Capítulo VII - Interrogatório na Clareira

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Resignado ao seu destino e em companhia de dois cavalos — um dos quais apresentava um comportamento estranho desde que encontrara os ditos cogumelos — Legolas resolveu afiar as suas facas e fazer uma contagem de suas flechas, para passar o tempo. De vez em quando perdendo-se em pensamentos ao observar as estrelas que se apagavam com o passar da madrugada e o alvorecer de um novo dia. 

Alisava atentamente as penas negras e curtas na haste de uma flecha que recebera da Sombra, quando ouviu um estalo e passos leves se aproximando na trilha. O elfo não se moveu, esperando que os seres que se aproximavam logo chegassem à clareira. Revirou os olhos azul acinzentados quando teve uma lâmina élfica apontada para o seu pescoço.

— Ora, ora, o que temos aqui, Elladan? — zombou um elfo de cabelos negros e olhos cinzentos, trajado em malha brilhante sob um manto de prata acinzentado.

— Creio que seja nosso velho amigo Legolas, pego desprevenido, Elrohir — falou outro elfo, muito difícil de distinguir dada a semelhança com o primeiro.

— Se vocês fossem perigosos, suas cabeças já estariam penduradas naquelas árvores — o elfo loiro estreitou o olhar para os gêmeos à sua frente, enquanto se levantava.

Os três encararam-se por um longo momento, até explodirem em risadas melódicas,após embainhar suas espadas, os gêmeos alternaram para abraçar o velho amigo.

— É uma alegria revê-los, mas o que estão fazendo por essas florestas? — perguntou Legolas, sentando-se novamente e indicando os troncos próximos para os amigos, filhos de Elrond.

— Pegamos o costume de vagar pelo mundo, frequentemente indo para longe com os guardiões do Norte, você bem sabe — começou a responder Elladan, sentando ao lado do irmão.

— Mas dessa vez viemos visitar o nosso avô, em Lórien Leste, e quando estávamos de partida ouvimos os rumores de sua chegada — completou Elrohir, trocando um olhar com o gêmeo.

— E que estava vindo sem uma comitiva ou guardas, apenas acompanhado por uma figura sombria — acrescentou o outro, arqueando as sobrancelhas e olhando curioso para o elfo louro que os observava.

— Verdade, eu estava a guiando, de certa forma...

— Oh, é ela? — interrompeu um deles, com um sorriso malicioso.

— Será que Legolas finalmente encontrou uma companheira que suportasse por mais de uma semana, irmão? — perguntou o outro, partilhando do mesmo sorriso.

— Não — retrucou o elfo louro, olhando irritado de um para outro, silenciando-os. — Como eu disse, só estava a guiando, não podia deixá-la sozinha em minha floresta.

— É claro — ecoaram os gêmeos, desacreditados. 

Ao que o louro só estreitou ainda mais os olhos para eles, alertando-os para o perigo.

— Então, onde ela está? — Elladan perguntou, olhando à volta e só encontrando o cavalo do amigo, Aerlinn, e um corcel negro. Que observou com admiração. – Aquele é um mearas?

—Sim, Rauthar é um Mearas, embora possua um temperamento peculiar —confirmou Legolas, olhando para o animal, antes de acrescentar, voltando os orbes acinzentados para o céu que clareava. — E ela foi encontrar um velho amigo.

— E te deixou cuidando dos cavalos? — disse Elrohir, não aguentando e soltando uma gargalhada, ao que o irmão também começou a rir, divertido com a situação. 

Felizmente Legolas era gentil e tinha um bom humor, senão já estariam mortos.

— Vocês não deveriam voltar para Imladris?— cortou o príncipe da Floresta das Folhas Verdes, voltando o olhar intrigado para os amigos.

A Sombra do NorteOnde histórias criam vida. Descubra agora