no molho antes de o levar a boca e puxar do garfo com os dentes.

Foi a primeira vez que eu estava sentada em uma refeição real com o meu pai, minha mãe mais uma vez no "SPA" ou onde quer que ela diga estar. Mas, apesar de meu cérebro irritado me dizendo que eu não deveria estar nervosa, eu ainda estava limpando as palmas das mãos úmidas em minhas calças jeans.

Will estava cochilando no sofá a alguns metros da mesa de jantar redonda onde nos reunimos.

- Ok, eu acho. Eu realmente não sei como essa coisa irá funcionar, apesar de tudo. - na realidade, o terapeuta mal me fez qualquer pergunta e em duas ocasiões, ele cochilou durante a sessão.

- Bom. Eu quero que você continue suas visitas com ele. Temos algumas aparições públicas chegando que eu gostaria que você estivesse presente. Há um evento de caridade para a campanha em algumas semanas. Estamos o realizando no quintal da familia Redmond, a casa dos pais de Tanner. - disse o senador, fazendo o evento soar mais como uma reunião de negócios, do que em vez de uma festa.

Eu franzi o nariz e cutuquei o meu jantar com o meu garfo.

- Eu não sei se isso é uma boa idéia. Eu suponho que deveria saber quem são essas pessoas. Não vai parecer óbvio quando eles começarem a falar comigo e eu olhar para eles como se tivessem trinta cabeças? - perguntei.

- Ray, você nunca gostou do que eu faço para viver. Você realmente nunca aceitou ser a filha de um senador. - disse meu pai, sentado em frente na sua cadeira. - Não seria incomum para você não saber quem são essas pessoas.

- Ray, poderia ajudar com a sua memória. Você deve vir. - Tanner interveio suavemente. Tentar recuperar a minha memória seria a única razão pela qual eu concordaria em desempenhar o papel de "filha obediente".

- Minha mãe vai estar lá? - perguntei.

O senador manteve os olhos em seu prato.

- Sim, ela comparece a todas as funções de campanha. É parte de nosso acordo...

Eu bufei.

- Ela respeita a todas as funções, mas ela está de alguma forma esquecida de cuidar e respeitar a sua própria vida. - eu murmurei.

O senador suspirou.

- Sua mãe... ela me culpa por... bem, tudo. - disse o senador. — É difícil para ela estar em torno de tudo isso muito tempo. Ela começa a ficar inquieta. - e por um simples lampejo de um segundo, eu me senti quase mal por ele. Por um décimo de milésimo de segundo pensei que eu vi um pequeno vislumbre de um homem que não era um senador em tudo, mas um marido frustrado com uma esposa infeliz.

Ele parecia quase... humano. Mais uma vez seus olhos focaram em mim e ele continuou:

- Você vê, Ray, quando você estava grávida de William, tomámos todas as precauções possíveis para não alertar a mídia de sua "condição". E naquela época, eu não carregava o cargo que eu carrego agora, então foi mais fácil manter as coisas escondidas. Mas agora que você está de volta, depois de partir para Paris durante o verão, como eu os tenho levado a crer, vai ser bom para você aparecer. Eles já viram William, e várias chamadas de meus contatos para o meu escritório foram perguntando sobre quem ele é. Algum repórter do jornal local chegou ao ponto de olhar a certidão de nascimento. Então, agora parece que temos uma situação em nossas mãos que requer uma solução delicada... - ele limpou a boca com o guardanapo de linho e o colocou no meio do seu prato vazio. - E, é claro que você não se lembra, mas nós tivemos conversas profundas sobre o que era melhor para a nossa família. E para sua nova família. - o senador fez um gesto para Tanner e, em seguida, em direção ao sofá. - Agora é um momento melhor do que qualquer outro. Você não precisa fazer um grande espetáculo sobre isso, apenas uma visita ao cartório. Algo no papel para a mídia ver essa união de vocês e William como filho legítimo. Vocês não tem que viver juntos, não se você não está pronta. É apenas a documentação que precisamos agora para deter quaisquer fundos da campanha.

- Você quer que nós... nos casemos? - eu perguntei. Minha mão enrolou firmemente em torno do guardanapo no meu colo. A mão de Tanner chegou debaixo da mesa e cobriu a minha.

O senador pigarreou.

- Se você não fizer isso, há uma grande possibilidade de que eu perder a eleição, porque a minha campanha está fortemente baseada em valores familiares conservadores. Ao longo dos anos, eu passei uma grande parte do tempo angariando apoio por causa desses valores em que estou junto. Se você não fizer dessa família de vocês algo legítimo, eu corro o risco de parecer uma fraude e deixando com ódio todas as pessoas que eu beijei a bunda desde o primeiro dia, para conquistar isso. Isso poderia evoluir para o mais rápido escândalo político que este estado já viu.

- Eu não entendo como as minhas decisões afetaria sua campanha. Não é sua vida. É a minha. - argumentei.

- Não, claro que você não entende. - disse o senador, apertando a ponte de seu nariz. - Mas entenda isso, mesmo se a minha campanha sobreviver ao escândalo da sua gravidez na adolescência, ela nunca iria sobreviver a um caso tórrido com um criminoso condenado, mais velho que você. Eu não iria sobreviver até o fim do meu mandato, se quer ao final da eleição. - ele cruzou as mãos sobre o prato. - Mas se você fizer isso, se você casar com Tanner, então eles não vão ter necessidade de olhar mais fundo sua vida e espero que o nome King nunca apareça em nossas vidas.

Este é o lugar onde o senador e eu discordamos. Eu não queria nada mais do que Harry ser uma parte da minha vida.

- E sobre o que Tanner quer? Você nem sequer perguntou a ele. - eu disse.

Tanner permaneceu quieto, empurrando ao redor da comida em seu prato.

- Basta pensar nisso. - disse o senador, se levantando da mesa. Ele balançou a cabeça e saiu da sala sem dizer mais nada.

Tanner ainda estava segurando minha mão debaixo da mesa. Eu disse que precisava tomar um gole de água como uma desculpa para puxar minha mão da sua. Eu tremia quando eu levantei o copo à boca, o tilintar do copo contra os meus dentes.

O pânico se estabeleceu de repente e eu deixei cair o copo que eu estava segurando quando o meu peito se apertou até o ponto de constrição da minha respiração. Com minhas mãos entrelaçadas em torno de minha garganta, eu vi o copo caindo da mesa de madeira e foi ao chão, se quebrando em um milhão de pedaços afiados, a água correndo como um rio em cada canto e no vão das tábuas do assoalho.

O senador queria que eu me casasse com Tanner, a fim de ajudar a sua campanha e carreira. Tanner queria se casar comigo porque ele estava ansioso para retomar onde havíamos parado antes de eu ter perdido minha memória.

Mas o que eu quero?

Eu queria Willial. Eu queria Harry. E eu queria Tanner na minha vida, mas ainda não tinha certeza de como se encaixaria.

Mas nada disso importava. Porque se eu me casasse com Tanner, mesmo no papel, não havia dúvida de que isso não viveria o suficiente para ver o nosso primeiro aniversário de casamento.

Com Harry eu era forte, intencional e determinada. Eu gostava de quem eu era quando eu estava com ele.

Mas aqui era a casa que eu tinha crescido, cercada por pessoas que eu conhecia por toda a minha vida.

E eu não tinha idéia de quem eu era...


CONTINUA...  

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