Capítulo V - O Início de Uma Nova Jornada

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A sombra e o elfo galoparam trocando poucas palavras e logo se viram livres das águas lodosas e do terreno lamacento, permitindo às montarias aumentarem a velocidade enquanto passavam pelas Terras Castanhas. Parando apenas o necessário para os cavalos durante vários dias, em que ambos estavam absortos nos próprios pensamentos na maior parte do tempo. Até que, em uma noite estrelada, a Floresta das Folhas Verdes, que há muito era só uma faixa no horizonte, começou a revelar sua magnitude.

— Sombra — chamou Legolas, atraindo a atenção na terceira vez que a chamou.

— Tudo bem, elfo, você já está testando minha paciência — reclamou ela, diminuindo um pouco a velocidade para emparelhar com o cavalo branco.

— De que forma devo então lhe chamar? — pediu o louro, ouvindo ela suspirar antes de olhar para o céu. Ele acompanhou o seu olhar, não encontrando nada além de milhares de estrelas brilhantes, até vislumbrar as sete jovens estrelas azuis conectadas por trilhas de material nebuloso.

— Remmirath¹ — murmurou a Sombra, o nome soando estranho em seus lábios já que há tanto tempo não o pronunciava. E então aumentou a voz, virando-se para ele. — Me chame de Remmirath.

— É um bom nome — Legolas olhou para o céu estrelado, deliciando-se com o brilho das estrelas que os elfos da floresta tanto amavam. — Não teria imaginado um melhor, minha Lady.

— Concordo. Se fosse depender de seu povo, quem sabe do que me chamariam — zombou a de orbes dourados, atraindo um olhar entre irritado e confuso do elfo. — Legolas, o Folha Verde, não é muito criativo.

— Felizmente essa Folha ainda perdura durante muitos outonos — declarou o príncipe da Floresta das Folhas Verdes, a cabeça erguida imponente observando a noite coroada pelas estrelas brancas que refletiam em seus olhos azul acinzentados.

Legolas Verdefolha — falou Remmirath, após um longo momento, e o elfo a olhou pensando que ela estava lhe chamando. —o bosque é teu lar. Alegre viveste. cuidado com o Mar. Se na praia gaivotas gritarem por ti, descanso jamais acharás por aqui.¹

— Onde... como você sabe disto? — inquiriu o louro, aturdido. Aquelas eram as palavras que viviam ecoando por sua mente, podia até mesmo sentir a brisa do mar e as ondas que quebravam em praias longínquas quando estava perdido em pensamentos.

— Eu sei de muitas coisas da Terra-Média. Até mesmo as mais simples palavras transmitidas por um mago na narrativa de uma história podem ser úteis algum dia — respondeu finalmente ela, após vários minutos de silêncio, apenas com as patas ritmadas dos cavalos ecoando em seus ouvidos.

— Conhecia Mithrandir — aquela era uma afirmação do elfo, ao que ela acenou positivamente com a cabeça, esboçando um leve sorriso fechado. 

Legolas sorriu também, saudoso de seus dias com o mago cinzento que se tornou branco. Já havia lhe ocorrido que, talvez, a cor que ela usava teria alguma relação com o mago, também. Apesar de ela lhe lembrar mais um Nazgûl, um Espectro do Anel, do que um mago.

— Mais do que você imagina — acrescentou Remmirath, só fazendo borbulhar ainda mais os pensamentos do elfo. Bem, ele tivera muitos dias para confabular consigo mesmo. — Suponho que sua cota de perguntas tenha se esvaído, elfo, logo chegaremos em sua Floresta.

— Eu não lhe farei mais nenhuma hoje, se parar de me chamar de elfo — reclamou Legolas, balançando a cabeça. Por Eru, aquela cópia de Gimli já estava começando a perturbar.

— Combinado, Legolas — concordou a Sombra, divertida com a situação do elfo. — Mostre-se útil e encontre um atalho para o meu destino, há alguém me esperando.

A Sombra do NorteOnde histórias criam vida. Descubra agora