Capítulo VIII - Um elfo é bom, três é demais.

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A Sombra se aproximou dos elfos, sentando em um dos troncos e olhando intrigada para os morenos que a analisavam silenciosamente. Legolas tentava fingir que não estava ali, mas foi obrigado a sustentar os orbes dourados quando eles pararam em si.

— Então, quem são esses, conhecidos seus? — perguntou Remmirath, direta.

— Elladan e Elrohir — apresentou o elfo louro, indicando os gêmeos.

Quem era quem ela não poderia dizer, mas uma sombra de compreensão perpassou pelo rosto de Remmirath.

— Os filhos de Elrond — reconheceu ela, voltando o olhar para os gêmeos.

— Conheceu nosso pai? — perguntou um deles, interessado.

A encapuzada acenou afirmativamente com a cabeça.

— Nas poucas vezes que estive em Imladris, vocês estavam ausentes — acrescentou, antecipando uma pergunta que eles se faziam.

— Em uma de muitas de nossas andanças — um dos gêmeos disse.

— Certamente teríamos percebido sua presença em nosso lar — comentou o outro, com um sorriso travesso.

— Acredite, eles teriam — concordou Legolas, olhando para a sombra que se levantara.

— Bem, agora que já sei quem são, devo seguir o meu caminho — declarou Remmirath, saudando-os com a cabeça e indo calmamente em direção a Rauthar.

— Para onde você vai? — perguntou um dos gêmeos, ambos se levantando rapidamente.

— Aonde meus pés me levarem — falou ela em tom enigmático, afagando a crina negra do corcel.

— Mas, você nem se apresentou — acrescentou o outro, abismado.

— Creio que Legolas já tenha feito isto, não é mesmo? — e ela voltou os orbes dourados para o louro, que acenou afirmativamente. 

O moreno que falara sorriu sem jeito.

— Esperávamos que nos desse o prazer de sua companhia até o Palácio do Rei — tentou o outro gêmeo, com um sorriso, aproximando-se junto com o irmão.

— Minha presença não vai ser tão bem-vinda como vocês imaginam — retrucou Remmirath, não gostando da aproximação dos dois e montando o corcel. 

Olhou-os de cima com o rosto impassível, esperando a próxima argumentação. Mas foi Legolas quem se pronunciou.

— Irá como minha convidada, se assim desejar — o príncipe ofereceu, levantando-se e sustentando o olhar dela. — A não ser que tenha assuntos urgentes para resolver em outras terras, do contrário, peço que desfrute da hospitalidade dos elfos de Eryn Lasgalen.¹

— Seria bom reabastecer minhas provisões — começou a falar Remmirath, depois de refletir por um momento, esperando seriamente que a hospitalidade referida não fosse a mesma que certa companhia de anões tivera. No entanto, o olhar do elfo lhe inspirava confiança. — Aceitarei o seu convite, Legolas. Rauthar precisa se alimentar de algo decente, tantos cogumelos têm embaralhado sua mente.

— Precisava vê-lo mais cedo — concordou o louro, então esboçando um sorriso fechado. Seu coração ficando mais leve por ela ter aceitado.

— Muito bem, são mais de dois dias de caminhada, sugiro que comecemos nossa jornada — falou um dos morenos, atraindo a atenção de todos.

— Onde estão seus cavalos? — perguntou a sombra, olhando à volta e só encontrando o cavalo branco de Legolas.

— Infelizmente, tivemos que deixá-los em Lórien Leste, quando estávamos visitando nosso avô, Celeborn — explicou o outro elfo, com um falso olhar pesaroso. — É uma lástima que, quando tivemos notícias da presença de Legolas, eles estavam tão desgastados da jornada, tivemos que vir a pé.

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