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  Doe ***

Ele era o garoto na porta ao lado. Com esse último beijo, ele tinha sido substituído com o monstro da minha memória. Aquele beijo trouxe tudo à tona e, o que eu vi, sacudiu meus ossos.

- Eu vou correr para minha casa e pegar a caminhonete. Eu te encontro lá na frente, em sua varanda, pode ser em trinta minutos? - ele perguntou.

- Trinta minutos. Sim. - eu assenti. Com um pequeno aceno, eu me virei e corri até a casa, praticamente caindo novamente, em frente a porta de vidro de correr. Eu fiz o meu caminho até as escadas e corri para o meu quarto. Eu abri a gaveta de cima da penteadeira onde eu tinha escondido o telefone que Harry tinha me dado, abri as gavetas e enviei as meias e telefone para o outro lado do quarto. Eu mergulhei corri para o telefone e apertei o botão de discagem rápida. O telefone tocou várias vezes.

- Vamos lá, atende! - orei, nervosamente tocando meus dedos sobre o tapete. Quando não estava respondendo, enfiei o telefone no bolso de trás. Eu peguei uma mochila para lançar algumas coisas nela, mas olhando em volta naquele quarto, não havia nada lá que eu realmente precisava. Nada do que eu queria. As únicas coisas essenciais para mim eram William e Harry. E um deles estava dormindo no corredor. Eu tentaria ligar para Harry novamente depois que eu pegasse William do seu quarto.

- Nadina! - gritei pelo corredor. Os únicos sons estavam vindo do andar de baixo, o zumbido da geladeira e da máquina de lavar louça trabalhando. - Nadina! - eu chamei novamente. - Eu preciso que você tire seu carro da garagem. Vou explicar quando estivermos na estrada, mas nós temos que sair agora!

Eu abri a porta do quarto de William. Virei à maçaneta o mais silenciosamente que pude a fechando novamente atrás de mim com um clique suave. Eu esperava que Nadina tivesse me ouvido e estava pegando o carro. Eu fui nas ponta dos pés até a pequena cama de Will. Me inclinando sobre as grades, eu esperei ver o meu homenzinho sonolento com seu cabelo apontando em um milhão de direções, segurando o cobertor de motos favorito.

Mas William não estava em sua cama. Ela estava vazia.

A luz acendeu e todos os pêlos do meu pescoço e braços se arrepiaram.

- Que beijo fodido você deu. - disse uma voz, me assustando tanto que eu saltei e bati em uma pilha de brinquedos de William, que veio a vida em uma explosão de música e luzes piscando.

- Tanner. Eu pensei que você estava nos esperando na frente? Onde está William? - eu tentei esconder o tremor na minha voz. Eu caí para trás e pousei em algo macio, mas não podia ser movido. Quando me virei para ver o que era, eu dei de cara em uma Nadina imóvel. Seus olhos eram desfocados e estavam olhando para frente. Sua boca ainda aberta, como se tivesse sido surpreendida.

Morta. Nadina estava morta.

- Que porra é essa que você fez! - eu gritei. Tanner levantou de onde estava sentado na cadeira de balanço que eu costumava balançar William para dormir. - Onde diabos está meu filho?!

Tanner se ajoelhou sobre mim e sorriu. Mas não era o mesmo sorriso comercial de pasta de dentes que eu tinha visto antes. Não havia nenhum menino perfeito por trás da expressão ameaçadora e enlouquecida pelo olhar em seus olhos.

- Você costumava me beijar como se eu fosse a pessoa mais importante do mundo. - ele disse quando ele estendeu a mão e correu o polegar sobre meus lábios. Eu empurrei minha cabeça para longe, mas ele agarrou meu queixo e puxou de volta para ele. - Você costumava me amar! - ele gritou.

- Em algum momento eu provavelmente amei. - eu balancei minha cabeça. - Mas eu não me lembro. - eu menti.

Tanner recuou, me entregando um tabefe como punição no meu rosto.

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