Round 29-Vaca Molambenta!

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NICOLE

Eu ainda tinha meus ombros caídos em frustação, quando Victor levantou-me pelos braços.

Estava abatida demais para sequer olhá-lo torto. Por que ele não permitiu que eu falasse com Jesse? Não era como se fôssemos num simples segundo, bolar um plano secreto e explodir esse lugar.

Meu Deus! Como um ser humano era tão ruim assim?

Ele foi me segurando até que eu descesse todos os degraus. Tanto quanto eu queria gritar para ele tirar suas mãos imundas de mim, acompanhei-o calada, obediente. Na verdade, estava triste demais para um esforço grande desse.

Gritar.

Sem ânimo nenhum, fui andando de cabeça baixa e conferindo os vários pés que cruzavam meu caminho, botas, sapatos, chinelos, era mais legal olhar para o chão do que encarar essa multidão estranha.

Victor deu uma parada abrupta, e uma porta de madeira foi tudo o que vi, ele nos empurrou para dentro sem qualquer cerimônia.

- Você tem que criar uma área vip nessas lutas, é escroto demais, ficar junto com essa fubázada fedorenta!

Ele exclamou, e uma gargalhada tomou conta do lugar - Sempre piadista, meu caro!

Um homem com uma voz de barítono disse - É a garota do hacker?- Perguntou olhando para mim com curiosidade aguçada. Ele era um negro de uns 40 anos no máximo.

- Sim. Ou melhor, não. É do Triturador agora.

Ele sorriu e tirou um bolo de dinheiro dentro da gaveta - Boa luta. O cara é bom. Já fomos até desafiados para um combate, acredita? Merda das grandes.

Disse jogando pilhas de 50 e 100 reais na direção de Victor

- Acha que ele tem chances contra aquele chinês?

Victor ficou pensativo tempo suficiente, para pescar um cigarro e um isqueiro do bolso. Depois acenou que sim com a cabeça.

- Tem certeza? Aquele chinês é o caralho!

- Aposto todas as fichas no Triturador, ele não vai recuar, ele vai chutar a bunda de quem quer que seja, um homem quando luta por um objetivo, se torna uma máquina invencível. Pode fechar a aposta sem medo.

Disse levando o cigarro em seus lábios, o homem sorriu em entendimento. Ele só fez pegar o telefone e discou para uma chamada.

- Estamos dentro!- Disse batendo o aparelho para baixo, não sabia quem ele era, mas pelo jeito, alguém com um grau mais alto que Victor, nessa hierarquia do crime.

-Toma sua parte! Aviso-o na hora certa para que você leve seu cão.

Ele estava chamando Jesse de cão? Quem esse pulguento miserável, bastardo, idiota, filho de uma lombriguenta pensava que era?

Victor aceitou o dinheiro estendido e os guardou no bolso. Seu rosto virou para trás, quando uma batida ecoou na porta.

- Entra!- O negro disse jogando o resto do dinheiro na gaveta.

Dentes brancos e tortos tomaram posse do seu rosto, quando uma voz que eu conhecia muito bem, disse a seguir: - Espero não estar atrapalhando, mozão!-

Ver Paloma, foi como se alguém tivesse pego um compressor de ar e enchido meu peito de esperança, eu senti. Eu podia até sentir meu corpo levitando em felicidade. A gente fica meio abestada e sem pensar direito num momento de tensão.

Meu Deus! Iríamos sair daqui, ela chamaria a polícia!

Era só isso que eu pensava. Sem notar minha presença ofuscada pelo grande corpo de Victor, ela passou por mim e sentou-se no colo do negro, onde deu um grande beijo em sua boca sem preocupar-se com ninguém. Foi quando minha ficha caiu e meu corpo desabou em derrota.

2º ROUNDOnde histórias criam vida. Descubra agora