Resignado ao seu destino e em companhia de dois cavalos — um dos quais apresentava um comportamento estranho desde que encontrara os ditos cogumelos — Legolas resolveu afiar as suas facas e fazer uma contagem de suas flechas, para passar o tempo. De vez em quando perdendo-se em pensamentos ao observar as estrelas que se apagavam com o passar da madrugada e o alvorecer de um novo dia.
Alisava atentamente as penas negras e curtas na haste de uma flecha que recebera da Sombra, quando ouviu um estalo e passos leves se aproximando na trilha. O elfo não se moveu, esperando que os seres que se aproximavam logo chegassem à clareira. Revirou os olhos azul acinzentados quando teve uma lâmina élfica apontada para o seu pescoço.
— Ora, ora, o que temos aqui, Elladan? — zombou um elfo de cabelos negros e olhos cinzentos, trajado em malha brilhante sob um manto de prata acinzentado.
— Creio que seja nosso velho amigo Legolas, pego desprevenido, Elrohir — falou outro elfo, muito difícil de distinguir dada a semelhança com o primeiro.
— Se vocês fossem perigosos, suas cabeças já estariam penduradas naquelas árvores — o elfo loiro estreitou o olhar para os gêmeos à sua frente, enquanto se levantava.
Os três encararam-se por um longo momento, até explodirem em risadas melódicas,após embainhar suas espadas, os gêmeos alternaram para abraçar o velho amigo.
— É uma alegria revê-los, mas o que estão fazendo por essas florestas? — perguntou Legolas, sentando-se novamente e indicando os troncos próximos para os amigos, filhos de Elrond.
— Pegamos o costume de vagar pelo mundo, frequentemente indo para longe com os guardiões do Norte, você bem sabe — começou a responder Elladan, sentando ao lado do irmão.
— Mas dessa vez viemos visitar o nosso avô, em Lórien Leste, e quando estávamos de partida ouvimos os rumores de sua chegada — completou Elrohir, trocando um olhar com o gêmeo.
— E que estava vindo sem uma comitiva ou guardas, apenas acompanhado por uma figura sombria — acrescentou o outro, arqueando as sobrancelhas e olhando curioso para o elfo louro que os observava.
— Verdade, eu estava a guiando, de certa forma...
— Oh, é ela? — interrompeu um deles, com um sorriso malicioso.
— Será que Legolas finalmente encontrou uma companheira que suportasse por mais de uma semana, irmão? — perguntou o outro, partilhando do mesmo sorriso.
— Não — retrucou o elfo louro, olhando irritado de um para outro, silenciando-os. — Como eu disse, só estava a guiando, não podia deixá-la sozinha em minha floresta.
— É claro — ecoaram os gêmeos, desacreditados.
Ao que o louro só estreitou ainda mais os olhos para eles, alertando-os para o perigo.
— Então, onde ela está? — Elladan perguntou, olhando à volta e só encontrando o cavalo do amigo, Aerlinn, e um corcel negro. Que observou com admiração. – Aquele é um mearas?
—Sim, Rauthar é um Mearas, embora possua um temperamento peculiar —confirmou Legolas, olhando para o animal, antes de acrescentar, voltando os orbes acinzentados para o céu que clareava. — E ela foi encontrar um velho amigo.
— E te deixou cuidando dos cavalos? — disse Elrohir, não aguentando e soltando uma gargalhada, ao que o irmão também começou a rir, divertido com a situação.
Felizmente Legolas era gentil e tinha um bom humor, senão já estariam mortos.
— Vocês não deveriam voltar para Imladris?— cortou o príncipe da Floresta das Folhas Verdes, voltando o olhar intrigado para os amigos.
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A Sombra do Norte
FanficUma sombra surge do Norte gelado, trazendo com ela rumores de um novo perigo pelos sussurros de um passado enevoado. Apesar de não haverem mais grandes inimigos como Sauron para causar inquietação, a Quarta Era está fadada à tornar-se um tempo perig...