Nicole...
O que eu fiz de errado?
Talvez eu devesse ligar para Senhora Bayley e perguntar se Jesse era bipolar.
Suas mudanças de humor eram oscilantes e eu era o tipo de pessoa que tinha sérios problemas em conviver com esse tipo de coisa.
Eu estava tão concentrada cuidando do seu machucado e de uma hora pra outra ele colocou a sua máscara fria novamente. Fiquei sem entender nada.
Eu estava com minha mente muito conturbada para conviver com isso, com esse tô alegre, tô triste, tô quente, tô frio... Era só demais para minha cabeça, e eu iria meter meus pés pelas mãos.
Eu era aquela que falava quando era necessário o silêncio, a desastrada que tentava passar despercebida e derrubava tudo pelo caminho, eu nunca fazia o que era esperado, se ele fosse bipolar eu não saberia lidar com ele. Eu não sabia lidar nem comigo mesma.
Assim que ele saiu como se o mundo estivesse pegando fogo, eu senti a sua falta, estávamos indo tão bem, ele até sorriu, e puxa vida! Ele era lindo. Aquelas malditas covinhas destacadas em sua bochecha que suavizava toda a sua expressão dura. Eu juro que pensei que ele não sabia sorrir.
Eu só esperava que ele não ficasse irritado, quando se olhasse depois no espelho, por que sinceramente, a costura que eu fiz em sua sobrancelha tinha ficado uma porcaria.
Era a primeira vez que eu tinha feito isso de verdade.
Claro que eu sabia tudo da teoria, inclusive no teste prático, tirei nota máxima, mas na hora do vamos ver, tudo mudava de figura. Até aquilo que você sentia. Na escola, eu sentia a expectativa de fazer o certo.
O sentimento que eu senti suturando a pele de Jesse ali ao vivo e a cores, foi completamente diferente de quando eu estava estudando. Eu estava nervosa numa escala máxima e morrendo de pena dele.
Quando ele entrou pela porta, ensanguentado, eu pirei. Eu sabia que ele não queria ir ao hospital, e eu preferi mentir que ficar vendo seu sangue se esvaindo pouco a pouco, se ele morresse, eu nunca me perdoaria.
Então fui lá, com a cara e a coragem, tentando me acalmar e fazendo de conta que aquilo não era nenhum bicho de sete cabeças.
O medo de errar que me envolvia, era quase insuportável e a firmeza com que ele segurou minha cintura, me fez tremer ainda mais. A forma como ele mantinha seus olhos fixos nos meus, também não ajudou muito, acabei ficando mais desconcertada ainda.
Cada vez que eu sentia o toque das suas mãos em mim, eu respirava mais difícil e me forçava a continuar repetindo para mim mesma:
Relaxa, Nicole, lembra quando você treinou na coxa do frango? O qual perfeito ficou? Vai ficar melhor ainda.
Só que não.
Deu tudo errado.
Não consegui fazer um ângulo perfeito, não consegui manter as bordas da ferida unidas e alinhadas adequadamente, os pontos ficaram tortos e distantes, então sim, ele ficaria com uma cicatriz horrível, mas era melhor ficar com uma cicatriz horrorosa no rosto, do que morrer de hemorragia, certo? Ele tinha que me agradecer por isso.
Lavei minhas mãos e fiquei indecisa, se eu almoçava logo ou se esperava por ele.
Enchi meu prato de comida e comi, meu bebezinho era impaciente.
-Que gororoba é essa?-
Jesse perguntou atrás de mim e eu pulei de susto, como ele conseguia entrar sem ser anunciado? Eu não conseguia fazer isso, a pessoa sabia que eu estava chegando, há um quilômetro de distância.
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2º ROUND
RomanceJesse sempre lutou com unhas e dentes por tudo aquilo que acredita. Para ele, a vitória só é saborosa quando o caminho é percorrido na base da persistência. Com metas e objetivos traçados, ele não procura distrações. Ele precisa abrir sua academia d...