Capítulo 22

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Um ano depois da minha mudança para Nova York, percebi que a minha vida tinha virado de ponta cabeça. Apesar de sentir falta dela, eu tinha outras aos meus pés. Eu sempre tive, mas agora, com a ausência dela eu tinha voltado a ser vazio. Até aquele Natal.

Fui até a caixa de correspondências e percebi que tinha uma carta a mais, além das contas. E era dela.

Voltei para dentro de casa, o tempo estava frio, fazendo com que eu sentisse ainda mais falta dela. Abri o envelope e comecei a ler.

"O tempo passou e as coisas começaram a mudar, você foi chamado para gravar seu primeiro filme, e eu, é claro não conseguia conter o meu orgulho. Era o seu sonho virando realidade após você fazer o meu ser real também.

Decidimos então por dar um tempo. Optamos pela decisão mais fácil/difícil no momento. Você se mudou pra Nova York e eu permaneci em Los Angeles. Permanecemos trocando mensagens, ligações e algumas chamadas de vídeo por mais ou menos um mês depois do nosso suposto fim. Depois disso, nossos horários nunca batiam e decidimos então, pôr um fim em tudo de uma só vez.

É o meu primeiro Natal sem você, e acho que um Natal nunca esteve tão preto e branco, nem quando meu primeiro cachorro, o Scooby morreu. Cada vez que a campainha toca, eu tenho a certeza que é você, mas nunca é. Aparece uns tios meus que eu não vejo há uns dez anos, mas você que não aparece há um ano não vem. Manda notícias por favor, me diz se está bem, se está comendo direito, ou dormindo, quem sabe se já encontrou alguém para substituir o que nós dois tínhamos. Só manda um sinal que está feliz. Por favor, amor meu.

As lágrimas agora estão me impedindo de continuar o que tenho a te dizer, quem sabe no ano novo apareça alguma outra carta minha para você. Nunca esqueça que o meu coração, o quase coração de pedra de Samantha Blanchard sempre será seu, Cameron Dallas.

Eu te amo muito, e obrigada por continuar sendo a minha âncora. Merry Christmas, Sunshine."

Eu sentia tanta falta dela, eu mal podia conter a felicidade em saber que ela também sentia a minha. Mas ao mesmo tempo, me sentia mal por não ser mais como ela achava que eu era.

Muita coisa havia mudado, eu havia mudado. A quantidade de mulheres com que eu tinha saído teria triplicado desde que cheguei aqui. Eu tive alguns problemas com bebidas, agora tudo se tornava ainda mais intenso.

Coloquei um pouco de uísque e gelo num copo, e voltei a ler o que ela tinha me escrito. Era tudo tão confuso.

Como ela consegue sentir a minha falta desse jeito? Como que depois de tudo, das notícias que saíam em jornais e revistas, ela ainda conseguia sentir a minha falta? Como que eu, depois de tudo que fiz, depois do tanto de mulheres que eu saí, ela ainda continuava sendo a única que me faz bem?

***

Eu não estive presente no Natal dela, e hoje, no último dia do ano, não seria diferente, mas eu não podia deixá-la sem lembranças minhas. Eu queria que ela soubesse que apesar de tudo, eu ainda era dela. Apesar de todos os desencontros dessa maldita vida.

"Sam, minha menina, queria que você soubesse o quanto eu sinto sua falta. Você sabe disso desde o dia que nos despedimos lá no aeroporto. Quando eu te deixei com os olhos vermelhos de tanto chorar, mas você estava feliz, não estava? Você disse a mim que estava. E eu acreditei em você. Mas depois da carta que você me mandou, eu percebi que não era verdade. Você sofre até hoje por eu não estar contigo.

Como você sabe, muita coisa mudou, você deve ter visto a quantidade de notícias em que eu apareci, e em todas elas tinham mulheres, você deve ter achado que eu segui em frente. E bom, eu realmente segui. Eu voltei a ser tão vazio quanto era quando nós dois nos odiávamos. Eu quero ser sincero com você. Não me espere, eu creio que se for para acontecer, nós vamos dar certo quando a vida resolver que vamos nos encontrar novamente, mas por enquanto, não me espere.

Viva a sua vida, aproveite seus dias, você é uma garota incrível e não merece ficar esperando por um cara como eu, Samantha, eu sou vazio, eu nasci pra ser vazio. Eu não quero te fazer sofrer ainda mais.

Eu sei que o fim é parte mais dolorida, e eu não estou sabendo lidar muito bem com ele. Mas olha, não precisa me escrever mais. Eu não quero ser grosseiro, mas eu preciso que você entenda que eu segui a minha vida, e você deveria fazer o mesmo, por mais dolorido que seja.

Não posso mentir, eu ainda te amo, e provavelmente, você sempre será a única mulher que eu vou amar. Feliz ano novo, Sam.

Seja a sua própria âncora, princesa. Com amor, Cameron Dallas."

– Jeff. – gritei e o mordomo apareceu. – Leve isso aqui aos correios.

– Sim, senhor Dallas. – Jeff disse ao pegar o envelope. – Deseja mais alguma coisa?

– Providencie passagens para Los Angele, pretendo passar uns dias com a minha família.

O homem de cabelos grisalhos assentiu e se retirou.

Eu iria voltar, eu voltaria pra ela. Mas não exatamente por ela. Flashbacks do último dia em que nós nos vimos passavam na minha mente.

Ela chorava no saguão do aeroporto, pedindo com todas as forças que tinha para que eu não a esquecesse, e que não esquecesse do que tivemos, e eu não o fiz. Nenhuma das mulheres com quem saí aqui tinham o toque dela, o cheiro ou o gosto que Samantha tinha.

Eu odeio o nosso fim, eu odeio sentir falta dela, ainda que eu tenha pedido para ela seguir em frente, eu não queria que isso acontecesse de verdade. Ela é minha, nós nascemos um para o outro.

Meu telefone tocou.

– Alô?

– Cara, ela sente muito a sua falta, dá um jeito de vir visitá-la qualquer dia desses. – a voz do meu amigo disse.

– Eu não sei se posso. – menti. Afinal, euestava voltando qualquer     

20 Coisas que eu odeio em você | Cameron DallasOnde histórias criam vida. Descubra agora