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  Doe***



Passei os próximos três dias em meu quarto, sozinha. Apenas saia da cama para um banho rápido e mudar de roupa. Mas eu não dormia. Eu não conseguia dormir com exceção de um cochilo aqui e ali quando meu corpo argumentava que estava cansado, enquanto o resto de mim estava em alerta máximo.

Era meia-noite quando eu acordei de um cochilo e me encontrei na escuridão. O pânico começou me dominou. Tentei respirar profundo, mas eu não conseguia puxar o ar para meus pulmoes. Eu tentei ligar a tv, mas me atrapalhei com o controle remoto, mas quando eu o peguei e apertei todos os botões nele, nada aconteceu. Disposta a continuar procurando por uma fonte de luz, eu procurei em volta na parede ao lado da cama por um interruptor, mas não consegui encontrar um.

Finalmente, eu corri para a janela e empurrei as cortinas, esperando que a luz da lua fosse o suficiente para me permitir recuperar o fôlego por um segundo. Não tive essa sorte. Nuvens de tempestade pairavam no ar através do céu, vibrando o chão debaixo dos meus pés. Tudo o que eu conseguia pensar era que eu ia morrer de puro pânico.

Me agachei no chão e passei meus braços em volta dos meus joelhos. Meu peito estava tão apertado. O quarto girou em torno de mim, os livros na prateleira se misturaram em minha mente. Foi então que eu finalmente percebi uma coisa. Talvez meu pânico não era sobre estar sozinha no escuro. Talvez fosse apenas sobre estar sozinha.

A única pessoa que eu senti qualquer tipo de ligação com a vida nova/velha era William, e eu só tinha visto ele por uma questão de minutos. E com a forma como Tanner e eu tínhamos deixado as coisas, eu não sei quando eu seria capaz de vê-lo novamente.

Talvez nunca mais. Eu poderia ter dito a mesma coisa sobre Harry.

De repente, senti como respirar o ar naquela casa, naquele quarto, era como inalar o veneno. Quanto mais eu o respirava, mais eu sentia como se eu fosse morrer ali mesmo no chão do quarto que eu não me lembrava.

Eu iria sufocar. Eu tinha que dar o fora dali.

Eu não me incomodei com sapatos. Ainda de shorts e regata que eu usava para dormir, eu subi e abri a janela. Eu me atrapalhei até que minhas pernas estavam penduradas sobre a borda da janela, assim como Tanner havia feito. Não havia nada além de escuridão sob os meus pés.

Agarrada a moldura da janela com um braço, eu estendi o outro para o ramo de árvore que eu sabia que estava lá. O segundo que minha mão o tocou, uma sensação de familiaridade me cercou. A árvore e eu tínhamos sido por muito tempo conhecidas, eu tinha certeza disso. Eu talvez não soubesse para onde olhar ou o que me agarrar, mas meu corpo sabia.

Sem um único passo em falso, eu consegui me abaixar para o ramo de árvore e com um segundo tipo de precisão natural, eu encontrei um ramo para agarrar e apoiar o meu pé, sem pensar muito em tudo. Em um ponto, sem saber exatamente onde a terra estava debaixo dos meus pés, eu me senti à vontade para saltar.

Então eu fiz.

Lâminas afiadas da grama grossa picaram as solas dos meus pés com o impacto. Me agachei para me preparar quando eu pousei. Quando me levantei e a luz da lua veio à vida, quebrando a escuridão da noite. Tanner devia saber onde pisar, sem precisar da luz.

E então eu corri.

Correndo pelo quintal, levantando água, grama e lama para as costas dos meus traseiros, eu corri tão rápido como eu poderia fazer com minhas pernas curtas.

Havia uma cerca baixa de ferro ao redor da propriedade onde terminava nos arbustos, definindo o fim do quintal. A folhagem natural agia como seu próprio tipo de cerca. Corri diretamente para a cerca abrindo um pequeno túnel no mato, e quando me abaixei para ele, manobrei como se eu tivesse feito isso mil vezes antes. Folhas e espinhos ambos lamberam e picaram meus cotovelos, puxando meu cabelo quando eu passei, mas continuei até que cheguei do outro lado do caminho para uma pequena praia.

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