Capítulo XXIII - De Anéis e Vestidos

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Para a sorte de Legolas, quando passaram pelo salão de treinamento, os recrutas da guarda já haviam se retirado, então pode continuar conversando com sua princesa com o caminho desimpedido. Mas, mesmo assim, o elfo apressou o passo para evitar encontros desnecessários com certos gêmeos.

Andaram pelos corredores cavernosos, sempre iluminados por archotes nas paredes, até chegar à área dos melhores artesãos da Floresta Verde, que tinham oficinas permanentes no Palácio.

— Onde prefere ir primeiro, minha princesa? — perguntou o Legolas, gentil, quando chegaram ao início do corredor destinado.

— O que é mais rápido? — replicou Remmirath, olhando para as portas espaçadas entre as paredes.

— Haladar, então — declarou Legolas, encaminhando-se para o ourives e entrando, sem bater.

— Meu príncipe, estava o aguardando desde cedo — um elfo grisalho levantou de sua cadeira, atrás de uma mesa repleta de ferramentas, ao ver o casal entrar.

A sombra o identificou como um dos vários nobres que estavam no Conselho Real. Passou um olhar rapidamente pela oficina, algumas estantes tinham portas de vidro, e uma pequena forja estava acesa ao fundo, irradiando um calor aconchegante pela sala escavada na pedra.

— O rei só me informou há pouco destes compromissos — desculpou-se Legolas, sorrindo para o velho elfo, antes de voltar o olhar para a morena que estava com o braço entrelaçado ao seu, apresentando-o — Este é Haladar, nosso ourives real.

— É uma honra conhecê-la pessoalmente, Lady Remmirath — declarou o elfo, fazendo uma mesura.

A morena inclinou levemente a cabeça, em resposta. O elfo mais velho sorriu fechado, voltando-se para sua escrivaninha e pegando alguns instrumentos.

— Então, vocês tem alguma preferência para as alianças? — perguntou Haladar, indo direto ao ponto.

Legolas voltou o olhar para a sua futura esposa, e ela apenas deu de ombros, levemente, soltando o seu braço para observar as joias expostas nas prateleiras. Ainda que não gostasse de adornos, o trabalho do ourives era respeitável.

— Algo simples — disse o louro, então, seguindo ela com o olhar. — Mas digno de nossa posição.

— Certamente — concordou o senhor, indo até o príncipe e pedindo que estendesse sua mão. Tirou as medidas do dedo indicador direito, anotando em um livreto e indo até a morena, repetindo a sua solicitação.

— É só isso? — perguntou Remmirath, baixando a mão, quando o elfo se afastou.

— Sim, milady — confirmou o senhor, voltando à sua escrivaninha. — Estarão prontas há tempo para o banquete da Lua Cheia, agora... — e pausou, olhando de seu príncipe para sua futura princesa, ponderando — Devo começar a fazer as alianças de ouro?

A dama das sombras parou ao lado da porta, sentindo os olhares dos elfos sobre si. Pelo que lera sobre os costumes élficos, as alianças de prata simbolizavam o noivado, que podia ser anulado por um retorno público delas, sendo derretidas para nunca usarem novamente. Ou eram trocadas entre os noivos, que as guardavam como tesouros, sendo substituídas por finas alianças de ouro. Ela realmente não tinha cabeça agora para pensar sobre anéis, mesmo que fosse algum com poder.

— Nós pensaremos melhor sobre estas — disse Remmirath, enfim, contornando sabiamente o assunto, enquanto andava para o príncipe — Decidiremos, juntos, algo que nos agrade, e então informaremos ao senhor à tempo do solstício. Não é mesmo, Legolas?

— Sim, minha princesa — concordou o louro, sem mais o que dizer.

Legolas sentia o coração agoniado só de imaginar a possibilidade da anulação de seu casamento. Então Remmirath alçou o braço direito dele, puxando um elfo confuso para a porta.

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